Afonso de Sousa Cavalcanti - afonsoc3@hotmail.com
Responda estas atividades depois que Vossa Senhoria tiver lido o texto a seguir:
1) Procure explicar o decálogo nestes termos apontados: Jesus institui uma nova moral social e uma ética individual: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, com toda a tua alma e com toda a força e ao próximo como a ti mesmo”.
2) Explique estas duas sentenças, informando como elas podem nos ajudar a sermos éticos: 1. O resumo das leis de natureza, segundo Thomas Hobbes: “Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”( HOBBES, 1983. p.. 93). 2. A regra de ouro: “Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas”( Mateus, 7, 12).
3) Procure diferenciar bem a felicidade material da felicidade espiritual, em Santo Agostinho.
4) Explique esta afirmação: A ética de Agostinho pode ser observada na diferença entre a Cidade Terrena e a Cidade de Deus.
5) Que relação podemos fazer entre o livre arbítrio e o ser ético?
6) Fazer uso da vontade, para Tomás de Aquino, significa...
7) Escreva uma mensagem sobre as duas parábolas: a) O filho perdido e o filho fiel: o filho pródigo; b) o rico mau e o pobre lázaro. Reflita a respeito do sentido e do conteúdo implícito nessas parábolas.
8) Leia e comente de acordo com seu entendimento: Entre o certo e o errado não existe meio termo: crença ou recompensa?
9) Anote os sete pilares da ética que foram apontados por João Paulo II.
10) Defina os termos autonomia e a autenticidade.
11) Comente esta frase de Kant: “O verdadeiro prazer não é passageiro, corriqueiro ou repentino. Ele está no verdadeiro exercício do ser, no cumprimento do dever ser."
12) Em que a ética e a religião podem colaborar com a espécie humana, de sua origem à sua evolução, passando por estes atributos: multidão, população: massa atomizada, massa, povo, sociedade, cidadãos solidários, sábios?
Unidade III
A ÉTICA COM RESPONSABILIDADE E SOLIDARIEDADE (A ÉTICA E A RELIGIÃO PODEM SER VISTAS NA ÉTICA CRISTÃ)
A civilização ocidental é conhecida como civilização cristã. A sociedade ocidental moderna vive uma forte crise de valores por ter abandonado os valores cristãos. Os principais valores cristãos estão na Bíblia. A Bíblia é um livro que tem uma grande intenção moralizante. Nos textos sagrados o elemento religioso é ao mesmo tempo o elemento moral. Deus é o ideal para o homem real. O “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança” representa que o homem tem uma dignidade própria espelhada nos atributos divinos. As histórias bíblicas mostram diversas ordens de castigo: Adão e Eva foram expulsos do Paraíso; o homem é herdeiro do pecado original; porque o homem se escondeu de Deus, teria que trabalhar duramente, ao passo que a mulher daria a luz com dor. Os castigos da torre de Babel e a inundação do dilúvio são sinais de Deus aos homens. Além da vida terrena, Deus promete ao homem a salvação, uma eternidade feliz. Existe a esperança, Deus oferece a aliança ao homem. O homem é chamado a ser santo. Deus oferece sua redenção a todos os homens. No Antigo Testamento, Moisés apresenta o Decálogo que além de ser um conjunto de deveres religiosos e jurídicos é também um conjunto de deveres morais. O aparecimento de Jesus, como figura central do Novo Testamento, não representa o rompimento da moral das velhas escrituras, mas sim a prática sintética dos mandamentos do Decálogo. Jesus institui uma nova moral social e uma ética individual: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, com toda a tua alma e com toda a força e ao próximo como a ti mesmo” (Levítico, 19,18). Este preceito de Cristo é atual. Se nós os homens o respeitássemos não necessitaria de outro preceito legal ou ético. O amor ordenado por Jesus é dirigido tanto aos amigos como aos inimigos. O amor cristão é fundamentado no Direito Natural. Podem ser observados o Direito Natural e o dever cristão nestas duas sentenças maravilhosas: 1. O resumo das leis de natureza, segundo Thomas Hobbes: “Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”( HOBBES, 1983. p.. 93). 2. A regra de ouro: “Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas” (Mateus, 7, 12). Se estas duas regras fossem aplicadas conforme manda o bom senso, todos nós cuidaríamos de satisfazer as carências alheias.
