Padre Walmir responde em 29/10/09

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR


Lourdes Souza: Sou casada apenas no civil, não tenho condições de fazer um casamento no religioso. Vivemos muito bem, felizes, podemos nos considerar abençoados por Deus?
Abençoados todos somos, só de ter o dom da vida já é uma bênção, mas no sentido que você pergunta não podem ser considerados abençoados. O sacramento do matrimônio é um sinal eficaz da presença de Deus na vida de um casal que se ama. Gostaria aqui de fazer um comentário importante: você fala que não tem condições de fazer um casamento no religioso. Se você está falando de condições financeiras, digo a você que isso não é problema, não considere o casamento como todo o cerimonial pomposo que normalmente fazem. Não é isso que qualifica o casamento e que o faz ter sentido. O casamento no religioso pode e deve ser simples, não precisa ter toda aquela parafernália que usam nas celebrações. Tudo aquilo é enfeite e, enfeite pode ser dispensado. Os casamentos mais bonitos e significativos que já celebrei foram celebrações simples, sem vestido de noiva, sem terno e gravata, sem enfeites e músicas tradicionais, mas foram celebrações simples, mas feitas com muita fé. Aconselho você e rever seu conceito de sacramento e procurar a Igreja para legalizar sua situação, para que a sua felicidade seja completa.

Arlete Neves: O que significa a palavra “Transubstanciação”?
Essa palavra significa mudança de substância. Ela faz referência à Eucaristia, que é a transformação o pão e o vinho em Corpo e Sangue de Cristo.

Helena Bento: Às vezes leio alguns trechos que nos recomendam agradecer, inclusive nos momentos de sofrimento. Isso é muito difícil. Concorda com isso? Por que temos que agradecer a dor?
Nós não temos que agradecer a dor e muito menos agradecer o sofrimento, mas temos que saber enfrentar tudo com espírito agradecido, saber tirar proveito das dificuldades para o nosso crescimento. Quando S. Paulo nos fala para sermos agradecidos sempre, ele está nos motivando a viver em ação de graças, saber reconhecer os benefícios que Deus nos concede; agradecer os desafios que enfrentamos é ter forças para superá-los. Não sejamos gratos à dor, mas sim à força que Deus nos dá para enfrentá-la. Quando reclamamos de tudo, passamos a colocar dificuldade em superar o sofrimento.

Não identificada: Estou cansada de ouvir que precisamos aprender a ser felizes, sem depender das pessoas. Estou sozinha há muitos anos e não me conformo, não consigo se feliz assim. Por outro lado, está cada vez mais difícil confiar nos homens. E Deus disse: “não é bom que o homem esteja só”. E daí?
De fato Deus disse isso, porque não fomos criados para viver na solidão, isolados, somos criados para viver em sociedade. Você diz estar infeliz sozinha, mas desconfia de todos, assim você não será feliz nunca. É preciso ter esperança, ir em busca de alguém, sair do seu mundinho fechado. Se você não se conforma em viver só, busque, mas saiba que nunca encontrará a pessoa perfeita dos seus sonhos, pois você também não é perfeita, cada um tem qualidades e defeitos, só Deus é perfeito. Saiba que a felicidade é encontrada e vivida dentro dos limites que somos e temos.

Virginia Salgado: A informação de que a Igreja Católica está dividida em “tradicionais e renovados” é verdadeira?
Esta informação não procede, não estamos divididos em tradicionais e renovados, de fato existem as linhas de pensamento, de teologia, algumas mais tradicionais e conservadoras, outras mais liberais, outras ainda mais espiritualizantes, mas isso não quer dizer que estejamos divididos. A diferença de pensamento e de modo de ação não implica em divisão. Podemos discordar de uma linha ou de outra, mas acreditamos nas mesmas coisas, professamos a mesma fé, estamos em comunhão, porque seguimos a mesma doutrina, a da Igreja Católica Apostólica de rito romano. Não há divisão, como vemos nas Igrejas Protestantes, onde cada qual pensa de um jeito e cria uma igreja segundo seu pensamento.

