PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Solidariedade é uma amizade ou um caminho?
Às vezes a mudança de palavra acaba despertando uma nova realidade. Usamos tanto a palavra fraternidade que acabou não nos impressionando mais. Com a chegada do termo solidariedade, conseguimos reavivar o sentido de fraternidade e projetar algo novo percebendo que o gesto é muito maior do que o doce amor fraterno.
Solidariedade é a verdadeira compaixão, aquilo que Jesus sentiu quando disse: “Tenho compaixão do povo que anda como rebanho sem pastor”. É disposição de partilha; é necessidade de partilha e de comunhão de bens e de vida.
Jesus deixou o novo mandamento, a trilha segura para organização da nova comunidade: “Amai-vos uns aos outros”. Já passamos dois séculos e a humanidade não quer esse caminho. Coloca em nossa frente caminhos alternativos e cada vez mais a sociedade se afunda no egoísmo, na luta pelo poder, pelo ter, pelo prazer, manipulando a pessoa humana e escravizando-a sob as mais diversas formas.
Continuamos a pensar que os problemas se resolvem por meio de leis, decretos e projetos. Mas vemos a onda crescente da desigualdade, da fome, da violência assolando multidões de irmãos. Não reconhecemos o outro como semelhança nossa, pessoas com direitos fundamentais, como escola, comida, moradia, trabalho, salário, saúde etc.
Diante dessa avalanche há quem diga: “Não adianta fazer, porque o pouco que eu fizer não resolve nada”. Aí está o problema, nós queremos colher o resultado; não queremos trabalhar as pessoas para que se conscientizem e comecem a viver o novo programa que Jesus deixou: a solidariedade.
Se repartirmos o pouco que temos cada dia, vamos ensinando os outros que eles também devem repartir. A consciência de que só seremos felizes quando os outros também o forem. Por isso precisamos entrar nessa luta, é o primeiro passo a ser dado. É preciso acreditar na solução dos problemas através da não-violência. É preciso criar consciência que o mundo não pode reger-se pelo lucro e que se deve dar uma destinação social aos bens. Não é nosso porque nós produzimos, mas é fruto da terra para ser distribuído.
Uma nova percepção de que a concentração dos bens nas mãos de alguns cria a exclusão social, cria a violência nos obrigando a repartir o que devíamos repartir voluntariamente. Nessa linha falaram os profetas do Antigo Testamento: “O sangue dos pobres branda aos céus e Javé não vai se esquecer disso”. Ninguém tem mais direito à vida do que o outro, nem podemos justificar as riquezas e desmandos através de nosso trabalho, porque há tantos que trabalham a vida inteira e não conseguem o necessário para viver com dignidade.
A solidariedade é o único caminho da não-violência, da partilha, da vida em comunhão: “Tive fome e me deste de comer”.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 3
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
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