O Novo Testamento demonstra que o homem será justificado pela fé. Conforme descreve São Paulo, na Epístola aos Coríntios. Ele exorta o homem para que pratique as virtudes. Não somente as virtudes filosóficas da justiça, temperança, coragem, sapiência, humildade, mas sim que aumentem no homem as virtudes da fé, da esperança e da caridade. Estas virtudes aproximam cada vez mais o homem de Deus. Tendo fé, esperança e caridade, surgirá o amor que substitui a moral. O homem que ama, que é misericordioso e piedoso, não precisa de moral. A caridade é a maior das virtudes para São Paulo. É maior que o dom das línguas, maior que o dom das profecias, maior que toda ciência. A caridade é fundamentada no amor. O amor, em relação à moral, ao dever e à lei, é superior (I Cor. 13, 1-13; NALINI, 1999. p. 66).
A filosofia cristã, com Santo Agostinho, demonstra que o homem está em busca da felicidade e corre à sua procura. Trata-se da felicidade material. Esta não satisfaz o homem, afirma Agostinho. O homem somente será feliz se for à procura de Deus. A bondade e a maldade do homem dependem da escolha do objeto que o homem ama. No instante em que vivo, devo exercitar bem meu amor e minha vontade. Ao caminhar para Deus, afirma Agostinho, o homem subirá diversos degraus: a) a fé em Deus estimula a inteligência humana. Podemos ler em Isaías: “Se não o crerdes, não vos mantereis firmes” ( Is. 7, 9; REALE e ANTISERI. V. I. p. 436). A fé nos leva à sapiência e dá ao homem autoridade. b) a virtude da justiça oferece ao homem as condições para saber, fazer ciência, ser prudente, ser corajoso e puro de coração. c) A sabedoria abre os caminhos humanos para a tudo o que existe, em busca da contemplação e do entendimento. d) o amor doação corresponde à temperança. e) A fortaleza representa a tolerância total àquele que ama.
A ética de Agostinho pode ser observada na diferença entre a Cidade Terrena e a Cidade de Deus. Na Cidade Terrena, os homens desejam dominar, querem o gozo de bens materiais, ao passo que na Cidade de Deus, a realização humana consiste em fazer a paz através do amor a Deus. A ética é o resultado positivo da luta entre as duas cidades. Não importa onde o sujeito esteja, o que importa é a sua vivência moral, a sua pureza de propósitos.
Caminhando um pouco mais na filosofia cristã, encontramos Santo Tomás de Aquino que faz a religião cristã avançar um pouco mais. Para Tomás de Aquino, o homem aumenta a sua fé em Deus, na medida em que compreende as coisas do mundo. Ao contrário de Agostinho que afirmava que a compreensão é fruto da crença em Deus. Para Tomás de Aquino, o homem é bom ou mau na medida em que é regido ou não por sua razão. Para ele, o homem tende sempre ao bem. É fato simples: se o homem tende ao bem que é um fim, basta que ele faça uso de seu livre arbítrio e alcance os bens necessários. Se assim o fizer, atingirá a liberdade. O comportamento ético está exatamente no uso da vontade e na escolha dos meios, caso contrário, não haverá liberdade. Para Santo Tomás, existe a verdade moral. “A razão humana que é nossa participação na razão eterna, nos fornece os princípios fundamentais tanto no domínio teórico como no domínio da ação. (...) é preciso procurar o bem e evitar o mal” (NALINI, 1999. p. 68-69). Frente à imposição do Direito Positivo sobre as regras cristãs, adverte Tomás de Aquino, que o homem moral deve ficar com as regras cristãs. A lei natural é superior a lei positiva. A religião deve nortear a moral. Percebe-se este imperativo através das seguintes características: a) Deus é o legislador. A lei divina precisa ser respeitada e interpretada corretamente. b) Deus é o justo juiz. Ele controla tudo e ordena que o homem renuncie à felicidade terrestre, tendo em vista a obediência à Lei de Deus. c) Deus é modelo: é amor, luz eterna, onisciência, razão. A verdade divina não permite que haja tolerância e nem pluralismo.