Genesi da Cunha: O senhor não acha que as pessoas poderiam ter uma participação mais ativa na missa? Por que não escolher alguém da assembléia para fazer a leitura do dia?
Na Paróquia onde eu trabalho é sempre feito isso, escolhemos pessoas que freqüentam a missa para fazer as leituras. Quanto a participação maior na missa, vejo que já uma participação ativa dos leigos na celebração, assumindo diversos ministérios (serviços) e, também o povo em geral pode e deve participar ativamente nos cânticos, nas respostas, na atenção à celebração, na frequencia ativa em todos os momentos da celebração. Não vejo que precisa mudar isso, já que tem muitos modos de participar.

Elizabete Castro: Eu “amo” ler a Bíblia! Ela é o meu refúgio. Gostaria que o senhor falasse sobre a seguinte passagem: 1Cor 14, 3.
São Paulo está falando sobre a importância dos dons do Espírito Santo na vida do cristão e neste trecho ele fala da importância do dom da profecia, e ele diz que esse dom é maior do que o dom de línguas. Hoje vemos que muitas pessoas valorizam muito o dom de línguas em detrimento de outros dons mais importantes. Quem fala em línguas estranhas (que é um dom) fala para Deus, agora quem tem o dom da profecia exerce-o para o bem da comunidade. Paulo chega a dizer que quem tem o dom de li9nguas deve exercê-lo só quando tem alguém que sabe interpretar, se não houver deve ficar calado, pois dom não é para exibir-se, mas para colaborar na evangelização.

Marina Dias: Sou uma das milhões de pessoas que perdeu um ente querido, no caso, minha mãe e nunca me conformei. Fale alguma, um consolo, ainda choro muito pela falta dela, principalmente quando chega finados.
Tem uma canção da Igreja que diz assim: “A vida pra quem acredita, não é passageira ilusão, e a morte se torna bendita, porque é nossa libertação”! E continua a canção: “Nós cremos na vida eterna, e na feliz ressurreição, quando de volta a casa paterna, com o Pai os filhos se encontrarão”! Veja minha cara amiga que a morte não deve ser encarada como uma desgraça, mas sim como libertação. Nós devemos manifestar a nossa gratidão a Deus pela ressurreição. Ele não nos deixa na morte, mas nos acolhe, nos ressuscita, nos dá a verdadeira e definitiva vida, a eterna. Podemos nos entristecer com a morte das pessoas que amamos, mas não devemos ficar desesperados e nem desesperançados, pois se temos saudades dos que foram, também devemos ter a certeza de que estão bem, é o que nos diz a Palavra de Deus.

Não identificada: O senhor já foi procurado por alguém que queria se suicidar? Estou com uma amiga muito desesperada e a única pessoa que ela ainda ouve, sou eu, e não estou sabendo o que dizer. Por favor, me ajude.
Muitas pessoas já me procuraram com essa intenção de se matar. O desespero leva as pessoas a pensarem em eliminar a vida, mas eu sempre digo para elas, se morte resolvessem problemas, seria muito fácil. É preciso ter muita paciência com pessoas com tendência suicida, seja paciente com essa sua amiga, procure acalmá-la e dar a ela sugestões de como sair do problema que parece não ter solução. Tudo na vida tem solução! Acolha sua amiga e seja amorosa com ela e, se puder leve-a a uma Igreja, para ter uma conversa com um padre, acho que seria bom para ela. Reze muito por ela.

Talita Neruda: Jesus disse: “ Ninguém vai ao Pai, senão por mim”. Isso quer dizer que Deus não nos ouve? Se falarmos diretamente com Ele?
Minha amiga, quando Jesus disse isso, Ele fez referencia ao seu ensinamento. Nós só podemos chegar ao céu se fizermos a vontade de Deus, expressa por Jesus, ou em outras palavras, seguir os seus ensinamentos. Que ouve a Palavra de Deus e a põe em prática, esse irá para os braços do Pai. Só podemos viver a nossa fé em Deus, seguindo o que Jesus nos ensinou.

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