Padre Walmir responde em 12/11/09

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR

Jorgina Helena: Quando se excomunga uma pessoa, não se tem volta? E quais os pecados que levariam uma pessoa a esse castigo?
Claro que tem volta sim, a excomunhão não é eterna, desde que a pessoa reconheça o erro cometido e volte à comunhão com a Igreja e com os ensinamentos de Jesus Cristo. Todo pecado é uma forma de sairmos da comunhão com Deus, mas aqueles mais graves, onde expressamos uma heresia, uma seja, negamos o ensinamento de Cristo e negamos sua atuação no mundo e na Igreja é sinal de excomunhão. Por exemplo, realizar atos que neguem a existência de Deus; praticar voluntariamente o aborto, sem arrependimento e levar as pessoas a isto; procurar pregar contra os ensinamentos de Cristo, negar sua existência; negar a revelação de Deus através da Bíblia e através da Igreja. E muitos outros erros.

Fernanda Rezende: Existe algum caso em que se é permitido quebrar o sigilo do confessionário? Ou isso não deve ocorrer em hipótese alguma?
Não existe caso nenhum que se pode quebrar o sigilo da confissão. O que se diz no confessionário deve morrer lá. Em hipótese alguma o padre pode revelar um segredo de confissão. Se algum padre revelar o segredo de uma confissão ele está sujeito a ser excomungado, perdendo o direito de exercer seu sacerdócio.

Beatriz da Luz: Para onde iria a alma das pessoas que se dizem ateus? Ouvi dizer que eles andam aumentando bastante e que já têm ONG´s que estão se organizando.
Eu não saberia dizer para onde irão as almas dos ateus, mas digo que as pessoas têm que ser conseqüentes com suas ações. Se uma pessoa não quer de maneira alguma admitir a existência de Deus, então deve admitir que não verá Deus, pois nEle não acredita. A situação de inferno é a pessoa saber que poderia se diferente, mas ela não aceitou, então vive a falta de Deus. De fato tem gente se organizando em ONGs para disseminar o ateísmo, infelizes, só digo isso, são infelizes. Mas também acredito num Deus infinitamente misericordioso e salva quem Ele quer.

Hugo Jorge: O que a Igreja exige para que um milagre seja comprovado?
A Igreja exige prova concreta. O milagre é a realização do que seria humanamente impossível. Por exemplo, no caso de uma cura de uma doença, a Igreja exige a prova concreta da cura, com laudos médicos reconhecendo que aquela doença não teria cura pela medicina e que ela aconteceu. A cura de uma doença deve ter comprovação documental e não pode ser só uma melhora provisória, mas duradoura.

Neusa Oliveira: É costume pedir que pessoas orem por outras, pensando que talvez Deus as ouça mais rápido. Isto não seria comodismo de alguém que não deseja trabalhar sua fé?
Bem, eu não vejo assim, pois a oração tem alcance infinito e é costume rezarmos, orarmos uns pelos outros. Jesus disse que devemos orar, rezar, sem cessar. São Paulo fala que devemos orar uns pelos outros. Claro que a pessoa pela qual rezamos, não deve se acomodar, pensando que só a oração do outro irá alcançar a graça, mas ela deve se abrir à graça, mas também devemos pedir pela conversão do outro, pela mudança de rumo de sua vida, enfim a oração pelo outro é necessária e importante.

Veronice de Pádua: Explique mais detalhadamente esta passagem: “Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo” (2ª. Tm 2, 7)
S. Paulo está falando do sentido do sofrimento por causa do evangelho de Jesus Cristo. Primeiro ele exorta Timóteo a progredir na graça de Cristo e ser nela perseverante, trabalhando a graça de Deus em sua vida e ele conclui dizendo essa expressão acima, que pode ser traduzida em outras palavras como estas: “ Entende bem o que pretendo dizer, pois o Senhor te dará compreensão em tudo.”

