Recebemos do colega Alexandre Dumas o texto a seguir:
Às vezes, fico conjecturando se vale a pena continuar escrevendo minhas reminiscências, já dizia o ditado latino "Verba volant, Scripta manent". A gente pode falar um monte de bobagens, as palavras voam. Mas, escrever exige um cuidado especial, pois a escrita permanece. Não posso, no entanto, deixar de expressar meu descontentamento pela pouca divulgação que se dá à nossa participação na Novena de Nossa Senhora. Entre os eventos divulgados com antecedência e até com insistência pelos nossos sites e blogs, não se dá a devida importância a essa homenagem que se presta àquela da qual nos dizíamos escolhidos. Essa convocação se faz às vésperas do evento, não se empenhando na motivação que nos levaria a participar de um testemunho de nossa devoção, expressando em grupo a importância da existência da Uneser. Chega o dia, a Basílica nos reserva um lugar especial, o microfone anuncia a nossa presença, procura-se os ex-seminaristas e ali estão poucos representantes de um movimento que se diz de abrangência nacional. É vinculado a esse assunto que passo a narrar um fato importante acontecido em minha vida, antes da entrada para o seminário
A PEDRA FUNDAMENTAL
Estávamos no mês de setembro de 1946, eu tinha 8 anos e há dez meses atuava como coroinha da Basílica Nacional. Decorara o latinório, ajudava missas, rezas, procissões, enterros e todas e quaisquer cerimônias que exigissem a presença do padre e junto dele o coroinha. Trabalhavam na Basílica três padres novos dos quais me lembro muito bem:- Roriz, Amaral e França, todos os três encarregados de nos cobrar as escalas de serviços, nunca remunerados. O vigário era o Pe Antonio Andrade e por lá apareciam sempre o Pe Pires, provincial na época, Pe Macedo, Pe Pelágio, Pe Paulo, Pe Pedro, Miné, Siqueira e outros mais.
Naquele mês de setembro, já transcorridas a novena e a festa de Nossa Senhora, precisamente em 10/09/1946, sábado, estava marcada para a tarde a cerimônia do lançamento da Pedra Fundamental da Nova Basílica. Porque isto não acontecera no dia oito, festa de Nossa Senhora? É que o Cardeal Cerejeira, patriarca de Lisboa, que fora designado como representante do Papa para a cerimônia, não podia estar presente naquela data e somente por esse motivo o evento foi adiado. Compareceram, igualmente, os cardeais Dom Carmelo, Dom Jaime Câmara, bispos em profusão, governador do estado, representante do presidente da república. inúmeras autoridades civis e eclesiásticas, guarda civil de São Paulo, banda da força pública, etc., etc., etc. Naquele dia, Pe Roriz me incumbiu de fazer parte do séquito do cardeal Cerejeira.
Aonde ia Sua Eminência, ali estava o coroinha, sempre pronto a carregar algum paramento ou pertence. Seguimos em procissão para o Morro das Pitas, os padres, seminaristas, coroinhas, a banda militar e o povão fomos todos em procissão. As autoridades maiores, bispos e cardeais seguiram em seus carrões ladeira abaixo e morro acima. A banda tocava, entoávamos hinos e carregávamos o andor de Nossa Senhora, naquela época, a imagem verdadeira acompanhava as procissões mais importantes.
Feitos os discursos, cantadas músicas religiosas, entoado o hino nacional e, logicamente, o “Virgem Mãe Aparecida”, enterrou-se a pedra e batemos em retirada, agora morro abaixo e ladeira acima. Acontece que, naquela época, não se rezava missa às tardes, nem de sábado, domingo ou qualquer outro dia. Então, a cerimônia da Primeira Missa ficou para domingo, dia 11/09/46. Padre Roriz nos convocou e deu a cada um uma tarefa, a minha foi de carregar uma almofada para servir ao celebrante, Cardeal Mota. Toda vez que ele se ajoelhasse, ali estava eu com a almofada. Em razão disso, postei-me à direita do altar, bem próximo do cardeal.
O CURIOSO DISSO TUDO É QUE A POSIÇAO EM QUE FIQUEI , EM RELAÇAO AO ALTAR , COINCIDE COM O LUGAR QUE HOJE É DESTINADO AOS EX- SEMINARISTAS NA CERIMÔNIA DA NOVENA. Eis aí a razão porque eu curto a novena e torço para que nossa presença se perpetue e seja prestigiada, se não pelos ex-seminaristas de longe, pelo menos por aqueles que residem em Aparecida e adjacências.
As fotografias anexas, se aumentadas, mostram-me ao lado do Cardeal Cerejeira à porta da Basílica Velha, na outra, eu apareço segurando a almofada junto ao cardeal Mota, e na terceira, estou com a turma de coroinhas perto do Pe Pires, que lia o texto da ata de lançamento da pedra, que seria juntada aos demais documentos depositados na urna.
Minha irmã Margarida presenteou-me com um álbum onde colecionou as fotografias e recortes de jornais relativos ao acontecimento. Na dedicatória, ela escreveu: - "Dumas, desde a infância, tivemos momentos de Maria, presenciamos, ouvimos e sentimos em nossos corações preces e hinos de súplicas e louvores, glórias e vivas. Fatos como registrado nestas páginas marcaram as nossas vidas e Nossa Senhora permitiu que a sua presença fosse registrada e fizesse parte da história de seu Santuário."
PS - Levei este álbum a um de nossos eventos e mostrei-o a um grupo mais próximo, entre eles jovem padre, ironicamente me perguntou se eu era da turma do Pe. Vitor Coelho. Quisera, mas entre tantas graças recebidas, Deus não me presenteou com mais essa, pois, além de ter vivido bem perto de Nossa Senhora, teria também convivido com um Santo...
COMPAREÇAM À NOVENA
Vamos ocupar todos os lugares a nós reservados, vale a pena!!! Ao vivo e juntos, façamos nossas vozes ecoarem!!!
SALVE REGINA !