Para ilustrar melhor a ética cristã, serão analisadas a seguir duas parábolas do Evangelho de Lucas: a) O filho perdido e o filho fiel: o filho pródigo; b) o rico mau e o pobre lázaro. Vamos às análises:
a)O filho Pródigo, segundo a narrativa de Lucas, 15, 11-32, demonstra as fraquezas humanas e as virtudes cristãs. No momento em que o filho mais jovem pede ao pai para que ele lhe dê a parte da herança que lhe pertencia, este se tornava um desgarrado da família. Ao viajar para os lugares desconhecidos, encontrou-se com falsos amigos e ali consumiu os seus bens com os prazeres mundanos. Aquele jovem passava por cima de ensinamentos sólidos que havia recebido de seus pais e pessoas experientes. No momento em que sua fortuna terminou, os falsos amigos o abandonaram e a miséria abateu sobre ele. Teve necessidade de trabalhar para não passar fome. O único emprego que conseguiu foi cuidar de porcos e ali, para não morrer de fome, alimentava-se com a lavagem dos porcos. Um pouco de sentimento e de entendimento ainda restou em seu coração e este tem a coragem de voltar atrás e procurar seu Pai. Ainda resta neste jovem a virtude da humildade e ele pede perdão. O Pai Bondoso o recebe e festeja com todos os familiares e amigos. O irmão mais velho não queria perdoá-lo e inclusive achava que seu pai cometia injustiça em recebê-lo de volta no seio da família. Este irmão mais velho representa os que não sabem usar da misericórdia. O filho pródigo é a imagem e semelhança do sujeito itinerante: aquele que busca o prazer imediato, prejudicando a si, aos outros e às coisas do mundo, mas que ainda possui um pouquinho de decência e se arrepende dos males que cometeu. Corrige-se e retorna para o convívio social harmonioso. A ética cristã está nos gestos bons: o pai que confere a parte da herança a seu filho; o filho que se reconhece errado e retorna ao lar paterno e pede perdão; o pai bondoso que perdoa e recebe seu filho como legítimo herdeiro de seus bens, apesar de já ter conferido a ele a parte dos bens que lhe tocava (Lucas, 15, 11-32).
b) A Parábola do rico mau e do pobre Lázaro, Lucas, 16, 19-31, representa o confronto entre a miséria e a riqueza. O mau uso dos bens é imoral. A luxúria, a avareza, a ganância, são erros gravíssimos. A parábola afirma que o pobre Lázaro queria saciar sua fome com os restos que caíam da mesa do rico. O homem rico era vaidoso e extremamente avarento. Chegou o fim da vida para os dois. Após a morte, Lázaro foi para junto de Deus e o homem rico foi sepultado no inferno, lugar de sofrimentos. Naquela outra dimensão das almas, o rico suplica ao Pai Abraão para que Lázaro molhe com água a ponta de seu dedo para refrescar sua sede. Na Terra, Lázaro sofreu as piores dores físicas possíveis e o rico sempre teve prazeres e mais prazeres. Na eternidade, o rico sofre os castigos por ter sido avarento e injusto. Lucas nos adverte que o rico suplica ao Pai Abraão para que mande alguém advertir seus irmãos para que mudem de vida e não venham cair no inferno. Abraão responde que na Terra, os seus irmãos e parentes têm os profetas, os sacerdotes, todos os que têm a missão de ensinar. Basta que eles saibam ouvi-los. A parábola do rico e do pobre é uma verdadeira lição de moral cristã, especialmente para a fé, a esperança e a caridade. Se o rico fosse caridoso e reconhecesse no pobre o seu semelhante, certamente teria fé em Deus. O exercício constante da fé representa o cultivo da esperança.
Concluindo, a ética tem seu fundamento no mandamento do amor: “amai-vos uns aos outros”. O amor é a somatória da prática das virtudes. Havendo o seu cultivo, os homens estarão livres das necessidades de precaução das leis terrenas. O amor é serviço, é doação, é compreensão, é a totalidade do ser humano.
A civilização ocidental é conhecida como civilização cristã. A sociedade ocidental moderna vive uma forte crise de valores por ter abandonado os valores cristãos. Os principais valores cristãos estão na Bíblia. A Bíblia é um livro que tem uma grande intenção moralizante. Nos textos sagrados o elemento religioso é ao mesmo tempo o elemento moral. Deus é o ideal para o homem real. O “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança” representa que o homem tem uma dignidade própria espelhada nos atributos divinos. As histórias bíblicas mostram diversas ordens de castigo: Adão e Eva foram expulsos do Paraíso; o homem é herdeiro do pecado original; porque o homem se escondeu de Deus, teria que trabalhar duramente, ao passo que a mulher daria a luz com dor. Os castigos da torre de Babel e a inundação do dilúvio são sinais de Deus aos homens. Além da vida terrena, Deus promete ao homem a salvação, uma eternidade feliz. Existe a esperança, Deus oferece a aliança ao homem. O homem é chamado a ser santo. Deus oferece sua redenção a todos os homens. No Antigo Testamento, Moisés apresenta o Decálogo que além de ser um conjunto de deveres religiosos e jurídicos é também um conjunto de deveres morais. O aparecimento de Jesus, como figura central do Novo Testamento, não representa o rompimento da moral das velhas escrituras, mas sim a prática sintética dos mandamentos do Decálogo. Jesus institui uma nova moral social e uma ética individual: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, com toda a tua alma e com toda a força e ao próximo como a ti mesmo” (Levítico, 19,18). Este preceito de Cristo é atual. Se nós os homens o respeitássemos não necessitaria de outro preceito legal ou ético. O amor ordenado por Jesus é dirigido tanto aos amigos como aos inimigos. O amor cristão é fundamentado no Direito Natural. Podem ser observados o Direito Natural e o dever cristão nestas duas sentenças maravilhosas: 1. O resumo das leis de natureza, segundo Thomas Hobbes: “Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”( HOBBES, 1983. p.. 93). 2. A regra de ouro: “Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas” (Mateus, 7, 12). Se estas duas regras fossem aplicadas conforme manda o bom senso, todos nós cuidaríamos de satisfazer as carências alheias.