Denice Borba: Gostaria de entender por que Jesus Cristo é chamado de Deus por nós, católicos se Ele mesmo gostava e pedia que fosse chamado de Mestre?
Em primeiro lugar um esclarecimento: Jesus não gostava e nem pedia que o chamassem de Mestre, os outros é que o consideravam Mestre por causa de sua sabedoria. Quanto a nós chamarmos de Deus, não somos nós católicos que o chamamos de Deus, mas Ele de fato é Deus. Leia o primeiro capítulo de S. João para ver ali expresso claramente que Ele é Deus. Não podemos identificar Deus só com a figura do Pai, mas a revelação bíblica nos ensina que o Pai, o Filho (Jesus) e o Espírito Santo formam o único Deus no qual acreditamos e seguimos. É o mistério bonito da Santíssima Trindade, não são três deuses, mas três pessoas num só Deus.

Vânia Caetano: Gostaria que o senhor comentasse esta passagem de Lucas 13, 18-21 onde Jesus diz: “Com o que o Reino de Deus é parecido? Que comparação posso usar? Ele é como uma semente de mostarda que um homem pega e planta na sua horta...”
Jesus está nos mostrando que apesar de aparentemente tímida a pregação do Reino ele vai acontecendo na história. Não se pode deixar de reconhecer que uma semente, mesmo muito pequena, tem a força da planta que dela brotará. Apesar da força do evangelho parecer tímido na busca da transformação do mundo não podemos deixar de viver a esperança de que ele se realizará. Em diversas comparações Jesus nos mostra a força de sua Palavra.

Deusdete Amarantes: Por que pessoas que oram muito têm, apesar disso, um caráter muito ruim, são invejosas, ciumentas, coléricas, sem benevolência, nem tolerância, podendo ser, algumas vezes, viciosas?
Existem pessoas que não vivem o que pregam, são incoerentes, hipócritas. Jesus condena tais atitudes e incoerência. Não concordo com a pergunta, pois não podemos generalizar dizendo que pessoas que oram muito são assim. Os que agem com incoerência são, posso garantir uma minoria. Conheço muitas pessoas que se dedicam a uma vida de oração e que vivem com muita dedicação ao próximo, vivem como pessoas coerentes este é o objetivo de vivermos em comunhão com Deus. Quem vive com incoerência, não pode ser considerado como uma pessoa de oração.

Maura Damásio: O Papa João Paulo II certa vez disse que “a família é patrimônio da humanidade porque por meio dela que, conforme os desígnios de Deus, se deve prolongar a presença do homem na terra”. Então os padres estão indo contra os ensinamentos de Deus!
Desculpe mas não vi nexo na questão. Por que os padres estão contra os ensinamentos de Deus? Você deve estar se referindo ao celibato, certamente. Veja uma coisa, quem escreveu a frase que você citou é um celibatário. Deixar de casar, deixar de ter filhos não significa ir contra os ensinamentos de Deus, pois fazemos parte de uma família, viemos de uma família constituída e promovemos a vida em família. O celibato é conseqüência de um conselho da própria palavra de Deus, em S. Paulo, que orienta os evangelizadores a serem como ele, solteiro, desimpedido das preocupações familiares, para se dedicar inteiramente ao serviço do evangelho, mas em momento algum ele diz que todos devem ser assim. É importante cada um viver feliz na vocação ao qual foi chamado.

Rosana Cuban: Por que Jesus mudou o nome de alguns apóstolos?
A mudança de nome se faz referência à mudança de vida. O nome, expressa a pessoa e sua missão (Jesus significa Deus salvador). Por exemplo, ele mudou o nome de Simão para Pedro, por dar a ele a missão de ser pedra, fundamento, alicerce para a Igreja nascente.

