PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Tudo é pecado — verdade ou rigorismo exagerado?
Há uma teologia espalhada no meio do povo que vai de boca em boca ensinando que a “gente faz pecado a toda hora”. Quem sabe tenha nascido da verificação de que somos todos pecadores. Mas ser pecador revela apenas a tendência da natureza humana, que vive e convive com uma atmosfera de pecado, fazendo o pecado e suas conseqüências serem sentidos a todo o momento.
Ser pecador não significa necessariamente que fazemos pecado a toda hora. E nem haveria possibilidade disso. Ninguém é tão mau que não consiga algo de bom, nem que seja apenas um sorriso. Nessa hora esse sorriso mostrou que o Reino de Deus está no meio de nós.
Poderia também essa idéia ter nascido de uma teologia que, ao falar de justificação — o modo como Deus perdoa —, ensina que Jesus nos cobre com seus merecimentos, mas no fundo ainda continuamos pecadores. Não é esse, porém, o ensinamento da Igreja. Quando Deus perdoa, ele extingue o pecado, o pecado já não existe. O que pode permanecer é a lembrança, o trauma que esse pecado produziu na pessoa, o que não significa que este ainda exista.
Para mudar essa idéia temos de começar a dizer para as pessoas que “nem tudo é pecado”. O pecado supõe a maldade, um desejo de se afastar de Deus, de desconhecer os valores que Deus ensinou por palavras ou gravou em nossos corações e na natureza. Ele supõe um desrespeito à vida existente em nós, na natureza e nos outros. Supõe egoísmo, o orgulho de não aceitar os outros, a não valorização das pessoas.
Há quem nos pergunte: “Será que pequei?”, e em vez de pecar, está até fazendo o certo. Quantas vezes pensamos que nossas “briguinhas” caseiras, bate-bocas caseiros, o que na verdade não passa de uma falta de educação, são pecados. Não nos educaram para o diálogo, para ouvir, para a conversa mansa, para o respeito e percepção de que o outro também é gente. Não nos educaram para viver em comunidade. O certo é que vamos ter de aprender tudo isso com calma e tempo; um trabalho de educação contínua para vivermos em comunidade.
O fato de nem tudo ser pecado não quer dizer que tudo se pode fazer. São Paulo lembra muito bem quando diz: “Tudo eu posso, mas nem tudo me convém”.
A melhor atitude que podemos tomar quando percebemos que não agimos bem, não fomos felizes no modo de nos expressar, é dizer: “Na próxima vez eu acerto e ainda chego lá”.
Do Livro:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - VOLUME 3
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
http://www.redemptor.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.