Ficha 12: A Bem-Aventurada Virgem Maria (LG 05)
Constituição Dogmática LUMEN GENTIUM
A Luz do Povos, a Luz das Gentes
Ficha 12: A Bem-Aventurada Virgem Maria (LG 05)
Esta décima segunda ficha, quinta da LG, refere-se ao último capítulo da Lumen Gentium, que contempla a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, “como modelo de cristã e membro mais belo da Igreja”.
O Concilio quis dedicar-lhe este texto para expressar o significado que
Maria tem no mistério de Cristo está relacionado com o amor do Pai, a
missão do Filho, o dom do Espírito Santo, a mulher da qual nasceu o
Redentor e a nossa filiação divina.
Para realizar a redenção do mundo,
“Deus enviou o seu Filho” (Gal 4,4) e, para “formar-lhe um corpo” (Cf Hb
10,5) quis a livre cooperação de uma mulher, “para lembrar a toda
humanidade que Deus assim nos fez, homem e mulher, semelhante a Deus,
iguais em dignidade e co-autores…(Genesis, 1,27), e através do ventre
materno de uma virgem”… para que recebêssemos a adoção de filhos”
(Gál 4,5); Ele que, por amor de nós homens e para nossa salvação, desceu
dos céus e se encarnou por obra do Espírito Santo no seio da Virgem
Maria. Este mistério da salvação nos é revelado e continuado (continua a
ser revelado a toda sua Igreja) na Igreja. Unidos a Cristo como cabeça,
e em comunhão com todos os Seus santos, os fiéis devem também venerar a
memória da Virgem Maria, Mãe de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo”
(LG 52).
Reconhecida e honrada como Mãe de Deus
e do Redentor que se fez irmão de todos, Maria se torna também, por
adoção, Nossa Mãe. A Sua santidade, enriquecida desde o primeiro
instante de sua concepção, e a Sua dignidade de Mãe do Filho de Deus,
vem inteiramente dos méritos de Cristo. Mais do que qualquer outra
pessoa, o Pai a abençoou e a “escolheu nele (Cristo), para ser santa e
imaculada em sua presença, no amor” (Ef 1,3-4).
Ela é, portanto, a filha predileta de
Deus Pai e sacrário vivo do Espírito Santo, e ultrapassade longe, com
este dom de graça sem igual, todas as criaturas celestes e terrestres.
Segundo Santo Agostinho, ‘com seu imenso amor ela colaborou para que na
Igreja nascessem os fiéis, que são membros do Corpo do qual a cabeça é
Cristo’. Ela é também saudada como membro que está acima de todos e de
modo único na Igreja, além de ser considerada como o modelo da fé e da
caridade. Por isso, a Igreja Católica a honra como Mãe, dedicando-lhe,
um afeto de piedade filial (LG53).
A honra que a Igreja sugere não deve
ser confundido com ‘latria’ que é reservado somente a Deus. A veneração
aos santos é chamado de “dulia”, e à Virgem Maria de ‘hiperdulia’. Os
cristãos, pois, não cultuam imagens, e segundo São Basílio, “a honra
prestada a uma imagem se dirige ao modelo original” e quem venera uma
imagem venera a pessoa que nela está pintada. A honra prestada às
imagens é uma “veneração respeitosa”, e não adoração, que só compete a
Deus (CIC 2132).
O Concílio não teve a intenção de
propor uma doutrina completa sobre Maria, mas quis esclarecer,
cuidadosamente, tanto a função da Santíssima Virgem no mistério do Verbo
Encarnado e do Corpo Místico, quanto os deveres dos próprios homens
para com a Mãe de Deus, que é Mãe de Cristo e, especialmente dos fiéis
(LG 54).
A Mãe do Messias aparece profeticamente
nos escritos do Antigo Testamento, esboçada primeiramente na promessa
da vitória sobre a serpente (Gn 3,15) e depois como a Virgem que há de
conceber e dar à luz um filho cujo nome será Emanuel (Is 7,14; Mq
5,2-3). Na Anunciação, quis o Pai de misericórdia que a Encarnação fosse
precedida da aceitação por parte da Mãe predestinada, a fim de que,
assim como a mulher tinha contribuído para a morte, também a mulher
contribuísse para a vida. Ela que ‘em certo sentido, tornou-se a
primeira discípula do seu Filho, a primeira a quem Ele parecia dizer:
“Segue-me” (RM 20).