Romélia Alves: A violência no mundo todo está tão assustadora, as Igrejas por sua vez, estão cheias de fiéis rezando, mas a crueldade parece só crescer. O que mais nos resta fazer? Será que a nossa fé está fraca?
O que nos resta fazer é o que devemos fazer sempre, ensinar, educar nossa família para o bem. Promover o diálogo e a compreensão entre as pessoas. De fato a violência é crescente, mas não é dominante. Ainda se predomina o bem, apesar de as noticias enfatizarem o aspecto negativo. Não se noticia o bem realizado, note isso, com raridade se noticia algo bom. Continuemos rezando, movendo nossos corações para não sermos incoerentes com nossa fé e sermos mais autênticos. Se conseguimos mudar nosso coração e das pessoas que nos rodeiam, seremos fermento que vai fazendo a sociedade mudar.

Divina Cândida: Não sei se viu a reportagem de uma moça que foi agredida na Universidade por causa da roupa que usava, que aliás, na minha opinião, totalmente sem propósito. O senhor acha que as mulheres precisam apelar dessa forma?
Achei um absurdo tal agressão por causa de uma roupa, aliás, nada pode justificar agressão às pessoas, temos que respeitar a liberdade das pessoas usarem o que quiserem. Por outro lado acho que as pessoas devem ser conseqüentes com suas ações e seus modos. Se souber que uma vestimenta vai provocar reação nas pessoas, por que usar? Não acho que as mulheres devem apelar dessa forma. Se usar algo provocante, não reclame se houver algum engraçadinho que aproveita da situação. É a ação que provoca uma reação. Agora não aceito a hipocrisia da Universidade que expulsou a moça, se tiver motivo de punição, deveriam ser punidas ambas as partes, quem provocou e quem manifestou contra a veste da moça. Mas infelizmente vejo que as pessoas apelam demais no modo de vestir, provocando as pessoas.

Jonas Dirceu Castilho: Apesar de tantas orientações que se vê por aí, milhares de adolescentes estão às voltas com uma gravidez precoce. Como a Igreja tem trabalhado na orientação de seus jovens e quais os efeitos surtidos nesse trabalho?
A orientação deve vir do berço e não deixar só para a Igreja. Hoje se tem muita informação, mas não se tem educação. É preciso que cada família converse com seus filhos, para evitar a informação errada, na hora errada. Os pais devem alertar muito seus filhos para os riscos de uma vida muito libertária. É preciso conversar sobre tudo, inclusive sobre sexo, para serem mal informados pelo nosso mundo perverso. A Igreja, através da catequese e através dos movimentos que a compõe tem orientado os jovens nesse sentido e temos muitos frutos, basta ver que muitos têm tomado atitude de viver o valor da virgindade.

Baltazar de Castro: Ninguém sabe dizer quantas foram as pessoas que escreveram a Bíblia e dizem que os textos foram escritos em épocas diferentes. Explique isto, por favor.
Não foi uma única pessoa que escreveu a Bíblia. Muita gente deu a sua contribuição: homens e mulheres, jovens e velhos, pais e mães de família, agricultores e operários de várias profissões; gente instruída que sabia ler e escrever e gente simples que só sabia contar histórias; gente viajada e gente que nunca saiu de casa; sacerdotes e profetas, reis e pastores, pobres e ricos, gente de todas as classes, mas todos convertidos e unidos na mesma preocupação de construir um povo irmão, onde reinassem a fé e a justiça, o amor e a fraternidade, a verdade e a fidelidade, e onde reinassem a fé e a justiça, o amor e a fraternidade, a verdade e a fidelidade, e onde não houvesse opressor nem oprimido.Todos deram a sua colaboração, cada um do seu jeito. Todos foram professores e alunos, uns dos outros. A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Levou muito tempo, mais de mil anos. Começou em torno do ano 1250 antes de Cristo, e o ponto final só foi colocado cem anos depois do nascimento de Jesus. Aliás, é muito difícil saber quando foi que começaram a escrever a Bíblia. Pois, antes de ser escrita, a Bíblia foi narrada e contada nas rodas de conversa e nas celebrações do povo. E antes de ser narrada e contada, ela foi vivida por muitas gerações num esforço teimoso e fiel de colocar Deus na vida e de organizar a vida de acordo com a justiça.

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