José Antonio Pagola*
CURADOR
Segundo Marcos, a primeira atuação pública de Jesus foi a cura de um homem possuído por um espírito maligno na sinagoga de Cafarnaum. É uma cena de tirar o fôlego, narrada para que, desde o começo, os leitores descubram a força curadora e libertadora de Jesus.
É sábado e o povo se encontra reunido na sinagoga para escutar o comentário da Lei explicado pelos escribas. Pela primeira vez, Jesus irá proclamar a Boa Notícia de Deus precisamente no lugar onde se ensina oficialmente ao povo as tradições religiosas de Israel.
As pessoas ficam surpresas ao escutá-lo. Têm a impressão de que, até aquele momento, haviam escutado notícias velhas, ditas sem autoridade. Jesus é diferente. Não repete o que ouviu de outros. Fala com autoridade. Anuncia com liberdade e sem medo a um Deus Bom.
De repente, um homem “começa a gritar: Vieste para nos destruir?”. Ao escutar a mensagem de Jesus, se sentiu ameaçado. Seu mundo religioso entra em colapso. É-nos dito que está possuído por um “espírito imundo”, hostil a Deus. Que forças estranhas lhe impedem de continuar a escutar Jesus? Que experiências nocivas e perversas lhe bloqueiam o caminho para o Deus Bom que ele anuncia?
Jesus não se acovarda. Vê o pobre homem oprimido pelo mal e grita: “Cala-te e sai dele!”. Ordena que se calem essas vozes malignas que não o deixam encontrar-se com Deus nem consigo mesmo. Para recuperar o silêncio que cura o mais profundo do ser humano.
O narrador descreve a cura de maneira dramática. Num último esforço para destruí-lo, o espírito “sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu”. Jesus conseguiu libertar o homem de sua violência interior. Colocou fim às trevas e ao medo de Deus. De agora em diante, poderá escutar a Boa Notícia de Jesus.
Não poucas pessoas vivem em seu interior de falsas imagens de Deus que as fazem viver sem dignidade e sem verdade. Elas sentem Deus não como uma presença amistosa que convida a viver de modo criativo, mas como uma sombra ameaçadora que controla sua existência. Jesus sempre começa a curar, libertando de um Deus opressor.
Suas palavras despertam a confiança e fazem desaparecer os medos. Suas parábolas atraem para o amor a Deus, não para a submissão cega à lei. Sua presença faz crescer a liberdade, não as servidões; suscita o amor à vida, não o ressentimento. Jesus cura porque ensina a viver somente da bondade, do perdão e do amor que não exclui ninguém. Cura porque liberta do poder das coisas, do autoengano e da egolatria.
Segundo Marcos, a primeira atuação pública de Jesus foi a cura de um homem possuído por um espírito maligno na sinagoga de Cafarnaum. É uma cena de tirar o fôlego, narrada para que, desde o começo, os leitores descubram a força curadora e libertadora de Jesus.
É sábado e o povo se encontra reunido na sinagoga para escutar o comentário da Lei explicado pelos escribas. Pela primeira vez, Jesus irá proclamar a Boa Notícia de Deus precisamente no lugar onde se ensina oficialmente ao povo as tradições religiosas de Israel.
As pessoas ficam surpresas ao escutá-lo. Têm a impressão de que, até aquele momento, haviam escutado notícias velhas, ditas sem autoridade. Jesus é diferente. Não repete o que ouviu de outros. Fala com autoridade. Anuncia com liberdade e sem medo a um Deus Bom.
De repente, um homem “começa a gritar: Vieste para nos destruir?”. Ao escutar a mensagem de Jesus, se sentiu ameaçado. Seu mundo religioso entra em colapso. É-nos dito que está possuído por um “espírito imundo”, hostil a Deus. Que forças estranhas lhe impedem de continuar a escutar Jesus? Que experiências nocivas e perversas lhe bloqueiam o caminho para o Deus Bom que ele anuncia?
Jesus não se acovarda. Vê o pobre homem oprimido pelo mal e grita: “Cala-te e sai dele!”. Ordena que se calem essas vozes malignas que não o deixam encontrar-se com Deus nem consigo mesmo. Para recuperar o silêncio que cura o mais profundo do ser humano.
