PADRE FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO CSsR
De manhã bem cedo, com o orvalho ainda brilhando na grama, eu estava no início de uma aléia no parque. De um lado e do outro, as árvores ainda como que rígidas pelo sono da noite. Nem sei de onde, mas de repente ali estava um serelepe. Numa carreira rápida foi até árvore mais próxima, subiu pelo tronco uns dois palmos, olhou para todos os lados, saltou para o chão, flechou para o próximo tronco a uns dois passos, repetiu o exame dos arredores, e assim continuou de árvore em árvore até sumir no bosque lá no fundo.
Concordei com ele e com sua prudência atenta. Eu também sou de vôo curto, ou melhor, de carreira curta e fôlego de pouco alcance. Não posso pretender vôos longos, como as andorinhas que vão para os verões do norte, nem contar com arrancadas prontas que me levem para longe do perigo. Tenho de ir de árvore em árvore, de pedra em pedra, de degrau a degrau, de toca em toca. Não posso atirar-me à travessia do deserto, sem ter antes calculado e bem a distância entre os poços. O pão que levo não dura muito tempo, nem posso afastar-me muito da proteção das sombras.
Só me resta, Senhor, agarrar-me à tua mão, tentar alcançar até onde posso estendendo os braços, mas sem soltar-me. No máximo, quem sabe, obrigando-te a inclinar-te como pai, para que eu possa alcançar um pouco mais longe com mão que se agita à procura de novas conquistas.
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