O Novo Testamento demonstra que o homem será justificado pela fé. Conforme descreve São Paulo, na Epístola aos Coríntios. Ele exorta o homem para que pratique as virtudes. Não somente as virtudes filosóficas da justiça, temperança, coragem, sapiência, humildade, mas sim que aumentem no homem as virtudes da fé, da esperança e da caridade. Estas virtudes aproximam cada vez mais o homem de Deus. Tendo fé, esperança e caridade, surgirá o amor que substitui a moral. O homem que ama, que é misericordioso e piedoso, não precisa de moral. A caridade é a maior das virtudes para São Paulo. É maior que o dom das línguas, maior que o dom das profecias, maior que toda ciência. A caridade é fundamentada no amor. O amor, em relação à moral, ao dever e à lei, é superior (I Cor. 13, 1-13; NALINI, 1999. p. 66).
A filosofia cristã, com Santo Agostinho, demonstra que o homem está em busca da felicidade e corre à sua procura. Trata-se da felicidade material. Esta não satisfaz o homem, afirma Agostinho. O homem somente será feliz se for à procura de Deus. A bondade e a maldade do homem dependem da escolha do objeto que o homem ama. No instante em que vivo, devo exercitar bem meu amor e minha vontade. Ao caminhar para Deus, afirma Agostinho, o homem subirá diversos degraus: a) a fé em Deus estimula a inteligência humana. Podemos ler em Isaías: “Se não o crerdes, não vos mantereis firmes” ( Is. 7, 9; REALE e ANTISERI. V. I. p. 436). A fé nos leva à sapiência e dá ao homem autoridade. b) a virtude da justiça oferece ao homem as condições para saber, fazer ciência, ser prudente, ser corajoso e puro de coração. c) A sabedoria abre os caminhos humanos para a tudo o que existe, em busca da contemplação e do entendimento. d) o amor doação corresponde à temperança. e) A fortaleza representa a tolerância total àquele que ama.
A ética de Agostinho pode ser observada na diferença entre a Cidade Terrena e a Cidade de Deus. Na Cidade Terrena, os homens desejam dominar, querem o gozo de bens materiais, ao passo que na Cidade de Deus, a realização humana consiste em fazer a paz através do amor a Deus. A ética é o resultado positivo da luta entre as duas cidades. Não importa onde o sujeito esteja, o que importa é a sua vivência moral, a sua pureza de propósitos.
Caminhando um pouco mais na filosofia cristã, encontramos Santo Tomás de Aquino que faz a religião cristã avançar um pouco mais. Para Tomás de Aquino, o homem aumenta a sua fé em Deus, na medida em que compreende as coisas do mundo. Ao contrário de Agostinho que afirmava que a compreensão é fruto da crença em Deus. Para Tomás de Aquino, o homem é bom ou mau na medida em que é regido ou não por sua razão. Para ele, o homem tende sempre ao bem. É fato simples: se o homem tende ao bem que é um fim, basta que ele faça uso de seu livre arbítrio e alcance os bens necessários. Se assim o fizer, atingirá a liberdade. O comportamento ético está exatamente no uso da vontade e na escolha dos meios, caso contrário, não haverá liberdade. Para Santo Tomás, existe a verdade moral. “A razão humana que é nossa participação na razão eterna, nos fornece os princípios fundamentais tanto no domínio teórico como no domínio da ação. (...) é preciso procurar o bem e evitar o mal” (NALINI, 1999. p. 68-69). Frente à imposição do Direito Positivo sobre as regras cristãs, adverte Tomás de Aquino, que o homem moral deve ficar com as regras cristãs. A lei natural é superior a lei positiva. A religião deve nortear a moral. Percebe-se este imperativo através das seguintes características: a) Deus é o legislador. A lei divina precisa ser respeitada e interpretada corretamente. b) Deus é o justo juiz. Ele controla tudo e ordena que o homem renuncie à felicidade terrestre, tendo em vista a obediência à Lei de Deus. c) Deus é modelo: é amor, luz eterna, onisciência, razão. A verdade divina não permite que haja tolerância e nem pluralismo.
