PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
É certo fazer o bem por medo do castigo, ou na esperança da recompensa?
Em nossa cabeça perdura ainda a velha frase que ora nos enchia de alegria, ora nos colocava medo: “Se você for bom, Deus lhe dará o céu; se você for mau, Deus castiga”.
O medo do castigo faz com que as pessoas não amadureçam sua fé. E como há pessoas que gostam e até precisam viver sob a pressão do castigo! Não seria pura vaidade a pessoa poder dizer: “Hoje fiz muitas boas obras, por isso mereci o céu”?
Quando lemos em Paulo que ninguém pode pronunciar o nome de Jesus se não receber uma graça para isso, assusta-nos uma teologia que nos ensinava que nós conseguiríamos a recompensa por qualquer esforço que fizéssemos. Isso aproxima muito da teologia de algumas igrejas que prometem a salvação com facilidade e convencem as pessoas de que estão salvas pelo simples fato de dizer que aceitaram Jesus.
Quem somos nós? Já navegamos muito através das nove sextas-feiras e nove sábados para garantir a salvação ou trocá-la pela fidelidade a nove dias de novena. Essa redução de doutrina já prejudicou muito o amadurecimento religioso e já ajudou muita gente a abandonar sua fé, quando perceberam que isso não tem fundamento num raciocínio normal. Em se tratando de salvação, sabemos que tudo nos vem gratuitamente.
A generosidade será sempre a melhor resposta a Deus por nos ter escolhido. Jamais conseguiremos fazer algo que nos mereça a graça que é Jesus. Ele é dom gratuito, dom do amor do Pai.
Não posso considerar um hino de louvor e gratidão à vida de quem procurou ser bom só para garantir o céu ou merecer a bênção. Veja como foi gratuito o pai de família que deu o mesmo salário para quem trabalhou desde cedo e para quem chegou na última hora.
Seria muito mais correto pensar nesse Deus que nos ama e nos procura sempre, do que agir pelo medo de um possível acerto depois.
O sistema de recompensa e castigo torna as pessoas servis, escravas e favorece a manipulação do sagrado dentro da Igreja. A história mostra certas fases da vida da Igreja, em que isso a marcou como uma chaga vergonhosa. Até que ponto manter esse estado de coisas que mais parece uma das estratégias para manter o poder?
A graça do Espírito não só nos libertará de todas as servidões das leis e obrigações humanas, mas nos conduzirá gratuitamente e docemente pelos caminhos de Jesus.
A fé é libertadora; é para pessoas livres. Servir desinteressadamente a Deus e à Igreja é um forte apelo para viver no louvor e na ação de graças: “Vós me fascinastes, Senhor, e eu fiquei seduzido”.
Só a animação da força do Espírito nos faz produzir os frutos do amor.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 6
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
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