Pe. João A. Mac Dowell S.J.
Jesus diz que é preciso perdoar até os inimigos. Não é uma exigência impossível? Como podemos esquecer a ofensa de quem nos despreza e humilha continuamente?
De fato, o perdão é um mandamento absoluto de Cristo, uma exigência central de sua mensagem, condição para ser perdoado por Deus e receber a sua salvação: "Se perdoardes aos homens as suas culpas também vosso Pai celeste vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, vosso Pai celeste não perdoará as vossas culpas" (Mt 6,14s).
Mas é preciso entender bem que significa perdoar. Trata-se de querer bem mesmo a quem me ofendeu, quer dizer, querer o seu bem verdadeiro, que inclui a sua conversão, a sua mudança de malfeitor em amigo. O perdão implica a renúncia ao ódio e à vingança. É um gesto gratuito. Não espero que o outro peça perdão e repare sua ofensa, mas me antecipo desejando-lhe todo bem. O perdão é, portanto, uma expressão do amor; e sem amor não pode haver vida verdadeira.
É nesse nível que o perdão é algo absolutamente necessário para estar em paz com Deus: no nível da vontade, da decisão livre, não do sentimento. Não está em nosso poder não sentir a ofensa, esquecer o mal que nos foi feito. Nem Jesus exige isso. Querer, porém, o bem ou o mal, a vida ou a morte, do irmão, já é uma coisa que depende de nós, embora a decisão de perdoar possa custar muito. De fato, é a experiência humilde do perdão misericordioso de Deus, apesar de todos os nossos erros e ingratidões, que nos permite perdoar os irmãos. "Perdoai-vos mutuamente como Deus em Cristo vos perdoou", diz S.Paulo (Ef 4,32) e Jesus nos exorta: "sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso". À medida que experimentamos como Deus é bom, paciente e compreensivo conosco, o seu Espírito vai purificando o nosso coração e a nossa memória: a ferida se transforma em compaixão por quem nos fez mal, a queixa em oração pelo seu bem.
Sem esta atitude de perdão gratuito e generoso não é possível viver contente, em paz. Estaremos sempre nos lamuriando, porque os outros não nos tratam com a consideração que merecemos. Qual é o ser humano que consegue dar aos outros tudo o que deve, em termos de atenção, ajuda, afeto, gratidão? Voluntaria ou involuntariamente, aqueles com quem convivemos, marido ou mulher, pais ou filhos, parentes e colegas, estarão sempre em falta conosco, e nós com eles. Se eu perdoo, ainda que com o coração sofrido, a convivência para mim deixará de ser amarga: encontrarei a paz. Se o perdão é mútuo, crescerá entre nós a comunhão e a alegria, dons do Espírito de Deus.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br
Jesus diz que é preciso perdoar até os inimigos. Não é uma exigência impossível? Como podemos esquecer a ofensa de quem nos despreza e humilha continuamente?
De fato, o perdão é um mandamento absoluto de Cristo, uma exigência central de sua mensagem, condição para ser perdoado por Deus e receber a sua salvação: "Se perdoardes aos homens as suas culpas também vosso Pai celeste vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, vosso Pai celeste não perdoará as vossas culpas" (Mt 6,14s).
Mas é preciso entender bem que significa perdoar. Trata-se de querer bem mesmo a quem me ofendeu, quer dizer, querer o seu bem verdadeiro, que inclui a sua conversão, a sua mudança de malfeitor em amigo. O perdão implica a renúncia ao ódio e à vingança. É um gesto gratuito. Não espero que o outro peça perdão e repare sua ofensa, mas me antecipo desejando-lhe todo bem. O perdão é, portanto, uma expressão do amor; e sem amor não pode haver vida verdadeira.
É nesse nível que o perdão é algo absolutamente necessário para estar em paz com Deus: no nível da vontade, da decisão livre, não do sentimento. Não está em nosso poder não sentir a ofensa, esquecer o mal que nos foi feito. Nem Jesus exige isso. Querer, porém, o bem ou o mal, a vida ou a morte, do irmão, já é uma coisa que depende de nós, embora a decisão de perdoar possa custar muito. De fato, é a experiência humilde do perdão misericordioso de Deus, apesar de todos os nossos erros e ingratidões, que nos permite perdoar os irmãos. "Perdoai-vos mutuamente como Deus em Cristo vos perdoou", diz S.Paulo (Ef 4,32) e Jesus nos exorta: "sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso". À medida que experimentamos como Deus é bom, paciente e compreensivo conosco, o seu Espírito vai purificando o nosso coração e a nossa memória: a ferida se transforma em compaixão por quem nos fez mal, a queixa em oração pelo seu bem.
Sem esta atitude de perdão gratuito e generoso não é possível viver contente, em paz. Estaremos sempre nos lamuriando, porque os outros não nos tratam com a consideração que merecemos. Qual é o ser humano que consegue dar aos outros tudo o que deve, em termos de atenção, ajuda, afeto, gratidão? Voluntaria ou involuntariamente, aqueles com quem convivemos, marido ou mulher, pais ou filhos, parentes e colegas, estarão sempre em falta conosco, e nós com eles. Se eu perdoo, ainda que com o coração sofrido, a convivência para mim deixará de ser amarga: encontrarei a paz. Se o perdão é mútuo, crescerá entre nós a comunhão e a alegria, dons do Espírito de Deus.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
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