PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Por que fazer jejum e abstinência de carne?
A prática do jejum não é tão nova que possamos criticar como desnecessária. Se não fazia parte do receituário religioso, fazia de terapias para alcançar o domínio sobre os sentidos.
No aspecto religioso já conhecemos o jejum como caminho de penitência, conversão e também como parte de um treinamento dentro do antigo caminho de ascese para conseguir controlar os sentidos e alcançar alguns degraus de santidade.
No Antigo Testamento o jejum ocupa lugar importante no ritual da dor, do luto. O jejum acompanhado de orações era sinal de arrependimento ou meio de alcançar as graças de Deus. No Levítico 16,1-31 (Nm 29,7) há prescrição do dia de jejum como dia do perdão e da expiação.
Jesus já criticava o ritualismo farisaico de quem jejuava, porque estava desligado da prática da justiça e da solidariedade. Isaías já criticava e propunha o novo caminho de libertação na justiça e no repartir o pão. Vale a pena ler o texto (58,6-7).
Por outro lado Jesus jejuou, o mesmo fez João Batista e seus discípulos. Mas parece claro o sentido que Jesus e Isaías deram ao jejum: não a prática ritual do jejum desligado da vida, da prática da justiça e da solidariedade. Parece que acontecendo isso não há necessidade do jejum. Caso contrário o jejum tem o sentido de denúncia da injustiça que está acontecendo, do essencial que está faltando à sociedade.
O Novo Testamento não gasta palavra com o jejum, aparece apenas em momento de oração para decisões.
Na Igreja temos uma tradição de jejum como o caminho penitencial e a prática de ascese. Abstinência de carne é apenas uma praxe que já devia ter desaparecido, porque abster-se de carne o pobre o faz todo dia, e o rico, no dia da abstinência a substitui por algo melhor.
Na realidade latino-americana, onde uma grande porcentagem da população já passa fome e já faz outros sacrifícios e carrega tantas cruzes, não há como exigir o jejum e a abstinência de carne.
O jejum tem sentido, se deixo de comer e reparto com os outros. Privar-se de alguma coisa tem sentido na medida em que outros, os mais necessitados, recebam o suficiente para o seu sustento básico.
Realmente é fácil cair no ritualismo e na falsa piedade de quem cumpre a Lei e de nos sentir culpados se não a cumprimos, desconhecendo a dura realidade do pobre que jejua o ano inteiro ou vive pressionado por um mísero salário para sustentar sua família por um mês.
Hoje há tanta gente fazendo jejuns e dietas por pura exigência de saúde ou capricho de manter a forma e a beleza. Lindos e formosos deviam ser os cavalos de Salomão. Na bíblia há a história do pobre Lázaro que recolhia as migalhas da mesa do rico. “Ai de vós, fariseus hipócritas” (Mt 6,16-18).
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 6
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
Por que fazer jejum e abstinência de carne?
A prática do jejum não é tão nova que possamos criticar como desnecessária. Se não fazia parte do receituário religioso, fazia de terapias para alcançar o domínio sobre os sentidos.
No aspecto religioso já conhecemos o jejum como caminho de penitência, conversão e também como parte de um treinamento dentro do antigo caminho de ascese para conseguir controlar os sentidos e alcançar alguns degraus de santidade.
No Antigo Testamento o jejum ocupa lugar importante no ritual da dor, do luto. O jejum acompanhado de orações era sinal de arrependimento ou meio de alcançar as graças de Deus. No Levítico 16,1-31 (Nm 29,7) há prescrição do dia de jejum como dia do perdão e da expiação.
Jesus já criticava o ritualismo farisaico de quem jejuava, porque estava desligado da prática da justiça e da solidariedade. Isaías já criticava e propunha o novo caminho de libertação na justiça e no repartir o pão. Vale a pena ler o texto (58,6-7).
Por outro lado Jesus jejuou, o mesmo fez João Batista e seus discípulos. Mas parece claro o sentido que Jesus e Isaías deram ao jejum: não a prática ritual do jejum desligado da vida, da prática da justiça e da solidariedade. Parece que acontecendo isso não há necessidade do jejum. Caso contrário o jejum tem o sentido de denúncia da injustiça que está acontecendo, do essencial que está faltando à sociedade.
O Novo Testamento não gasta palavra com o jejum, aparece apenas em momento de oração para decisões.
Na Igreja temos uma tradição de jejum como o caminho penitencial e a prática de ascese. Abstinência de carne é apenas uma praxe que já devia ter desaparecido, porque abster-se de carne o pobre o faz todo dia, e o rico, no dia da abstinência a substitui por algo melhor.
Na realidade latino-americana, onde uma grande porcentagem da população já passa fome e já faz outros sacrifícios e carrega tantas cruzes, não há como exigir o jejum e a abstinência de carne.
O jejum tem sentido, se deixo de comer e reparto com os outros. Privar-se de alguma coisa tem sentido na medida em que outros, os mais necessitados, recebam o suficiente para o seu sustento básico.
Realmente é fácil cair no ritualismo e na falsa piedade de quem cumpre a Lei e de nos sentir culpados se não a cumprimos, desconhecendo a dura realidade do pobre que jejua o ano inteiro ou vive pressionado por um mísero salário para sustentar sua família por um mês.
Hoje há tanta gente fazendo jejuns e dietas por pura exigência de saúde ou capricho de manter a forma e a beleza. Lindos e formosos deviam ser os cavalos de Salomão. Na bíblia há a história do pobre Lázaro que recolhia as migalhas da mesa do rico. “Ai de vós, fariseus hipócritas” (Mt 6,16-18).
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 6
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
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