O narrador descreve a cura de maneira dramática. Num último esforço para destruí-lo, o espírito “sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu”. Jesus conseguiu libertar o homem de sua violência interior. Colocou fim às trevas e ao medo de Deus. De agora em diante, poderá escutar a Boa Notícia de Jesus.
Não poucas pessoas vivem em seu interior de falsas imagens de Deus que as fazem viver sem dignidade e sem verdade. Elas sentem Deus não como uma presença amistosa que convida a viver de modo criativo, mas como uma sombra ameaçadora que controla sua existência. Jesus sempre começa a curar, libertando de um Deus opressor.
Suas palavras despertam a confiança e fazem desaparecer os medos. Suas parábolas atraem para o amor a Deus, não para a submissão cega à lei. Sua presença faz crescer a liberdade, não as servidões; suscita o amor à vida, não o ressentimento. Jesus cura porque ensina a viver somente da bondade, do perdão e do amor que não exclui ninguém. Cura porque liberta do poder das coisas, do autoengano e da egolatria.
NECESSITAMOS DE MESTRES DE VIDA
Jesus não foi um profissional especializado em comentar a Bíblia ou interpretar corretamente seu conteúdo. Sua palavra clara, direta, autêntica, tem uma força diferente que o povo sabe captar imediatamente.
Não é um discurso aquilo que sai dos lábios de Jesus. Tampouco, uma instrução. Sua palavra é um chamamento, uma mensagem viva que provoca impacto e abre caminho no mais profundo dos corações.
O povo fica assombrado “porque não ensina como os mestres da lei, mas com autoridade”. Esta autoridade não está ligada a nenhum título ou poder social. Não provém da doutrina que ensina. A força de sua palavra é ele mesmo, sua pessoa, seu espírito, sua liberdade.
Jesus não é “um vendedor de ideologias”, nem um repetidor de lições aprendidas de antemão. É um mestre de vida que coloca o ser humano diante das questões mais decisivas e vitais. Um profeta que ensina a viver.
É duro reconhecer que, com frequência, as novas gerações não encontram “mestres de vida” a quem poder escutar. Que autoridade podem ter as palavras dos dirigentes civis ou religiosos se não estão acompanhadas de um testemunho claro de honestidade e responsabilidade pessoal?
Nossa sociedade necessita de homens e mulheres que ensinem a arte de abrir os olhos, maravilhar-se diante da vida e interrogar-se com simplicidade pelo sentido último da existência. Mestres que, com seu testemunho pessoal, semeiem inquietude, contagiem vida e ajudem a propor, sinceramente, as interrogações mais profundas do ser humano.
Fazem pensar as palavras do escritor anarquista A. Robin, pelo que podem pressagiar para a nossa sociedade:
“Suprimir-se-á a fé em nome da luz; depois se suprimirá a luz.
Suprimir-se-á a alma em nome da razão; depois se suprimirá a razão.
Suprimir-se-á a caridade em nome da justiça; depois se suprimirá a justiça.
Suprimir-se-á o espírito de verdade em nome do espírito crítico;
depois se suprimirá o espírito crítico”.
O evangelho de Jesus não é algo supérfluo e inútil para uma sociedade que corre o risco de seguir tais caminhos.
Tradução de: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.
* José Antonio Pagola é sacerdote espanhol. Licenciado (= mestrado) em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (1965), Diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no Seminário de San Sebastián e na Faculdade de Teologia do norte da Espanha (sede de Vitoria). Desempenhou o encargo de reitor do Seminário diocesano de San Sebastián e, sobretudo, o de Vigário Geral da diocese San Sebastián (Espanha). É autor de vários ensaios e artigos, especialmente o famoso livro: Jesus - Aproximação Histórica (publicado no Brasil pela Editora Vozes, 2010).
Tradução de: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.
* José Antonio Pagola é sacerdote espanhol. Licenciado (= mestrado) em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (1965), Diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no Seminário de San Sebastián e na Faculdade de Teologia do norte da Espanha (sede de Vitoria). Desempenhou o encargo de reitor do Seminário diocesano de San Sebastián e, sobretudo, o de Vigário Geral da diocese San Sebastián (Espanha). É autor de vários ensaios e artigos, especialmente o famoso livro: Jesus - Aproximação Histórica (publicado no Brasil pela Editora Vozes, 2010).
Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - 24/01/2012 - 22h24 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php
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