Pe. João A. Mac Dowell S.J.
Não lhe parece que a reencarnação é a melhor explicação para a diversidade da sorte das pessoas neste mundo?
Não há dúvida que as condições de vida das pessoas no mundo são muito diversas. Alguns são privilegiados. Têm tudo para vencer na vida: saúde, talento, boa educação, recursos financeiros, amizades, etc. Outros, pelo contrário, parecem condenados ao fracasso, por causa de taras hereditárias, doenças mentais, ou um ambiente de miséria, fome e exploração.
De onde vem esta desigualdade? A doutrina da reencarnação oferece, como você dizia, uma explicação simples e aparentemente satisfatória. Cada um recebe na vida atual o que mereceu na sua existência anterior. Ele paga por seus pecados ou recebe a recompensa das boas ações que praticou em outra encarnação. Assim, para o espírita, a desigualdade da sorte das pessoas não é arbitrária, mas corresponde à justa retribuição de suas obras. Para dizer a verdade, eu não vejo nenhuma justiça nesta solução. Como posso ser castigado por faltas cometidas noutra vida, das quais não tenho nenhuma recordação nem sou pessoalmente responsável?
O Evangelho também ensina que o destino do homem depois da morte depende do seu comportamento aqui na terra. Mas, veja bem, para o cristão, esta retribuição ocorre na vida eterna e não numa outra vida terrena. Por isso, a nossa explicação da diversidade das situações que observamos neste mundo é outra. A existência, segundo a Bíblia, é um dom gratuito de Deus. Uma pessoa recebe um talento, outra cinco, outra dez, como na parábola de Jesus. Mas nessa diferença não há nenhuma injustiça.
Primeiro, porque a nossa existência não é um direito nosso. Não merecemos a vida, nem a saúde, nem qualquer outra circunstância favorável. Deus nos cria num gesto de amor, porque deseja comunicar a todos a sua felicidade. Ele não nos faz nenhum mal, só bem. Dá-me gratuitamente o bastante para viver eternamente com ele na paz e alegria. Como posso reclamar se outro recebeu ainda mais? Por acaso Deus não tem o direito de distribuir livremente os seus dons como lhe apraz?
O importante - este é o segundo motivo - é que qualquer pessoa, por mais difícil que seja a sua vida, pode alcançar a felicidade prometida por Deus. A nossa realização não depende da quantidade de talentos que recebemos, mas do modo como usamos esses talentos. Nem sempre o que possui mais vive melhor. Em última análise, o destino final de cada um depende da sua livre escolha: abrir-se a Deus e aos outros pela fé e pelo amor, ou fechar-se no próprio egoismo.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br
Não lhe parece que a reencarnação é a melhor explicação para a diversidade da sorte das pessoas neste mundo?
Não há dúvida que as condições de vida das pessoas no mundo são muito diversas. Alguns são privilegiados. Têm tudo para vencer na vida: saúde, talento, boa educação, recursos financeiros, amizades, etc. Outros, pelo contrário, parecem condenados ao fracasso, por causa de taras hereditárias, doenças mentais, ou um ambiente de miséria, fome e exploração.
De onde vem esta desigualdade? A doutrina da reencarnação oferece, como você dizia, uma explicação simples e aparentemente satisfatória. Cada um recebe na vida atual o que mereceu na sua existência anterior. Ele paga por seus pecados ou recebe a recompensa das boas ações que praticou em outra encarnação. Assim, para o espírita, a desigualdade da sorte das pessoas não é arbitrária, mas corresponde à justa retribuição de suas obras. Para dizer a verdade, eu não vejo nenhuma justiça nesta solução. Como posso ser castigado por faltas cometidas noutra vida, das quais não tenho nenhuma recordação nem sou pessoalmente responsável?
O Evangelho também ensina que o destino do homem depois da morte depende do seu comportamento aqui na terra. Mas, veja bem, para o cristão, esta retribuição ocorre na vida eterna e não numa outra vida terrena. Por isso, a nossa explicação da diversidade das situações que observamos neste mundo é outra. A existência, segundo a Bíblia, é um dom gratuito de Deus. Uma pessoa recebe um talento, outra cinco, outra dez, como na parábola de Jesus. Mas nessa diferença não há nenhuma injustiça.
Primeiro, porque a nossa existência não é um direito nosso. Não merecemos a vida, nem a saúde, nem qualquer outra circunstância favorável. Deus nos cria num gesto de amor, porque deseja comunicar a todos a sua felicidade. Ele não nos faz nenhum mal, só bem. Dá-me gratuitamente o bastante para viver eternamente com ele na paz e alegria. Como posso reclamar se outro recebeu ainda mais? Por acaso Deus não tem o direito de distribuir livremente os seus dons como lhe apraz?
O importante - este é o segundo motivo - é que qualquer pessoa, por mais difícil que seja a sua vida, pode alcançar a felicidade prometida por Deus. A nossa realização não depende da quantidade de talentos que recebemos, mas do modo como usamos esses talentos. Nem sempre o que possui mais vive melhor. Em última análise, o destino final de cada um depende da sua livre escolha: abrir-se a Deus e aos outros pela fé e pelo amor, ou fechar-se no próprio egoismo.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
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