A MISSÃO POPULAR E SUA ORIGEM
( dados históricos - Província de São Paulo )
Pe.LAURO MASSERANI CSsR.
"Uma missão popular hoje, para o povo de Deus peregrino"1997.
Nesse ano de 1977, os padres Zulian e Lauro fazem o curso de Medellin, Colômbia. Naquela data era o curso de pastoral mais representativo da América Latina e lá davam aulas, cursos, professores escolhidos a dedo. Tiveram oportunidade de expor a missão para vários professores com o objetivo de confirmar o que estava bom e corrigir aquilo que seria possível. O resultado foi uma monografia, cujo título está acima citado. O temário tomou uma unidade, a catequese das bênçãos foi aperfeiçoada, numa palavra a missão tomou um corpo unitário. Uma parte dessa mon
A MISSÃO POPULAR E SUA ORIGEM
( dados históricos - Província de São Paulo )
Pe.LAURO MASSERANI CSsR.
"O povo de Deus em missão"
O povo de Deus se prepara e em 1989 vai se chamar "O povo de Deus em Missão", está intrinsecamente ligado à vida dos setores missionários.
Em novembro de 1967, na missão de Promissão-SP, o Pe. Percival, coadjutor do Cônego Eurides, para dar mais ênfase bíblica a reza dos terços dos grandes grupos que rezavam e motivavam o povo para a missão, fez uma lista de textos do evangelho e entregou aos líderes de quarteirões. Essa iniciativa do Pe. Percival vinha ao encontro duma crítica que se fazia às missões. A Bíblia não tinha um lugar privilegiado nas missões.
Essa experiência foi amadurecendo e o Pe. Humberto pegou os textos, começou a multiplicá-los em outras missões. Em 1972 já havia um fascículo mais organizado e os setores já estavam começando a serem divididos em 30 famílias. Revisado pelo Pe. Viesse, com apenas a leitura do evangelho e uma oração da comunidade e 30 celebrações, ele foi encaminhado pelo Pe. Lauro para ser editado. Quem financiou a primeira edição de 2.000 exemplares foi o Ex senador André Broca Filho.
Em 1977, sendo o Pe. Víctor Hugo secretário de pastoral da Província, ajudou a dar a forma atual que ele tem, lição da vida, lição da Bíblia e foram introduzidas as seis prioridades de Puebla.
Em 1989, foi feita nova revisão. Trocou-se o nome do Povo de Deus em Missão e começou a sair com o nome do Pe. Ferdinando Mancílio, pois ele encabeçou a revisão.
Podemos constatar, "O Povo de Deus em Missão" é um livro aberto, isto é, ele se faz e se renova na medida que as necessidades aparecem.. De maneira toda especial é o livro da evangelização dos setores. Na medida que os setores enriquecem seu sentido, o povo de Deus em missão se renova e torna instrumento mais útil e ágil.
"O povo de Deus persevera"
Este livro é a chegada de um processo de como perseverar os setores missionários. Um instrumento para o após-missão. Ele nasceu com "o relógio" dos coordenadores do Pe. Carlinhos, que em resumo era uma maneira dos setores se reunirem nos momentos fortes do ano. Um segundo passo foi dado pelo Pe. Lauro, orientando os setores para as pastorais locais. Eles são a fontes das pastorais e ministérios. Seriam a assembléia paroquial ampliada.
O Pe. Inácio de Medeiros, estudando em Roma, fez como tesina sua o texto: Missão, Povo de deus que se organiza em comunidade. Daí foi um passo para o Pe. Ferdinando Mancílio organizar o atual, isto é o primeiro, pois este último já sofreu uma reformulação profunda. Esse instrumento também faz parte do livro-instrumento que se reforma continuamente, segundo às necessidades. Ele acompanha a caminhada da missão, a perseverança dos setores, a evangelização na mão dos leigos.
O Temário Missionário
O Temário Missionário de um grupo, reflete a mística, o ideal, a força que as une e inspira. A missão adonisada, na sua origem reflete a vida e a obra de Santo Afonso e seus companheiros. Os autores são unanimes em dizer que Afonso foi tudo o que ele foi, escritor, pintor, músico, poeta, moralista, porque ele era um missionário no sentido mais perfeito do termo. O que os primeiros redentoristas pregavam ?
O núcleo central era: a vontade de Deus, o amor a Jesus Cristo e a Nossa senhora, a misericórdia, o temor do pecado, as verdades eternas, morte, juízo, céu e inferno, fuga do pecado, oração e perseverança.
