PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Como ajudar quem está para morrer?
Por ortotanásia entendemos a realização e o respeito a dois valores éticos do morrer: respeito à vida humana e direito de morrer dignamente. A morte é o último acontecimento importante da vida humana, não podemos privar o ser humano de assumir esse momento de uma maneira digna e respeitosa.
Isso significa que devamos usar os recursos ordinários na medicina sem, contudo, nos esquecermos de que é importante dar atenção aos aspectos humanos de uma assistência, criando um clima de confiança, de calor humano ao redor do doente. Ele não pode experimentar a angústia da solidão nessa hora.
Faz parte dessa assistência a presença religiosa, a fé constitui uma ajuda muito grande para se poder vencer o medo da morte e as várias tensões que se criam dentro de cada um.
Nenhum remédio pode tirar a possibilidade de o doente assumir a própria morte. Além disso deve-se respeitar o direito do doente de escolher se enfrenta essa hora com dor ou sem dor. Morrer é a última ação do ser humano. Como se pode tirar dele o direito de decisão?
A sociedade hoje procura esconder a morte e suas conseqüências. Tudo é feito para minimizar esse acontecimento. Nós entramos nessa onda e tentamos também disfarçar as situações críticas para que o doente não perceba. O importante é não iludir o doente, é ser desumano dar esperança a quem já não a tem. Todos devíamos preparar-nos para ajudar a pessoa a aceitar com serenidade a morte como um passo para a vida nova com Deus. Aceitar não porque Deus quer, mas porque a natureza já dá sinais visíveis de que não consegue reter a vida.
Como se trata de um momento difícil, vejo aqui a importância dos ministros dos enfermos, das visitas aos doentes levando a eles a confiança, a esperança e a conformidade. Como nos sentimos mal diante do que fazem alguns familiares que se atiram no desespero e se desmancham em crises histéricas piorando ainda mais a situação já custosa. Culpam a Deus, aos médicos, à medicina. Aquilo que devia ser uma aposta pela vida, uma vez que a existência terrena não é definitiva, acaba em cenas de desespero absurdo.
Hoje é difícil morrer, porque tudo nos impede de chegar a uma reflexão sadia, séria e condizente com essa hora. A sociedade oculta a morte, mas ela existe ao nosso redor. Jesus se comove diante da morte e dá sua vida para que outros possam viver plenamente. Ele aceita sua morte, apesar da angústia e do medo. No alto da cruz nos dá a última lição: “Pai, em vossas mãos entrego meu espírito”.
Hoje podemos serenamente dizer: Jesus nos ensina a viver e nos ensina a morrer. Oxalá rezássemos todos os dias: “Senhor, dai a cada um sua própria morte”.
Do Livro:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - VOLUME 3
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
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