PADRE LUÍS KICHNER CSsR
O Sacramento de Matrimonio é uma grande escola que nos ensina amar, servir, se doar em função do outro, acabando com o nosso egoísmo e orgulho. Uma maneira para pensar sobre o natureza de Deus é vê-lo como Família. Existe nele fidelidade, intimidade, permanecia e comunhão. Estas virtudes fazem parte de cada casal e família pelo Sacramento do Matrimonio. Existem, pelo menos, quatro aspectos neste Sacramento:
1. SOCIAL. Não se casa para encontrar felicidade. Casa-se para fazer alguém ser feliz. A união conjugal não existe somente, apenas para o bem dos cônjuges. Estatísticas recentes apontam o fato que os jovens de hoje estão casando mais em função de si mesmos. Deste jeito, qualquer idéia de doação e de passar o resto da vida aprendendo a servir e promover o bem estar de outras pessoas ainda é um ideal longe da realidade. É verdade que cada cônjuge escolhe seu par, mas a finalidade deste amor e união vai além dos dois. A união conjugal abre cada um para um amor maior, mais abragente.
2. EMOCIONAL. Quem não ama é animal, bicho. É viver sem sentido. O verdadeiro prazer da vida vem através da entregue de si ao outro. O bom casamento e a vida familiar completa o que falta em cada pessoa humana. Os gregos criaram um mito segundo o qual os deuses tinham punido a humanidade, dividindo as pessoas em duas partes. O ser humano era infeliz, andando até encontrar a sua cara metade. Como é fantástico sentir-nos amados, ter alguém que quer o nosso bem.
3. É POR SI SEXUAL. A comunicação mais completa e total que acontece durante esta vida está no abraço sexual. Não é por nada que a Bíblia diz que o homem “conhece” sua esposa. Não é apenas uma penetração biológica ou física (o estupro é um ato de violência e dominação). O ato sexual feito com amor é uma previa do abraço eterno da Santíssima Trindade, que nos receberá em seu seio, que nos penetra com todo o seu carinho. O sexo feito como manda o divino figurino é o que mais revela o prazer e alegria do paraíso.
4. ESPIRITUAL. Não foi o Diabo que criou a sexualidade. É um dom de Deus. Como receber o Corpo de Cristo na Comunhão nos dá as graças de Deus, ao receber o corpo do outro, oferecendo o seu próprio corpo como presente de amor, o casal recebe as graças de Deus também. Na Cruz Cristo ofereceu a sua vida para salvar a humanidade. No Sacramento do Matrimonio, cada cônjuge dá sua vida para ajudar e salvar o outro. Jesus derramou seu Sangue. Na vida matrimonial, cada um jorra todas as suas energias em função do outro. Hoje em dia se fala muito de espiritualidade conjugal. Alguns pontos dessa espiritualidade:
A. Só se vive bem uma vida a dois aceitando a própria limitação e a limitação do outro, e perdoando. Ao perdoar, o cônjuge aceita voltar ao caminho original, reinicia de novo, muda de vida e corrige-se.
B. Buscando o Sacramento da Reconciliação (cf. o meu artigo no dia 9 de fevereiro), recebe-se um meio eficaz e eficiente de conversão e santificação. Um sacramento reforça o efeito do outro. Quem recusa perdoar o outro corre o risco de ser eliminado da misericórdia e do perdão do Senhor.
C. A vida conjugal é um caminho que o próprio casal traça. Não é algo já prefixado e definido, mas algo que se vai construindo. Cada casal, com sua própria personalidade e jeito, traz à união conjugal dons e talentos que enriquecem a vida a dois. Sem graça seria viver com alguém sem sal, que não contribui com algo original e inspirador.
D. É necessário que cada cônjuge se deixe moldar pelo outro, como o barro se deixa moldar para ser transformado num vaso. Senão resistência e obstáculos provocam quebras. Ser aberto à influência e às sugestões do outro permite crescimento. A doutrina do eu-tu de Martin Buber explica bem este processo. Viver é mudar. Ter mudado muito é sinal de uma pessoa feliz.
Na semana que vem concluiremos esta serie com mais reflexões sobre o grande Sacramento do Amor.
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