Padre Walmir responde!

Pe. Walmir Garcia dos Santos, CSsR


Em 22/10/09

Maria Míriam: A Igreja está muito parada. Teve a parada gay e nenhum bispo deu parecer contra. O que está acontecendo?
A Igreja não está parada pelo simples fato de não ter falado nada contra a parada gay. Tem coisa que é melhor ficar calado, outras devemos falar. Procuremos respeitar as opiniões das pessoas e suas opções, isto não significa que aceitamos os erros. A Igreja deve pronunciar, e faz isto sempre, a favor e/ou contra abusos existentes na sociedade. Muitas vezes a opinião da Igreja vira propaganda, por isso é preciso prudência, falar sempre na hora certa e com palavras certas.

Helena Auxiliadora: O que a nossa Bíblia católica tem a mais da Bíblia protestante?
Quando os Apóstolos saíram para evangelizar os outros povos, eles usaram uma tradução grega do Antigo Testamento, feita no Egito no séc. III antes de Cristo, chamada Setenta, ou Septuaginta. Esta tradução foi feita para os judeus que viviam fora de Israel e que não entendiam mais o hebraico e nem o aramaico. Na época a lista dos livros sagrados ainda não estava pronta e assim aconteceu que a lista dos livros desta tradução ficou mais comprida do que a lista da Bíblia hebraica (usada em Israel). É desta diferença entre a Bíblia hebraica da Palestina e a Bíblia grega que nasceu a diferença entre a Bíblia dos protestantes com a católica. São sete livros que tem na nossa Bíblia que não tem na dos protestantes: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, I Macabeus e II Macabeus, além de algumas partes de Daniel e de Ester.

Rosilda Cândida: Qual livro da Bíblia fala da correção de filhos?
Toda a Bíblia possui ensinamentos úteis para o bom relacionamento humano e familiar, mas temos alguns que possuem orientações diretas sobre esse assunto: Livro dos Provérbios, Eclesiástico, Sabedoria e algumas cartas de S. Paulo.

Aparecida: Padre, viúva pode comungar?
Claro que sim, todos podem comungar, desde que estejam vivendo na graça de Deus. Para participar da Sagrada Comunhão é preciso estar com o coração puro, isto é, sem pecado grave. Por isso a Igreja orienta para que procuremos o Sacramento da Reconciliação.

Augustinha: Quando Jesus ainda estava na terra ele se referia a “Deus” como “Pai”. E Jesus era chamado de Mestre. Seria porque naquela época, havia vários deuses e Jesus não queria que confundissem o Deus verdadeiro com os falsos?
Não era para isso que Jesus chamava a Deus de Pai, mas para nos ensinar a aproximar de Deus, não tê-lo como distante de nós, mas nos aproximarmos dele como nosso Pai querido, que se preocupa conosco, que está entre nós. Ele nos ensinou a chamar a Deus de Pai para nos relacionarmos melhor com ele.

Sandra Abreu: Admiro demais a fidelidade dos muçulmanos no modo como rezam. Deveria ser um modelo para as demais religiões, especialmente para aqueles que rezam pouco ou que nunca rezam. O que o senhor pensa a respeito?
Certamente tudo o que é bom devemos aprender. São Paulo nos fala que devemos observar tudo e ficar com o que é bom. Admiro também a fidelidade dos muçulmanos na oração, não admiro neles o radicalismo, mas a fidelidade na oração é admirável. Devemos aprender sempre a buscar a vontade de Deus na oração, foi o que Jesus nos ensinou. Nós cristãos temos o modelo do próprio Cristo, que era um homem de profunda oração.

Ferdinando Costa : Qual a origem da palavra “Sacrário”?
Vem do latim: “Sacrariu”, que significa lugar onde se guardam coisas sagradas. Lugar onde se guardam as hóstias consagradas. Também significa lugar reservado e respeitável.

