Por Prof. José Pereira da Silva
SÃO PAULO, segunda-feira, 30 de maio de 2011 (ZENIT.org) - O Concílio Vaticano II (1962-1965) foi um dos fatos históricos mais importantes de todo o século XX. Em 2012 vamos comemorar 50 anos da abertura do Concílio.
Um Concílio é uma reunião de todos os bispos convocados pelo papa para definir a fé, a disciplina e a moral católicas.
Houve 19 Concílios entre o ano de 325 após Jesus Cristo (Nicéia, na Ásia Menor) e 1563 (Trento, na Itália).
Houve enorme surpresa ao anúncio, pelo papa João XXIII (1958-1963), em janeiro de 1959, da sua intenção de convocar os bispos novamente para o que se chamaria de Concílio Vaticano II. A Igreja Católica mudou de século. O Papa aspira e convida a reencontrar os caminhos da união das Igrejas cristãs e das linguagens para levar o Evangelho ao mundo. O Papa João XXIII convoca a uma leitura dialogada dos sinais dos tempos, com as correntes plurais da humanidade em mudança.
“Pronuncio perante vós, certamente tremendo um pouco de emoção, mas também com humilde firmeza de intenção, o nome das duas celebrações: um Sínodo diocesano para a cidade de Roma e um Concílio geral para a Igreja Universal”, assim anuncia o Papa João XXIII a decisão de convocar um novo concílio em 25 de janeiro de 1959, a menos de noventa dias de sua eleição como sucessor do Papa Pio XII(1939-1958). João XXIII considerou a convocação do Concílio uma inspiração de Deus.
O desafio para a Igreja é de tornar-se capaz de “infundir nas veias da comunidade humana de hoje a energia inesgotável, vital, divina, do Evangelho” ( Bula Humanae Salutis, de João XXIII, 25.I.1961).
O Papa João XXIII insistiu que o Concílio tivesse um caráter pastoral. Depois de uma fase preparatória (1959-1962), finalmente em 11 de outubro de 1962, foi celebrada a solene abertura dos trabalhos.
Após quatro sessões anuais de outubro, 168 assembléias plenárias foram finalmente promulgadas pelo Papa os treze documentos finais. Em 7 de dezembro de 1965 encerra-se o IV e último período do Concílio. E em 8 de dezembro de 1965 a celebração final com a leitura das Mensagens para a humanidade. O Concílio trabalhou durante dois pontificados diferentes. João XXIII o quis e o encaminhou. O Papa Paulo VI (1963-1978) o aceitou, levou avante e concluiu.
É preciso voltar ao Concílio! Os documentos do Concílio são poucos conhecidos por uma parcela dos católicos. Como bem lembrou o Papa Bento XVI, “quase ninguém lê” (Luz do mundo, SP, Paulinas 2011, p.88) referindo-se aos textos do Concílio.
Nas palavras de Dom Antônio Fernando Saburino, Arcebispo de Olinda e Recife: “Nós temos muito ainda a descobrir dos valores do Concílio Vaticano II apesar dos 50 anos, mas muitas riquezas poderão ser exploradas (49 Assembléia Geral da CNBB, Aparecida-SP, 2011).
A quase 50 anos da sua conclusão, deve-se dizer: é preciso voltar ao Concílio. É preciso retomar nas mãos os documentos do Vaticano II para redescobrir a grande riqueza dos estímulos doutrinais e pastorais.
Retomar nas mãos aqueles documentos, em particular os leigos, a quem o Concílio abriu extraordinárias perspectivas de envolvimento e de compromisso na missão da Igreja.
O Concílio Vaticano II foi “um novo pentecostes”, incitava o catolicismo a renovar-se num confronto com o Evangelho, conduzido pela luz da fé e sob o impulso dos sinais dos tempos. Repropôs os conteúdos evangélicos essenciais à humanidade de hoje. Ele é uma continuidade com toda a rica tradição da Igreja proposta aos novos tempos.
Seguir Cristo exige a coragem de opções radicais, frequentemente contra a corrente.
O Concílio Vaticano II ainda hoje interpela a cada cristão: Que significa ser cristão hoje, aqui e agora?
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