Padre Walmir responde em 25/01/10

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR


Não identificada: Estou numa situação muito delicada. Sei que meu chefe está roubando da empresa e o dono me pediu um relatório, se eu esconder, podem me acusar de cúmplice, se eu disser a verdade, esse colega vai para a rua na hora e ele é pai de família e tem um filho recém nascido. O que fazer?
Jesus nos ensina a dizer a verdade sempre. Não podemos ser coniventes com o erro, ainda mais nessa gravidade. Não esconda a verdade. Ele deveria ter pensado mais nas conseqüências de seus atos, se é pai de família responsável, deveria ter mais responsabilidade no trabalho também. Muitos criminosos perigosos são pais de família e nem por isso deixam de ser criminosos. Você não só pode ser acusada de cúmplice, mas está sendo de fato.

Madalena Ribeiro: Já li em algum lugar que o ser humano só consegue ser feliz na vida quando ajuda seu próximo? Quer dizer que, quem não faz caridade vai direto para o inferno?
A colaboração que podemos prestar ao outro de fato é uma grande felicidade. Somos seres de relação e não fomos feitos para viver sozinhos e muito menos no egoísmo. A caridade, que significa amor, deveria ser praticada por todos, independente de religião, de raça ou de qualquer outra diferença que exista entre nós. Sabemos que Deus é misericórdia e perdão, Ele saberá nos julgar, mas, segundo o julgamento final descrito em Mateus 25, 31-46, seremos julgados pelas nossas ações em favor ou contra as pessoas.

Jane Mara: Em Lc 10, 21-24 Jesus agradece a Deus por ter mostrado seus ensinamentos aos simples e não aos sábios e instruídos. Poderia me explicar isto?
A ação de Jesus não é fácil de ser acolhida, pois ele fez opção de uma vida mais simples e de manifestar o seu evangelho aos mais pobres, claro não excluindo os ricos, mas chamando a atenção destes para a solidariedade, para a conversão. Isto não era fácil de ser compreendido, como ainda hoje não é muito fácil. A ação da Igreja em favor dos mais pobres tem provocado muita incompreensão, principalmente pelos mais favorecidos, que se acham donos do mundo. Já os pobres, são mais acolhedores, são mais abertos à opção de Jesus, por isso o seguiam.

Lola Dutra: Até que ponto a Igreja pode influenciar na educação dos filhos? Seria até o ponto em que eles possam escolher seus próprios caminhos?
Eu entendo que a Igreja somos todos nós, a família que é cristã, ela é parte da Igreja e, por essa razão vejo que a Igreja pode e deve influenciar sempre na educação dos filhos. Os valores cristãos devem ser ensinados para que os filhos vivam felizes, sendo justos, honestos, sinceros, leais e etc. Sabendo que a educação recebida vale para toda a vida, vejo que o ensinamento cristão, repassado aos filhos na vida familiar é para que eles tenham poder de escolha e de decisão para o bem.

Jamira Souza: Por que o povo fala que a Igreja é a noiva e Jesus é o noivo? Não entendo.
No Antigo Testamento, os profetas falam da relação de Deus com a humanidade: Deus quer desposar a humanidade, Ele o esposo fiel que quer o bem de sua amada esposa. Também no Novo Testamento vemos essa alegoria do casamento. Somos como a noiva (povo de Deus que aguarda a salvação) que aguarda a vinda do noivo (Jesus, o Salvador). Devemos viver na vigilância da fé, para que quando o noivo chegar nos encontre revestidos da veste nupcial, ou seja, dos valores cristãos.

Sebastiana Queiroz: Não suporto mais minha nora, ela chega aqui em casa querendo dar ordens, com isso estou me afastando do meu filho. Será que ela não percebe que antes dela chegar eu já estava na vida do meu filho?
Não se trata aqui de medir forças para ver quem estava primeiro na vida do seu filho, mas sim de relação que precisa ser bem conversada. Creio que a senhora precisa conversar mais com seu filho sobre o modo de sua nora proceder em sua casa. Não está certo que ela dê ordens em sua casa, mas pode ser que ela o faça com boas intenções, mas se não for, mostre a ela como deve proceder. Não fique disputando a preferência de seu filho, pois são duas pessoas que ele ama de maneira diferente. O diálogo é a melhor saída.

Sonia Mendes: Uma pessoa separada pode cantar e tocar no coral de uma Igreja, não é errado?
Não vejo nada de errado nisso. A Igreja não pode excluir as pessoas porque são separadas, divorciadas, ou em qualquer outra situação. A Igreja não permite que as pessoas com situação irregular participem da comunhão eucarística, mas não pode proibir que elas cultuem a Deus, ou prestem algum serviço na mesma. Isto seria um absurdo. O preconceito é um grande pecado que não podemos admiti-lo entre nós.

Não identificada: O padre da minha paróquia é muito severo. A gente não pode fazer nem uma coreografia que ele não deixa, por causa disso os jovens estão se afastando. O que temos que fazer?
Em primeiro lugar conversar com ele, por mais severo que seja ele deve ouvir seus fiéis. Claro que precisa haver diálogo, bom senso no relacionamento. Que ele explique o porquê não permite e que você fiéis, manifestem-se também. Não pode haver intransigência nem de uma lado e nem de outro. Se a coisa ficar insuportável, aí só procurando o bispo para tentar resolver.

Maria da Paixão: Não acho justo o Brasil mandar ajuda para o povo do Haiti, sendo que aqui tem gente precisando também.
Precisamos fazer caridade sempre, não podemos viver como pessoas egoístas, fechado em nosso mundo. Quando acontece uma calamidade como a do Haiti, o mundo não pode ficar de braços cruzados só assistindo a desgraça dos outros. De onde eles tirarão verbas para a reconstrução do país? Para matar a fome dos que foram duramente atingidos pelos terremotos? Não seja injusta minha filha, abra seu coração para o mais necessitado. Ninguém disse que temos que largar os necessitados daqui para atender os de lá, podemos fazer as duas coisas sem prejuízo. Eu digo para você que não é justo pensar assim, seja mais humana e mais cristã, a fome é doída demais, o sofrimento daquele povo é enorme!

Não identificada: Estou morrendo de preocupação, minha filha vai casar e descobri que não é mais virgem. E agora?
Não se preocupe assim, oriente-a para ser bem verdadeira com o seu noivo. Pode ser que ele já saiba, mas se não souber é bom que ela diga a verdade antes, para não haver discórdias no futuro.

Não identificada: Meu marido arrumou outra pessoa e não quer que eu vá à mesma Paróquia que ele. O que devo fazer? Ele continua na mesma casa que eu e ainda colocou aliança de compromisso na mulher.
Em primeiro lugar estou só com sua versão, mas mesmo assim eu acho uma falta de vergonha na cara uma pessoa agir assim e ainda mais que é freqüentador de uma igreja, como pode? Se vocês estão separados, então separe logo de vez, esse negócio de ser separado e viver na mesma casa não dá, acho isso um absurdo, porque acaba surgindo o ciúme, que é natural. Mas procurem resolver essa situação. Agora, você não é obrigada a mudar de igreja por causa da falta de vergonha dele.

Neide Félix: Explique a passagem em Ezequiel 13, 3-5.
Ezequiel está, em nome de Deus, criticando a ação dos falsos profetas, que usam da religião para enganar as pessoas e usufruir de benefícios para si e não se preocupam com o povo. Existiam muitos falsos profetas, como ainda hoje existem, que falam em nome de Deus para enganar as pessoas e tirar proveito dos pobres.
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