31 de Agosto 1992+
PADRE CARLOS SANSON C.Ss.R |
Carlito, como era carinhosamente chamado, nasceu no dia15 de fevereiro de 1928, numa cidade do interior do Paraná chamada Papagaios Novos, filho de uma família descendentes de Italianos. Seu pai chamava-se Desidero Sanson e sua mãe Laurinda F. Andrade. A família mudou para a cidade de Ponta Grossa, onde este conheceu os Redentoristas na Paróquia São José. Foi coroinha. Fez seus estudos do seminário Menor em Aparecida e noviciado junto com a Província de São Paulo. Tinha no Seminário o apelido de “turco” porque era de pele um pouco escura. Como seminarista, em Aparecida, sofreu perseguição do seu formador, um padre de origem alemã, o famoso Pe. Pedro, que não suportava turcos. Depois da primeira profissão religiosa foi para os Estados Unidos e completou os estudos de filosofia e teologia em Esopus, New York. Professou em 1948 e foi ordenado em 1953. Voltando ao Brasil, trabalhou em Miranda, Ponta Grossa, Curitiba e Campo Grande. Por ser uma pessoa muito inteligente foi enviado a lecionar português no então novo Seminário Menor, Santíssimo Redentor, em Ponta Grossa, e ali passou vários anos. Era um bom pregador. Quando transferido para Curitiba, viveu na comunidade do Perpétuo Socorro, dedicou-se ao Cursilho e ficou famoso, sendo diretor espiritual desse movimento por vários anos. Foi um grande diretor espiritual de leigos que buscavam entrosamento na Igreja local. Voltou à Ponta Grossa para ser ministro no Seminário Menor, quando o noviciado mudou de Tibagi para a casa das Irmãs de São José na propriedade do seminário.
Gostava muito de festas e se orgulhava em fazer a melhor caipirinha do Estado do Paraná. Gostava dos encontros de confraternização a cada dia antes do almoço, o chamado “Happy Hour”. Fumava como uma chaminé. Voltou à Curitiba, para a comunidade do Perpétuo Socorro e continuou seu trabalho no Cursilho e no atendimento ao povo. Fazia também muitas traduções do inglês para o português.
Conta-se que durante um retiro pregado na Província pelo falecido ex-geral, Pe. Tarcísio Amaral experimentou uma conversão muito profunda e mais tarde partilhou isso com alguns outros confrades. Dizia que até então estava desanimado e desacreditando de muitas coisas. Depois desse retiro voltou a ficar alegre e contente com a vida. Foi para ele um verdadeiro renascimento. Uma bênção toda especial de Deus. Após isso foi eleito Capitular e com grande afinco buscava fazer tudo que dizia respeito à vida provincial.
Um fato interessante foi que Pe. Guilherme Olsen trouxe, sem autorização, todos os documentos que falavam a respeito da nossa Província dos arquivos da Província de Baltimore. Ele não compreendia o porquê de tais documentos estarem lá e não queria atender o Provincial de Baltimore que lhe pedia para fazer cópias de tudo e deixasse os originais nos arquivos da Província Mãe. Pegou os originais! Quase houve uma guerra com o arquivista de Baltimore, pois padre Olsen recusava-se a devolver. Só quem conheceu padre Guilherme pode entender isso. Nesse momento, sem dizer nada para ninguém, Pe. Carlos, página por página, fez cópia de todos os documentos. Por isso, graças a ele uma parte importante de nossa história está em nossos arquivos, porque os originais finalmente foram devolvidos para Baltimore.
Faleceu no dia 31 de agosto de 1992, às 9h30 da manhã, segunda-feira, na casa da Ubaldino do Amaral. Tinha recém chegado do Cursilho onde havia trabalhado o final de semana todo. Na derradeira manhã, tomou café com o Padre Clement Krug que viajou logo em seguida para Ponta Grossa, onde era pároco. Deu uma blusa para nossa funcionária consertar e foi atender uma senhora. Quinze minutos depois que começou tal atendimento caiu desmaiado na cadeira, tinha sofrido um enfarto. A mulher que estava sendo atendida entrou em desespero, saiu correndo e gritando muito. Rita, funcionária da casa, chamou padre Estevão Vanyo que estava no quarto de hóspedes e estenderam seu corpo no chão. Seu peito abaixou na hora. O SIAT foi chamado imediatamente e levou exatamente dois minutos para chegar. Enquanto isso Pe. Estevão administrou o Sacramento dos enfermos. Usaram de todos os esforços e recursos para reanimá-lo, mas ele não reagiu. Sendo levado inconsciente para o hospital Cajuru foi declarado morto. Teve um enfarto fulminante! Segundo dados médicos ele morreu no momento do enfarto, enquanto atendia a senhora. Nunca apresentou estar doente. Nunca teve um histórico de doença. A morte foi rápida.
Na mesma noite, o corpo vestido com seu hábito redentorista, rosário e cruz missionária, foi velado no Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Lá do alto, junto ao mosaico branco, Nossa Senhora também velava um dos seus prediletos filhos. As 19h00 Dom Moacir Vitti, bispo auxiliar de Curitiba dirigiu uma para liturgia para todos os fiéis que estavam no velório. Ás 20h30 os confrades e estudantes participaram da Liturgia das horas e orações pelo confrade que havia partido. Às 22h00, Padre Capriotti, diretor espiritual diocesano dos Cursilhos, presidiu homenagens rodeado por centenas de cursilhistas que lotaram o Santuário para dar seu ultimo Adeus àquele que tantos anos lutou por esse Movimento. No dia seguinte, 1º de setembro, às 8h00, o Santuário estava novamente lotado para a missa de corpo presente, que foi presidida por Dom Pedro Fedalto, arcebispo de Curitiba. Aproximadamente 30 padres e muitos religiosos concelebraram e participaram. Padre Lourenço, Provincial na época, proferiu a homilia com palavras simples e diretas, bem ao estilo do padre Carlito. Após a encomendação a Igreja vibrou com o hino “Salve Regina”, entoado pelo clero e pelos religiosos. O sepultamento aconteceu no cemitério Parque Iguaçu, numa sepultura provisória, porque os jazigos da Congregação ainda não estavam prontos.
Bonita foi a reação da sua família. Ninguém exigiu absolutamente nada. Nem café na casa paroquial quiseram tomar, diziam que de modo algum queriam incomodar. E num sentimento de muita fé e entrega do seu ente querido a Deus acompanharam tudo de modo muito sereno. A única coisa que a família pediu foi uma foto. Um fato engraçado nesse momento de dor foi que o Padre Edmundo queria que colocasse os óculos no Carlito porque sua aparência era de como se ainda estivesse vivo. Tal velório foi um momento muito festivo, na hora da missa os cursilhistas cantavam com veemência a musica decolores. Na casa de Cursilho em Curitiba foi colocado um busto em homenagem a esse grande cursilhista.
Pe. Gelson Luiz Mikuszka, C.Ss.R
Contribuição: Pe. Lourenço Kearns, C.Ss.R
e Rita de Cássia
http://www.redentoristas.org.br
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