Pe. João A. Mac Dowell S.J.
Na igreja fala-se muito de amor e perdão das ofensas. Mas o perdão indiscriminado não pode encorajar os prepotentes a continuar a fazer o mal?
Você tem razão, em parte. É preciso distinguir entre o perdão propriamente dito e o tratamento que deve ser dado aos que nos ofendem. Não podemos ser perdoados por Deus, se não os perdoamos de todo coração. Perdoar aqui significa não pagar mal por mal, antes desejar o bem, a felicidade, mesmo dos que nos fizeram mal. Neste sentido a exigência de perdão não admite excessões.
Mas este perdão que se traduz no desejo do bem do outro, não significa necessariamente deixar passar sem mais a injustiça cometida. Não se trata de fechar os olhos ao mal. Ao contrário, trata-se de enfrentá-lo, de procurar superá-lo, mas sem ódio, nem vingança, com o amor no coração. É preciso em cada caso verificar qual é a melhor atitude a tomar. Às vezes a solução mais cristã é simplesmente não exigir nenhuma satisfação, sobretudo quando a pessoa está sinceramente arrependida do mal que fez. Posso renunciar livremente a meu direito de receber uma reparação pelo prejuizo causado à minha fama, à minha saúde, aos meus negócios, se Deus me pede este sacrifício em função de um bem maior. Mais ainda. Como fizeram Catarina de Sena e outros cristãos generosos, posso tratar com especial bondade e dedicação aqueles que me ofenderam ou se mostram mais ingratos, esperando por meio deste testemunho de amor gratuito mudar o seu coração.
Mas noutras circunstâncias o bem maior levará a exigir uma reparação da injúria. Outro santo, Inácio de Loyola, processou um caluniador e insistiu para que o tribunal chegasse à sentença condenatória, porque, enquanto pairasse qualquer suspeita sobre a integridade de sua vida e ensinamento, seu trabalho de evangelização ficaria prejudicado. Não foi por desejo de vingança que ele tomou esta iniciativa. Embora tivesse perdoado de coração o seu ofensor, sentia-se na obrigação de combater o mal provocado pela ofensa. Outras vezes a reparação deve ser exigida por motivos educativos ou preventivos. Posso perdoar e ao mesmo tempo querer que o malfeitor seja castigado, por amor dele e dos outros, se a punição vai contribuir para que não volte a cometer a mesma injustiça.
É preciso, portanto, discernir em cada caso como devemos nos comportar diante de uma ofensa, mas sempre animados pelo amor sincero pela pessoa que nos ofendeu.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
EDITORA SANTUÁRIO
João A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br
Na igreja fala-se muito de amor e perdão das ofensas. Mas o perdão indiscriminado não pode encorajar os prepotentes a continuar a fazer o mal?
Você tem razão, em parte. É preciso distinguir entre o perdão propriamente dito e o tratamento que deve ser dado aos que nos ofendem. Não podemos ser perdoados por Deus, se não os perdoamos de todo coração. Perdoar aqui significa não pagar mal por mal, antes desejar o bem, a felicidade, mesmo dos que nos fizeram mal. Neste sentido a exigência de perdão não admite excessões.
Mas este perdão que se traduz no desejo do bem do outro, não significa necessariamente deixar passar sem mais a injustiça cometida. Não se trata de fechar os olhos ao mal. Ao contrário, trata-se de enfrentá-lo, de procurar superá-lo, mas sem ódio, nem vingança, com o amor no coração. É preciso em cada caso verificar qual é a melhor atitude a tomar. Às vezes a solução mais cristã é simplesmente não exigir nenhuma satisfação, sobretudo quando a pessoa está sinceramente arrependida do mal que fez. Posso renunciar livremente a meu direito de receber uma reparação pelo prejuizo causado à minha fama, à minha saúde, aos meus negócios, se Deus me pede este sacrifício em função de um bem maior. Mais ainda. Como fizeram Catarina de Sena e outros cristãos generosos, posso tratar com especial bondade e dedicação aqueles que me ofenderam ou se mostram mais ingratos, esperando por meio deste testemunho de amor gratuito mudar o seu coração.
Mas noutras circunstâncias o bem maior levará a exigir uma reparação da injúria. Outro santo, Inácio de Loyola, processou um caluniador e insistiu para que o tribunal chegasse à sentença condenatória, porque, enquanto pairasse qualquer suspeita sobre a integridade de sua vida e ensinamento, seu trabalho de evangelização ficaria prejudicado. Não foi por desejo de vingança que ele tomou esta iniciativa. Embora tivesse perdoado de coração o seu ofensor, sentia-se na obrigação de combater o mal provocado pela ofensa. Outras vezes a reparação deve ser exigida por motivos educativos ou preventivos. Posso perdoar e ao mesmo tempo querer que o malfeitor seja castigado, por amor dele e dos outros, se a punição vai contribuir para que não volte a cometer a mesma injustiça.
É preciso, portanto, discernir em cada caso como devemos nos comportar diante de uma ofensa, mas sempre animados pelo amor sincero pela pessoa que nos ofendeu.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE-VOLUMES 1 E 2
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João A. Mac Dowell S.J.
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