‘O papel de Maria para com a Igreja é
inseparável de sua união com Cristo’ (CIC 964). A união da Mãe com o
Filho, na obra da redenção, manifesta-se desde o momento da concepção
virginal até sua morte e, podemos afirmar isso seguindo os passos de
Maria da anunciação à sua visita a Isabel quando entoou seu canto de
louvor (Lc 1,46-55), passando pelo nascimento, pela infância e pela
participação na vida pública de Jesus até aos pés da cruz, (LG 57), ‘ela
que na peregrinação da fé foi até a “noite da fé, comungando com o
sofrimento de seu Filho e com a noite de seu túmulo” (Rm 17-18).
No ministério público de Jesus a
manifestação de Maria aparece claramente desde o início, quando nas
bodas de Caná obteve, por sua intercessão, que Ele realizasse o seu
primeiro milagre. ‘Ela põe-se entre o seu Filho e os homens na realidade
de suas privações, das suas diligências e dos seus sofrimentos.
Torna-se mediadora, intercessora, não como uma estranha, mas como mãe,
além de ser porta-voz da vontade do seu Filho, como quem indica as
exigências que devem ser satisfeitas’ (RM 21).
Manteve-se sempre ao Seu lado, até a Sua
morte, sofrendo com Ele e associando-se ao Seu sacrifício. E depois se
manteve junto aos Apóstolos, implorando com eles, em preces, os dons do
Espírito Santo que nela já habitava desde a concepção. Preservada de
toda a mancha do pecado original, terminando o curso de sua vida
terrestre, foi levada à glória celeste em corpo e alma e exaltada pelo
Senhor como Rainha do Universo (LG 58).
A função maternal de Maria para com a
humanidade a torna dotada de uma mediação especial que de modo nenhum
obscurece ou diminui a intercessão única de Cristo, mas que antes mostra
qual é a sua eficácia, pois elacontinuamente intercede por todos nós
junto a seu Filho, mediador por excelência junto a Deus Pai. (LG 60-61)
Maria ainda é apresentada como figura
da Igreja pelo dom e carga da maternidade divina, e cujas virtudes a
Igreja deve imitar. Exaltada pela graça de Deus acima de todos os Anjos e
de todos os homens, logo abaixo de seu Filho, por ser a Mãe Santíssima
de Deus, Maria recebe da Igreja a honra com culto especial nas festas
litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, tal como o Santo
Rosário, resumo de todo evangelho (CIC 971). As várias formas de
devoção, lembram os fiéis que ao se honrar a Mãe, seja bem conhecido,
amado e glorificado o Filho e bem observados os mandamentos daquele
“pelo qual existem todas as coisas” (LG 66).
O Concílio não só ensina, como exorta
os fiéis a promoverem dignamente o culto à Virgem Santíssima cujo tema
dever ser tratado com abertura religiosa, evitando induzir em erro os
irmãos separados ou quaisquer outras pessoas, quanto à doutrina da
Igreja Católica.
Ao finalizar, a LG aponta Maria como
sinal de esperança certa e de consolação para o Povo de Deus peregrino,
exortando a todos para dirigirem súplicas incessantes à Mãe de Deus e
Mãe dos homens. Ela, que assistiu com orações desde o início, o
alvorecer da Igreja, também agora, possa interceder junto a seu Filho
para que todas as famílias dos povos se reúnam em concórdia no único
Povo de Deus, para a Glória da Santíssima e Indivisível Trindade (LG
68-69).
Na exortação Apostólica Marialis Cultus,
1974, o papa Paulo VI desejou, em consonância com o Vaticano II e
especialmente com a LG, definir a forma do culto à Virgem Maria na
Liturgia. Em 1987 o papa João Paulo II publicou uma Encíclica dedicada a
Ela denominada Redemptoris Mater na qual destacava o lugar de
Maria na obra da Salvação e confirmou o título, Mãe da Igreja,
proclamada pelo Papa Paulo VI, no Concílio Vaticano II, em 21 de
novembro de 1964 e em 2002, no 25° ano de seu pontificado, publicou a
Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, uma carta dedicada
especialmente ao Santo Rosário, convocando a Igreja para que o ano
entre outubro de 2002 a outubro de 2003, fosse consagrado ao Rosário.
Nesta carta, o papa, também, propôs alterações no Rosário, acrescentando
os Mistérios Luminosos, que refletem sobre a revelação do Reino de Deus
já personificado em Jesus.
Para refletir:
- Vimos aqui, ainda que de forma bastante sintética, o tratamento da LG dispensado à Maria Santíssima. Como você entende o lugar de Maria na obra da Salvação? Por quê?
- A crítica e, às vezes, o ataque direto contra o catolicismo se funda na alegação de que tratamos Maria como se fosse a própria Divindade? O que você acha desta acusação?
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