A MISSÃO POPULAR E SUA ORIGEM
( dados históricos - Província de São Paulo )
Pe.LAURO MASSERANI CSsR.
Auge das missões: década de 50
A década de 50 é o auge das missões populares no Brasil. Nós pregamos grandes missões. missões agrupam as unidades redentoristas do Brasil. Não só os redentoristas, mas outras congregações também pregam sozinhas ou junto conosco nas grandes cidades. Franciscanos, capuchinhos, passionistas e outros.
Em 1953 pregou-se a grande missão de S. Paulo em preparação para o congresso da Padroeira de 1954. A coordenação geral era do nosso Pe. Siqueira. Em 1955, junto com outros grupos, pregamos as missões no Rio de Janeiro, preparando o Congresso Eucarístico Internacional.
Nessa década ainda foram pregadas as grandes missões do Recife, Manaus, Belém do Pará e outras. Nessa ocasião, o Pe. José Comblin, pastoralista belga, já alertava os grupos missionários, elogiando-os mas chamando a atenção da ausência dos leigos na organização ativa das missões.
1959, o impacto do Vaticano Segundo.
Com o anúncio do Papa João XXIII de convocar um concílio pastoral para o "aggiornamento" da Igreja, explodiu uma verdadeira onda de questionamentos, expectativas de mudanças e no meio desta onda foi a missão popular. Na década de 60 vemos congregações parando de pregar missões, províncias da CSSR questionando e nossa província de S. Paulo também sofreu com isso. Alguns líderes da missão deixaram a congregação, outros foram nomeados superiores, como o Pe. Noé Sotilo, outros foram mandados estudar na Europa, fazendo uma reciclagem. Entre estes estava o Pe. Rubem L. Galvão Carvalho, Ítalo Zômpero, Oscar Brandão, José Rodrigues (hoje bispo de Juazeiro da Bahia) Ângelo Licatti, Francisco Viana Pires, José Carlos de Oliveira ( hoje bispo de Rubiataba, o popular Carlinhos). A equipe da ativa ficou reduzida a pouco mais de uma dúzia de elementos. Os pedidos de missão se tornaram escassos. Ser missionário das missões populares já não era coisa que atraia. A pastoral de massa, de grandes grupos estava em baixa.
A década de 70: uma luz brilha no túnel.
A década de 70 é a grande virada das missões em nossa província de S. Paulo. Sem perder as riquezas e experiências do passado e buscando ser afonsiana e um serviço atual para a Igreja pós-conciliar, as missões renascem e colocam as grandes balizas para o futuro. Foi um processo lento e muitas vezes difícil. Alguns fatos que mostram o novo rumo e a atualidade das Santas Missões Redentoristas.
1. O Conselho Missionário. A missão deixa de ser organizada por uma pessoa só, como no caso do Pe. Siqueira que foi por mais de 20 anos o chefe é único das missões, mas é formado um conselho com representação das três casas missionárias.
O grupo missionário tem mais autonomia, estuda, chama acessores para se atualizar, tem reuniões mensais de avaliação e planejamento.
2. A linha mestra da missão. Em 1972, numa de suas reuniões de estudo, a equipe missionária, acessorada pelo Pe. Vilela estabelece sua linha mestra, isto é, para onde a missão deve conduzir a missão. Para a vida de comunidade na paróquia. Essa linha mestra vai influenciar as pregações, a coordenação, os relacionamento dos missionários com os párocos. Ela desembocou naquilo que é o nosso lema hoje, Comunidade de comunidades, ou "Unidos em Cristo com Maria, viver e crescer em comunidade".
3. A subsidiariedade missionária. Definida a linha mestra, necessariamente muda a figura e atitude dos missionários itinerantes. Eles são subsidiários onde pregam, isto é, caminham juntos com a Pastoral da CNBB, da diocese e da paróquia. Extraordinário é o tempo de Deus, de Jesus Cristo e da Igreja. A primeira atitude fundamental da montagem da missão se torna o "entrozamento com o pároco e as forças vivas" da comunidade. a mística desta atitude é o "Lava pés", o serviço da evangelização.
4. As fases da missão. Para realizar o entrosamento do grupo missionário com a realidade local e sobretudo para que a nossa missão seja adonisada, isto é, perseverante, os coordenadores de missão começaram a fazer mais visitas, mais contatos com as comunidades a serem missionadas. No começo se dizia "pré-remota, próxima, etc." Refletindo e amadurecendo a reflexão sobre a missão, chegamos à conclusão que todo o processo missionário é evangelização, portanto missão.
Primeira fase das missões
4.1 Primeira fase da missão. Levantamento e montagem dos setores missionários. Nesta fase a paróquia é dividida em comunidades, urbanas, rurais e distritais, se houver. Cada comunidade, por sua vez é dividida em setores missionários, isto é, pequenos grupos de trinta famílias aproximadamente.
4.2 Coordenador geral, coordenador para cada comunidade e grupo de base. Cada missão terá um coordenador geral e um coordenador para cada comunidade. Os setores missionários terão um coordenador e sua equipe, uma média de três ou quatro pessoas. É o que chamamos "grupo de base". Esse grupo de base é importante, pois é ele que vai animar as famílias na pós-missão. Essa montagem dos setores missionários será orientado pela irmã missionária. Normalmente durará um mês esta fase.
4.3 As fichas de levantamento. Uma das críticas que se fazia nas missões, era que o missionário caia de pára-quedas na comunidade. A ficha tem como objetivo dar uma radiografia da paróquia. Quem começou com esse método foi o Pe. Carlinhos e Daniel Tamassia. Eles fizeram um curso da FAE de organização e coordenação pastoral. Este curso ajudou muito os colegas a coordenar a missão.
No começo as fichas tinham muitos quesitos. Em Corumbá, 1978, chegamos ao absurdo de aceitar uma ficha do bispo com 60 itens. Aos poucos, fomos melhorando e chegando ao equilíbrio, pois muitos párocos, acabado o entusiasmo da missão jogavam fora todo o arquivo ou nunca usavam. Hoje fazemos uma ficha com dados necessário para montar os setores missionários e algumas informações. Veja exemplo. É a ficha inicial. Se o pároco quiser um levantamento mais detalhado, poderá fazer com os coordenadores após as missões.
4.4 Levantamento das famílias. O levantamento das famílias já é missão, por isso, as pessoas que vão fazer este serviço já são preparadas pela irmã missionária, muitas vezes levam um convite escrito do pároco. É o primeiro anuncio e convite da missão: "Sua família pertence à nossa comunidade, vamos participar das missões".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.