Pe. João A. Mac Dowell S.J.
Não seria mais justo e humano pagar ao longo de sucessivas existências os próprios pecados, até a liberação final, do que por causa de uma única existência pecaminosa perder-se para sempre, como pretende o cristianismo?
A primeira vista a explicação dada pela doutrina da reencarnação parece mais satisfatória. Ninguém perde definitivamente a possibilidade de chegar à perfeição. Terá de voltar a este mundo quantas vezes for necessário para espiar os seus pecados, mas toda vez que se decide a viver honestamente recomeça a trilhar o caminho da libertação.
Jesus, ao contrário, coloca-nos diante de uma opção radical: Quem crer será salvo, quem não crer será condenado. Existe, portanto, na visão cristã do nosso destino a possibilidade de um fracasso definitivo. Seria desumano, se o homem tivesse de lutar sozinho, com as próprias forças, para espiar as suas culpas e para alcançar a salvação. Mas, segundo o plano de Deus, somos todos chamados a participar da sua felicidade. Para salvar-se basta acreditar no amor e no perdão de Deus. Podemos recusar esta proposta. Mas Deus, através de toda a nossa vida, volta a insistir no seu convite. Como fruto da morte e ressurreição de Jesus Cristo, nos oferece a luz e a força do seu Espírito Santo. Não força a liberdade humana, mas lhe dá todas as oportunidades de abrir-se à verdade e ao amor. Um instante é suficiente para tomar esta decisão.
Ao contrário, a esperança de converter-se na existência seguinte, longe de constituir uma vantagem para o ser humano, tende a destruir a sua dignidade e a impedir a sua felicidade. De fato, é justamente a certeza de que só temos uma vida e, mais ainda, que podemos morrer a qualquer momento, que dá valor à nossa existência. Quem pensa que poderá recuperar sempre o tempo perdido, nesta ou noutra encarnação, não pode assumir com responsabilidade a sua vida, pois vai adiando para mais tarde a decisão de converter-se e fazer o bem. Jesus chama a atenção para este perigo quando fala do servidor que fica pensando: Meu patrão vai demorar a chegar; e começa a bater nos companheiros e companheiras e a comer e beber até se embriagar (Lc 12,45). Mesmo o espírita, que é honesto, e certamente muitos o são, apesar de sua crença reencarnacionista, no fundo está motivado pela consciência de que o seu destino se decide nesta vida. De fato, a experiência da morte como fim de todas as nossas chances, pode ser recalcada, mas não suprimida.
Portanto, a idéia de sucessivas reencarnações não ajuda o ser humano a ser bom. E só quem procura viver retamente, com fé e amor, pode ser feliz nesta e na outra vida. Não é garantindo a sorte final de cada um, automaticamente, que Deus manifesta a sua bondade, mas sim oferecendo-lhe a sua amizade e perdão sem limites.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br
Não seria mais justo e humano pagar ao longo de sucessivas existências os próprios pecados, até a liberação final, do que por causa de uma única existência pecaminosa perder-se para sempre, como pretende o cristianismo?
A primeira vista a explicação dada pela doutrina da reencarnação parece mais satisfatória. Ninguém perde definitivamente a possibilidade de chegar à perfeição. Terá de voltar a este mundo quantas vezes for necessário para espiar os seus pecados, mas toda vez que se decide a viver honestamente recomeça a trilhar o caminho da libertação.
Jesus, ao contrário, coloca-nos diante de uma opção radical: Quem crer será salvo, quem não crer será condenado. Existe, portanto, na visão cristã do nosso destino a possibilidade de um fracasso definitivo. Seria desumano, se o homem tivesse de lutar sozinho, com as próprias forças, para espiar as suas culpas e para alcançar a salvação. Mas, segundo o plano de Deus, somos todos chamados a participar da sua felicidade. Para salvar-se basta acreditar no amor e no perdão de Deus. Podemos recusar esta proposta. Mas Deus, através de toda a nossa vida, volta a insistir no seu convite. Como fruto da morte e ressurreição de Jesus Cristo, nos oferece a luz e a força do seu Espírito Santo. Não força a liberdade humana, mas lhe dá todas as oportunidades de abrir-se à verdade e ao amor. Um instante é suficiente para tomar esta decisão.
Ao contrário, a esperança de converter-se na existência seguinte, longe de constituir uma vantagem para o ser humano, tende a destruir a sua dignidade e a impedir a sua felicidade. De fato, é justamente a certeza de que só temos uma vida e, mais ainda, que podemos morrer a qualquer momento, que dá valor à nossa existência. Quem pensa que poderá recuperar sempre o tempo perdido, nesta ou noutra encarnação, não pode assumir com responsabilidade a sua vida, pois vai adiando para mais tarde a decisão de converter-se e fazer o bem. Jesus chama a atenção para este perigo quando fala do servidor que fica pensando: Meu patrão vai demorar a chegar; e começa a bater nos companheiros e companheiras e a comer e beber até se embriagar (Lc 12,45). Mesmo o espírita, que é honesto, e certamente muitos o são, apesar de sua crença reencarnacionista, no fundo está motivado pela consciência de que o seu destino se decide nesta vida. De fato, a experiência da morte como fim de todas as nossas chances, pode ser recalcada, mas não suprimida.
Portanto, a idéia de sucessivas reencarnações não ajuda o ser humano a ser bom. E só quem procura viver retamente, com fé e amor, pode ser feliz nesta e na outra vida. Não é garantindo a sorte final de cada um, automaticamente, que Deus manifesta a sua bondade, mas sim oferecendo-lhe a sua amizade e perdão sem limites.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
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