Padre Walmir responde em 11/02/10

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR

Camila Cristina: O senhor acredita na força do pensamento? O que o senhor tem a dizer sobre isso? Já viveu alguma experiência nesse sentido?
Eu acredito na força do pensamento sim, mas não no sentido de que tudo posso, mas na força de um pensamento positivo, de uma fé confiante e alegre que Deus pode tudo. Precisamos ter confiança e alegria, nunca desânimo em pedir alguma coisa para Deus e ficar duvidando de que Ele não vai atender. A força do pensamento que acredito é essa, ser positivo, acreditar, se lançar nas mãos de Deus. Se faço um tratamento, mas não tenho confiança, fico duvidando, certamente ele não fará o efeito necessário, por isso disse, acredito na força positiva de nossa fé. Pensar sempre positivo, nunca desanimar diante de desafios.

Aristides Lima: Estamos em mais um ano de eleições. Teoricamente, o Brasil é tido como um país democrata, o que deveria dar liberdade ao povo de querer ou não votar, como acontece em países mais desenvolvidos. Qual a sua opinião?
Eu também comungo com sua opinião de que não deveríamos ser obrigados a votar, mas ao mesmo tempo vejo que o voto é um instrumento de democracia, pois através dele podemos mudar os rumos de nosso país. Infelizmente ainda não aprendemos a votar bem; não sabemos escolher nossos representantes e colocamos pessoas corruptas e sem escrúpulos para nos governar. Acredito que outra forma de governo, como o parlamentarismo, seria mais democrática.

Elizabeth: Estamos em ano de eleições. O que diria para as pessoas que vendem seus votos? Elas também não estariam vendendo suas almas ao diabo agindo assim?
Eu diria que elas estão erradas e cometendo um grande pecado, a corrupção. Eu condeno a atitude de quem vende e de quem compra votos. Isso é contribuir para que o mal se instale cada dia mais entre nós. Se vendemos o voto, vendemos nossa consciência, compactuamos com a corrupção, somos tão criminosos quanto quem compra.

Almira Leite: O senhor costuma conversar com seus fiéis após a missa? Eles costumam dizer quando chegam mal à Igreja e se sentem aliviados após a missa? O senhor tem algum relato desse tipo que o comoveu?
Eu sempre me sinto comovido com as manifestações de fé de nosso povo, fico muito feliz em saber que alguma coisa do evangelho ou do que falei encontrou ressonância em algum fiel. Converso muito com as pessoas que freqüentam a Matriz de Campinas e dou liberdade para expressarem suas opiniões, seja para concordar ou para discordar de alguma coisa da celebração, do que falei, ou mesmo da atividade pastoral da Igreja. Acho que isso contribui para o crescimento da fé das pessoas. Várias pessoas já me falaram que as celebrações que aqui na matriz realizamos tocam fundo no seu coração, não só as que eu celebro, mas dos outros padres também. Entre tantas me lembro de uma pessoa que estava freqüentando uma igreja protestante e disse que voltou porque não agüentava a saudade da mãe (Nossa Senhora) e da Eucaristia. Isso é comovente.

Edinamara Silva: A televisão em excesso pode interferir no caráter das pessoas? Eu conheço gente que assimila até as manias dos personagens de novelas.
Tudo em excesso estraga o caráter das pessoas, até religião. Precisamos viver com equilíbrio e sensatez. As novelas são destruidoras de valores, passam uma imagem falsa da realidade e motivam as pessoas a viverem essa falsidade. Precisamos pisar no chão e não viver nas nuvens. Os valores estão sendo diluídos por uma cultura de que tudo é descartável. Não vemos nas novelas o retrato de uma família alicerçada em valores humanos e cristãos, o que vemos é a degradação da família e a destruição dos valores que levam ao respeito, à dignidade da pessoa. Com raras exceções vejo que a TV é um grande mal de nosso tempo. Aproveita-se muito pouco. Eu ficaria só com os programas de informação, noticiários e algum programa educativo, o resto é lixo.

Neide Aparecida: O que significa a palavra “escatologia”?
Escatologia é uma parte da Teologia que estuda sobre as realidades futuras, além morte. É uma doutrina sobre a consumação do tempo e da história. Tratado sobre os fins últimos da pessoa humana. Podemos dizer que é uma doutrina das últimas coisas e se preocupa com o fim do mundo e com o destino final da humanidade.

Guida Marinho: Gostaria que o senhor me explicasse a passagem em Levítico cap. 12, vers. de 2 a 5 que diz que havia diferença quanto às exigências da lei em relação ao parto de um menino e uma menina?
Vou responder com uma explicação de rodapé da Bíblia da editora Vozes que fala assim: “ Na história das religiões a impureza está ligada a momentos de crise (passagem de um estado a outro) da vida humana, como o nascimento, a puberdade, o casamento e a morte. Por isso também fenômenos ligados a tais momentos de crise, como o parto e a menstruação, tornam a mulher impura”. A diferença de purificação entre o parto de menino e menina está na cultura da época, que era muito machista. Uma coisa importante que devo esclarecer, nós, cristãos, não somos obrigados a seguir esses rituais de purificação, pois eram para aquele determinado tempo e não para hoje.