Virgínia Peixoto: Se Jesus foi batizado adulto, por que nós somos batizados quando crianças?
Minha cara amiga, o batismo que Jesus recebeu não é o mesmo batismo que recebemos. Ele recebeu o batismo de João, que era um chamado à conversão, à penitência, à mudança de vida. Claro que Jesus não precisava deste batismo, e o próprio evangelho diz isso. Ele quis iniciar a sua vida pública de pregador, com o batismo de João. A Igreja tem o costume de batizar criança desde o seu início, é uma tradição. Os apóstolos batizam os convertidos ao cristianismo e batizam famílias inteiras, que se entregavam ao novo caminho. Por isso, por tradição a Igreja continua realizando esse gesto, acolhendo na graça de Deus também as crianças. A Igreja confia nos pais a transmissão e educação na fé de seus filhos.

Marley: Na hora da missa onde fala-se: “Receba, Senhor, este sacrifício para glória de seu nome...” o que devemos responder?
Minha amiga Marley, esta frase já é uma resposta do convite à oração que o padre nos dirige dizendo: “Orai irmãos e irmãs para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo poderoso”.

Nair Andrade: O que foi feito do madeiro onde Jesus foi crucificado? Nunca ouvi falar de seu paradeiro.
Segundo uma tradição antiga Helena, mãe do imperador romano Constantino, levou o madeiro onde Jesus fora crucificado para Roma, capital do Império Romano. Este madeiro está conservado numa Igreja na cidade de Roma, chamada Igreja da Santa Cruz. Lá estão expostos ao público um pedaço significativo do madeiro, como também os cravos da crucificação.

Alaíde Girotto: A Bíblia contém várias profecias, entre elas o fim do mundo. Mas, o tempo passa e pelo que vejo, o mundo não vai acabar, como aconteceu no dilúvio. Tem alguma outra explicação para isso?
Alaíde, a Bíblia não é um livro de ciência, mas sim um livro de revelação, de experiência de Deus. Devemos ler sempre perguntando o que Deus está querendo nos ensinar? Através de comparações e do uso de linguagem figurada devemos aprender a estar atentos aos sinais dos tempos, com isso não queremos dizer que existirá um fim do mundo, mas todos nós teremos um fim, por isso a atenção para estarmos preparados vivendo na justiça e no amor.

Cléa Sardinha: Em minha casa, todos gostamos muito de televisão. Não abrimos mão nem na hora das refeições. Temos TV até na cozinha. É pecado tomar refeições vendo TV? A gente quase nem conversa mais...
Minha amiga Cléa, cuidado com ao que está acontecendo em sua casa. Não é pecado ver TV, o pecado está na última frase de sua questão: “quase nem conversamos mais...”, isto é grave, pois a falta de diálogo gera distúrbios irreparáveis na convivência. A TV não pode comandar a vida de vocês. O que dá sentido à vida de uma família é a convivência saudável, todos sabendo o que se passa na vida de cada um, se ficam ligados só na telinha, vocês não estão vendo o que está acontecendo ao redor. Aí reside o pecado

Não se identificou: Para confirmar a nossa fé, é necessário que recebamos os três sacramentos: Batismo, Eucaristia e Crisma. Sou catequista, mas estou notando dúvidas nos jovens quando chega a hora de crismar. O que fazer? Estou com um sobrinho com esta dificuldade.
O problema não está no jovem que tem dúvida, isto é plenamente normal. O problema está na família que não incentiva e não sabe propor o bem para os filhos. É um problema também da catequese que, muitas vezes com o despreparo dos catequistas, não sabem transmitir o valor dos sacramentos para a juventude. Reveja seus métodos e mostre o valor da fé, dos sacramentos e da vida que decorre dos sacramentos.

Virgínia Lobato: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, os loucos desprezam a sabedoria e a instrução”. Li esta frase em Provérbios, mas não concordo que devemos “temer” a Deus. Comente sobre esta frase, por favor.
Olhe Virgínia, o Temor do Senhor é um dos sete dons do Espírito e significa respeito. Deus é tão grande, infinitamente maior do que nós, por ser o nosso Criador, que devemos nos curvar diante dele. Esse respeito deve ser tão grande, que foi chamado de Temor, não no sentido de ter medo, apavorar diante de Deus, mas de um respeito tão grande que, repito, curvamos diante de sua Onipotência.

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