A vida devota era a piedade popular expressa de maneira simples do povo. Toda a missão adonisada visava a conversão, isto é, fugir do pecado, confessar para estar na graça de Deus, viver uma vida devota, ser santo, e ir para o céu. A moral está intrinsecamente ligada ao anúncio missionário. Diz o Pe. Tanóia, primeiro biografo de Afonso, que ele queria que seus ouvintes se convertessem e se tornassem santos.
A Missão adonisada refletia também o modelo de Igreja do tempo. A salvação individual, a recepção dos sacramentos, o mundo mau, etc. Não esqueçamos que as pregações já tem um estilo apologético. As idéias iluministas estão tomando conta da Europa cristã.
Tal conteúdo permaneceu até o Vaticano Segundo e o que mais sobressaia era o "salva tua alma" e as pregações convertedoras, as verdades eternas. Os missionários ficavam no lugar até que todo mundo se confessasse e o retorno ou a pós-missão era uma repesca dos que não tinham se confessado.
As transformações do Vaticano Segundo
O Vaticano Segundo quer tirar as rugas da face da Igreja. Ela se apresenta como servidora do homem, Cristo se espelha na sua face, mas ela aponta, esse mesmo Cristo em todas as pessoas de boa vontade. ela se abre ao diálogo, ao respeito para com todos.
O mundo não é mau por si mesmo, mas é o lugar de Deus, da história de Deus com os homens. O centro da história é o homem. Sem deixar de lado os pecados do coração do homem, a Igreja vai denunciar as injustiças como pecados de estruturas injustas que destroem a fraternidade. Diante dessa nova pedagogia pastoral, as missões também tiveram que repensar Província todo o seu conteúdo e sua metodologia. Essa passagem não foi fácil. Como conservar os valores alfonsianos e ao mesmo tempo, tornar seu modelo missionário atual e sintonizado com a Igreja, não só do Vaticano Segundo, como de Medellin e Puebla, nossa realidade latino-americano ?
As primeiras adaptações do temário começaram em 69, com o temário do Cesplam. Em 73, na missão de Perdões, ele já dá o colorido novo, bastante atualizado. Essa passagem foi feita aos poucos, com críticas e autocríticas. O grupo permanece sempre aberto a experiências e houve sempre um respeito mútuo de ambas as partes, tanto dos que queriam avanças demais, como daqueles que tinham mais dificuldades de adaptação. Uma idéia, melhor um princípio, muitas vezes repetido pelo Pe. Carlinhos valeu a coesão do grupo: "É melhor caminhar juntos com falhas do que caminhar sozinho correto".ografia foi publicada na revista do Instituto de Medellin. O núcleo central foi publicado e traduzido para o inglês pelo governo geral em 1980. Quem nos ajudou muito e trabalhou conosco dando o conteúdo bíblico teológico, foi o Pe. Ortega, professor de Bíblia e missionário vicentino.
O Temário atual das missões populares.
Os documentos que deram o perfil da missão redentorista hoje, a missão do grupo paulista, foram Vaticano Segundo, Medellin, Puebla, Santo domingo, e Evangelli Nuntiandi de Paulo VI.
Aos grandes anúncios que dão à mística da missão e perpassam todas as pregações:
a) O projeto otimista de Deus Pai.
b) O homem criado para ser imagem de Deus.
c) O pecado, destruição do homem e do universo.
d) Jesus Cristo, homem novo, Deus conosco.
e) Igreja, povo de Deus peregrino.
f) Maria, Mãe e modelo da Igreja.
g) Novos céus e nova terra, estar com Deus para sempre.
h) Os leigos, sujeitos ativos, protagonistas da vida da Igreja.
A parte catequética; oração, fé, sacramentos, família e perseverança.
Terceira fase da missão
Duração da terceira fase: Comunidades grandes: 13 dias.
Comunidades médias: 8 dias.
Comunidades pequenas: 5 dias.
Obs: Nas missões da grande S. Paulo e outras cidade grandes, o grupo se preocupa muito com os setores, pois eles serão depois da missão a presença da Igreja no meio das famílias. Por isso, durante a segunda fase, um ou mais missionários visitam os grupos, faz celebrações com eles para animar e orientar.
Missão Popular e Teologia da Libertação.
Muitos acusam que as missões não são libertadoras, não "fisgam" o pecado social. É bom distinguir um pouco as coisas. Missão é tempo de convocação, convite. É dar o fundamento da fé e do agir cristão. Há além disso, várias maneiras de se fazer teologia da libertação. O missionário vive com as famílias, lá onde ninguém vai. Se ele consegue dar Jesus Cristo para os pobres, ele já não está plantando a semente da libertação ? Se ele prega a dignidade da pessoa humana já não está fazendo libertação ? Se ele vivencia a fraternidade e a esperança, já não está abrindo um caminho de libertação ?