Não identificada: Nossa Senhora foi enterrada? Jesus realmente conversa com a gente?
Segundo a Tradição da Igreja Nossa Senhora não foi enterrada, prova disso é que nunca se teve notícia do túmulo de Maria, mas ela foi assunta aos céus em corpo e alma, com o nos diz o dogma da Assunção de Nossa Senhora. Sobre o outro questionamento, é claro que Jesus conversa conosco, mas não como conversamos uns com os outros. Ele fala através de sua Palavra proclamada na liturgia, através dos sacramentos, através da Igreja e também através dos acontecimentos. É preciso prestar atenção para ouvir sua voz, que é ouvida na consciência e não pelos ouvidos.

Irene Borges: Dizem que o Purgatório é um lugar de sofrimento, no qual certas almas são, entre a morte e o juízo, purificadas pelo fogo. Que fogo é este? Seria este Purgatório perto do inferno?
Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12´13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório. Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo: "Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu" (Catecismo da Igreja Católica, §1030). Logo, as almas do Purgatório "estão certas da sua salvação eterna", e isto lhes dão grande paz e alegria. Falando sobre isso, disse o Papa João Paulo II: "Mesmo que a alma tenha de sujeitar-se, naquela passagem para o Céu, à purificação, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus."(Alocução de 03 de julho de 1991; LR n. 27 de 07/7/91) O Catecismo da Igreja ensina que: "A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos, purificação esta que é totalmente diversa da punição dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença (1438´1445) e de Trento (1545´1563)" (§ 1031). "Este ensinamento baseia-se também sobre a prática da oração pelos defuntos.

Não identificada: Minha filha tem 18 anos hoje, ela sempre foi à Igreja Católica comigo, só que agora ela está envolvida com amigas e bebidas. Eu e ela estamos sempre brigando, falo para ela que se acontecer algo de errado, não conte comigo. Estou pecando?
Não está certo você agir assim, pois ela é sua filha e precisa de sua orientação e apoio em todos os momentos de sua vida. Geralmente os adolescentes passam por crises, o que é natural, pois estão passando por uma etapa de transformação. O envolvimento com amigas é natural, agora é preciso ver com quem ela anda, se não está entrando por caminhos errados. Não brigue com ela, mas a oriente. Dialogue e mostre o valor de continuar freqüentando a Igreja, mesmo que se divirta isso não é problema. O diálogo é o melhor remédio, a briga não resolve muito, vai acabar fazendo com que ela se revolte.

Valdima Lopes: Por favor, comente sobre “os mortos enterrarem seus mortos” e sobre a pedra angular.
No tempo em que o evangelista Mateus escreveu seu evangelho, muitos cristãos estavam desanimados por causa da exigência em seguir as pegadas de Jesus, devido a perseguição. Mateus aplica-lhes uma sentença sobre o dito de Jesus para que fossem mais coerentes com a fé. Falar em deixar os mortos enterrarem seus mortos, significa dizer que não podemos ficar com desculpas que temos que cuidar de nossos pais e/ou outras situações para adiar nosso compromisso com Cristo e seu evangelho. O evangelista exorta os cristãos a confrontar-se com as palavras do Senhor e a amadurecer uma consciência mais viva do significado verdadeiro do seu ser discípulo. Ele quer mostrar que é preciso comprometer-se e viver concretamente a decisão de seguir Jesus.
Pedra angular é a pedra fundamental de um alicerce, onde a estrutura da casa se apóia. Jesus é a pedra angular, fundamental em que se apóia o edifício Igreja.

Não identificada: Comente sobre o cerco de Jericó.
“Pela fé caíram os muros de Jericó, depois de rodeados por sete dias.” Hebreus 11, 3. Esta prática nasceu na Polônia. Consiste na oração incessante de Rosários, durante sete dias e seis noites, diante do Santíssimo Sacramento exposto. De onde veio a inspiração para o “Cerco de Jericó”? No Antigo Testamento, depois da morte de Moisés, Deus escolheu Josué para conduzir o povo hebreu. Deus disse a Josué que atravessasse o Jordão com todo o povo e tomasse posse da Terra Prometida. A cidade de Jericó era uma fortaleza inexpugnável. Ao chegar junto às muralhas de Jericó, Josué ergueu os olhos e viu um Anjo, com uma espada na mão, que lhe deu ordens concretas e detalhadas. Josué e todo Israel executaram fielmente as ordens recebidas: durante seis dias, os valentes guerreiros de Israel deram uma volta em torno da cidade. No sétimo dia, deram sete voltas. Durante a sétima volta, ao som da trombeta, todo o povo levantou um grande clamor e, pelo poder de Deus, as muralhas de Jericó caíram… (cf. Js 6).

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