
PADRE FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO CSsR
Depois de alguns dias de ausência, volto a abusar da paciência de quem me lê.
Jornais trouxeram o resultado de uma pesquisa, feita por um instituto conhecido, mas encomendada por um grupo de defensores da liberação do aborto voluntário. O título da matéria, no referido jornal, já era tendencioso: “Maioria contra doutrina da Igreja”. Se aceitamos a veracidade da pesquisa, 59% dos entrevistados manifestaram-se favoráveis ao aborto, ainda que nem todos fossem favoráveis ao aborto sem restrições.
Diante desse resultado, podemos fazer duas considerações. Primeira: estamos diante de um fato que deve ser levado em conta pela Igreja e pela Sociedade, que se devem perguntar quais os fatores que estão influenciando o pensamento dessa maioria, e quais as conseqüências que daí poderão advir. Segunda: o certo e o errado no agir humano não são determinados por uma maioria de opiniões, por maior que seja. Só podemos falar de moralidade a partir de exigências inseparáveis do modo de ser humano. Sem esse pressuposto, podemos apenas falar de convenções sociais, que poderemos aceitar ou não conforme as conveniências do momento.
Se não parecer suficiente clara a insuficiência da maioria como critério de moralidade, basta fazer algumas suposições. Suponhamos que amanhã 51% da população sejam contrários à democracia e ao respeito aos direitos da pessoa, contrária à liberdade de opinião e de religião, contra a inclusão do homicídio e do roubo entre os crimes, favorável à pena de morte, à eliminação dos velhos, doentes, deficientes e todos os incapazes de prover por si mesmos a suas necessidades. Suponhamos que uma pesquisa do Instituto X demonstre que 51% da população considerem normais a mentira, o estupro, a pedofilia, a zoofilia e sei lá mais o quê. Digamos que a mesma pesquisa confirme que a maioria considera superadas as idéias de lealdade, fidelidade, respeito e outras antiguidades semelhantes. Será que, nesse caso, a opinião dessa maioria pode ser considerada norma de moralidade, indicando o certo e o errado no comportamento humano ?
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