PADRE FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO CSsR
Dia 8 de abril(2007), uma pesquisa Datafolha dizia que 65% dos entrevistados não querem mudança na legislação sobre o aborto. Ao mesmo tempo 55% eram favoráveis à criação da pena de morte no Brasil. Bastou para que no dia seguinte alguém, na coluna de leitores, bradasse apontando uma incoerência: como pode alguém ser contra o aborto, dizendo que não se pode matar, e ao mesmo tempo ser a favor da pena de morte?
Seria fácil dar uma resposta que os antigos chamavam de “resposta ad hominem”, um tipo de resposta que dispensa muita argumentação, de certo modo encerra a discussão, mesmo sem resolver a questão. Bastaria dizer ao leitor indignado: “Mas, se você é contra a pena de morte aplicada a criminosos comprovados, como pode ser a favor da morte imposta a um inocente?”
Mas, o que preocupa não é um episódio a mais nas escaramuças travadas em torno da questão da mudança ou não na legislação sobre o aborto. O que preocupa é a falta de clareza em apontar os diversos aspectos envolvidos na questão, certa ingenuidade no argumentar numa ou noutra direção, o sofisma dos que afirmam que a religião é o único motivo que leva à rejeição do aborto. O que preocupa é a facilidade com que se aceita o debate a partir de pressupostos viciados, que impedem qualquer conclusão válida.
Nós católicos, muitos cristãos e também muitos não cristãos, que consideramos o aborto como moralmente inaceitável, temos de mostrar que nossa posição tem fundamentos éticos racionais, e não apenas religiosos. Temos de mostrar que o debate quanto ao início da vida humana e sua inviolabilidade, quanto ao direito do nascituro e outras questões envolvidas, deve ser travado num fórum mais alto que o das ciências médicas e biológicas.
Não podemos permitir que a discussão da conveniência ou não de mudanças no código penal se confunda com a discussão da moralidade ou não do aborto. As confusões, os mal-entendidos e os sofismas jamais ajudaram na busca do bem e da verdade.
Nós, católicos e cristãos que acreditamos que a mensagem de Cristo não é compatível com o aborto, temos a obrigação de esclarecer nossos irmãos de fé que imaginam o contrário. Temos de mostrar-lhes a razoabilidade dessa visão cristã, como se encaixa num conjunto mais amplo de idéias sobre Deus, o homem e o sentido de sua vida, o sentido do amor enquanto capacidade de acolhimento e muitos outros aspectos. E, sem esperar a conclusão do debate, temos de agir para que, por exemplo, a juventude descubra o sentido do sexo e do amor, os casais assumam com responsabilidade sua capacidade de gerar, não haja mulheres levadas ao aborto pelo medo, desespero, pobreza ou propaganda, mas que todas as grávidas possam ter o apoio e a acolhida a que têm direito.
http://www.redemptor.com.br
Dia 8 de abril(2007), uma pesquisa Datafolha dizia que 65% dos entrevistados não querem mudança na legislação sobre o aborto. Ao mesmo tempo 55% eram favoráveis à criação da pena de morte no Brasil. Bastou para que no dia seguinte alguém, na coluna de leitores, bradasse apontando uma incoerência: como pode alguém ser contra o aborto, dizendo que não se pode matar, e ao mesmo tempo ser a favor da pena de morte?
Seria fácil dar uma resposta que os antigos chamavam de “resposta ad hominem”, um tipo de resposta que dispensa muita argumentação, de certo modo encerra a discussão, mesmo sem resolver a questão. Bastaria dizer ao leitor indignado: “Mas, se você é contra a pena de morte aplicada a criminosos comprovados, como pode ser a favor da morte imposta a um inocente?”
Mas, o que preocupa não é um episódio a mais nas escaramuças travadas em torno da questão da mudança ou não na legislação sobre o aborto. O que preocupa é a falta de clareza em apontar os diversos aspectos envolvidos na questão, certa ingenuidade no argumentar numa ou noutra direção, o sofisma dos que afirmam que a religião é o único motivo que leva à rejeição do aborto. O que preocupa é a facilidade com que se aceita o debate a partir de pressupostos viciados, que impedem qualquer conclusão válida.
Nós católicos, muitos cristãos e também muitos não cristãos, que consideramos o aborto como moralmente inaceitável, temos de mostrar que nossa posição tem fundamentos éticos racionais, e não apenas religiosos. Temos de mostrar que o debate quanto ao início da vida humana e sua inviolabilidade, quanto ao direito do nascituro e outras questões envolvidas, deve ser travado num fórum mais alto que o das ciências médicas e biológicas.
Não podemos permitir que a discussão da conveniência ou não de mudanças no código penal se confunda com a discussão da moralidade ou não do aborto. As confusões, os mal-entendidos e os sofismas jamais ajudaram na busca do bem e da verdade.
Nós, católicos e cristãos que acreditamos que a mensagem de Cristo não é compatível com o aborto, temos a obrigação de esclarecer nossos irmãos de fé que imaginam o contrário. Temos de mostrar-lhes a razoabilidade dessa visão cristã, como se encaixa num conjunto mais amplo de idéias sobre Deus, o homem e o sentido de sua vida, o sentido do amor enquanto capacidade de acolhimento e muitos outros aspectos. E, sem esperar a conclusão do debate, temos de agir para que, por exemplo, a juventude descubra o sentido do sexo e do amor, os casais assumam com responsabilidade sua capacidade de gerar, não haja mulheres levadas ao aborto pelo medo, desespero, pobreza ou propaganda, mas que todas as grávidas possam ter o apoio e a acolhida a que têm direito.
http://www.redemptor.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.