Para ilustrar melhor a ética cristã, serão analisadas a seguir duas parábolas do Evangelho de Lucas: a) O filho perdido e o filho fiel: o filho pródigo; b) o rico mau e o pobre lázaro. Vamos às análises:
a)O filho Pródigo, segundo a narrativa de Lucas, 15, 11-32, demonstra as fraquezas humanas e as virtudes cristãs. No momento em que o filho mais jovem pede ao pai para que ele lhe dê a parte da herança que lhe pertencia, este se tornava um desgarrado da família. Ao viajar para os lugares desconhecidos, encontrou-se com falsos amigos e ali consumiu os seus bens com os prazeres mundanos. Aquele jovem passava por cima de ensinamentos sólidos que havia recebido de seus pais e pessoas experientes. No momento em que sua fortuna terminou, os falsos amigos o abandonaram e a miséria abateu sobre ele. Teve necessidade de trabalhar para não passar fome. O único emprego que conseguiu foi cuidar de porcos e ali, para não morrer de fome, alimentava-se com a lavagem dos porcos. Um pouco de sentimento e de entendimento ainda restou em seu coração e este tem a coragem de voltar atrás e procurar seu Pai. Ainda resta neste jovem a virtude da humildade e ele pede perdão. O Pai Bondoso o recebe e festeja com todos os familiares e amigos. O irmão mais velho não queria perdoá-lo e inclusive achava que seu pai cometia injustiça em recebê-lo de volta no seio da família. Este irmão mais velho representa os que não sabem usar da misericórdia. O filho pródigo é a imagem e semelhança do sujeito itinerante: aquele que busca o prazer imediato, prejudicando a si, aos outros e às coisas do mundo, mas que ainda possui um pouquinho de decência e se arrepende dos males que cometeu. Corrige-se e retorna para o convívio social harmonioso. A ética cristã está nos gestos bons: o pai que confere a parte da herança a seu filho; o filho que se reconhece errado e retorna ao lar paterno e pede perdão; o pai bondoso que perdoa e recebe seu filho como legítimo herdeiro de seus bens, apesar de já ter conferido a ele a parte dos bens que lhe tocava (Lucas, 15, 11-32).
b) A Parábola do rico mau e do pobre Lázaro, Lucas, 16, 19-31, representa o confronto entre a miséria e a riqueza. O mau uso dos bens é imoral. A luxúria, a avareza, a ganância, são erros gravíssimos. A parábola afirma que o pobre Lázaro queria saciar sua fome com os restos que caíam da mesa do rico. O homem rico era vaidoso e extremamente avarento. Chegou o fim da vida para os dois. Após a morte, Lázaro foi para junto de Deus e o homem rico foi sepultado no inferno, lugar de sofrimentos. Naquela outra dimensão das almas, o rico suplica ao Pai Abraão para que Lázaro molhe com água a ponta de seu dedo para refrescar sua sede. Na Terra, Lázaro sofreu as piores dores físicas possíveis e o rico sempre teve prazeres e mais prazeres. Na eternidade, o rico sofre os castigos por ter sido avarento e injusto. Lucas nos adverte que o rico suplica ao Pai Abraão para que mande alguém advertir seus irmãos para que mudem de vida e não venham cair no inferno. Abraão responde que na Terra, os seus irmãos e parentes têm os profetas, os sacerdotes, todos os que têm a missão de ensinar. Basta que eles saibam ouvi-los. A parábola do rico e do pobre é uma verdadeira lição de moral cristã, especialmente para a fé, a esperança e a caridade. Se o rico fosse caridoso e reconhecesse no pobre o seu semelhante, certamente teria fé em Deus. O exercício constante da fé representa o cultivo da esperança.
Concluindo, a ética tem seu fundamento no mandamento do amor: “amai-vos uns aos outros”. O amor é a somatória da prática das virtudes. Havendo o seu cultivo, os homens estarão livres das necessidades de precaução das leis terrenas. O amor é serviço, é doação, é compreensão, é a totalidade do ser humano.
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BÍBLIA DE JERUSALÉM. 1990.
CAVALCANTI, Afonso de Sousa. A política no confronto entre os pensamentos de Thomas Hobbes e John Locke: por uma ética política. 2 ed. Mandaguari: Arte Final Gráfica e Editora, 2001.
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HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
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