PADRE LUÍS KIRCHNER CSsR
Até recentemente houve duas maneiras básicas para entender e olhar para a Amazônia. A primeira enxergou a parte natural: as grandes árvores e as florestas, os rios e igarapés, os animais selvagens e as grandes riquezas minerais.
Uma outra mentalidade inclui algo sobre as pessoas que moram aqui: pessoas primitivas e exóticas; os índios, ribeirinhos, caboclos, ou seja, pessoas incapazes de aproveitar das riquezas que a natureza oferece. Deixaram muito a ser feito.
Cada caso representa um debate sobre o futuro da Amazônia. Um quer preservar este pulmão do mundo dos ataques de homens devoradoras, se não, perdemos este filtro purificador do planeta.
Na segunda visão, Amazônia é vista por seu potencial. Quanto dinheiro vale uma Amazônia? Quanto lucro existe na água, na madeira e na bio-diversidade?
Fatalmente entrarão em choque. O que têm em comum é que não levam em consideração as pessoas, os moradores, daqui, e as decisões não são tomadas aqui, mas longe, concentradas nos centros de poder, sem consultar quem vive aqui.
Até o tal desenvolvimento sustentável com mil definições continua com a sua devastação ambiental. É mais importante escutar as forças do mercado do que as opiniões de quem já vive aqui durante muito tempo e conhece bem a realidade. A C.F. 2007 diz sabiamente, “É preciso discernir. É preciso construir juntos, um novo pensamento que, a partir do Evangelho da vida e das “sementes do Verbo”, presentes nas culturas dos povos da Amazônia, possa orientar um caminho de construção democrática de uma nova Amazônia e de um novo País”. Se existe um grande apelo vindo da Amazônia, é ser ouvida por aqueles que moram fora dela, mas se acham dono dela, que querem propor soluções sem escutar quem vive aqui dentro!
Está faltando um novo conceito de TERRITÓRIO e de AMBIENTE. Estes itens tem sido chamados espaço de vida, casa, berço, útero gerador. São compostas de água, terras, árvores e animais que fazem parte de uma realidade sagrada, sinais da presença de Deus Criador. Não há no pensamento daqui um dualismo racionalista entre humanos e natureza, entre espiritual e material, entre realidades superiores e inferiores. Existe um grande mistério e o ser humano é um dos convidados a apreciar e participar nele. Recebe elementos para a sua vida e deve compartilhar aquilo que recebe.
Meu irmão, a Amazônia é outros quinhentos.
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