Pe. Luiz Carlos de Oliveira - Redentorista
“Profeta das nações”
Farão guerra contra ti
A vida de profeta não é fácil. A rejeição acompanha quem fez esta escolha. Mesmo rejeitados, os verdadeiros profetas não desanimam e vão até o fim. Eles crêem no que dizem. Também Jesus foi recusado. Seus seguidores sofrem a mesma recusa. Por que tanta recusa? Se viesse um Messias Glorioso, seria mais fácil, e, mesmo assim achariam jeito de rejeitá-lo. É o que diz Deus ao profeta: “Disse o Senhor a Samuel: ‘Ouve a voz do povo... pois não é a ti que rejeitam, porém a mim, para que eu não reine sobre eles’” (1Sm 8,7). Jesus, em Nazaré, proclamou-se o enviado de Deus e foi rejeitado. Mesmo reconhecendo e dando testemunho. Suas palavras, revestidas da graça do Jubileu, tocam o coração e provocam mudança. Isso não agradou. Junto com a recusa do coração, não aceitam que a mudança seja provocada por alguém que é de seu mundo, um simples “filho do carpinteiro”. Perguntam-se: ‘Quem é esse que se faz Messias’? Todos os profetas passaram por isso. Expulsaram-no da sinagoga, reunião do culto, e levaram-no para jogar no precipício. Este precipício não existe em Nazaré. O sentido é mais grave significando desviá-lo de sua missão pois os incomodaria. É a experiência de Jeremias: “Ele é um muro de bronze” contra os chefes do povo que procurarão destruí-lo (Jr 1,18-19). O medo não pode existir no profeta, pois mais medo terá (17). A força do profeta está na certeza que a missão é de Deus: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci: antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das Nações” (Jr 1,5). Canta o salmo “Sede uma rocha protetora para mim” (Sl 70,3). Vivemos um tempo em que respeitamos a opinião de todos, menos a opinião de Deus em sua Palavra de Deus, “aquela que pode salvar nossas almas” (Tg 1,21). A Palavra na liturgia tem a mesma força profética que tinha nos lábios de Jesus.
A maior é a caridade
No contexto da profecia, lemos o texto sobre a excelência da caridade na carta aos Coríntios. A profecia é a caridade de Deus que se manifesta para que haja um mundo comandado pelo amor. A caridade é o fundamental e a única que acontece também no Céu. Ela é superior a tudo o que existe. Ela é o mandamento de Jesus e é a síntese de tudo o que Deus quer nos ensinar. Paulo apresenta as qualidades do amor, pois não se trata de um sentimento, mas de vida. A caridade nunca acabará. Se ela não penetrar nossas atividades, pensamentos e projetos, somos como um sino que bate. Ele diz que, por enquanto, não vemos o que seja o amor, mas um dia veremos face a face (1Cor 13,12).
Estou contigo
Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo seguro que me salve, porque sois a minha força e meu amparo”(Sl.70,3). O profeta vive sua fragilidade, seu medo, suas limitações, como diz Jeremias, “sou apenas uma criança, não sei falar!” (Jr 1,6). Vive também a certeza que a Palavra de Deus está acima da própria vida. O mensageiro de Deus não traz somente palavras, mas a própria vontade de Deus. Como a sociedade é contra Deus, será contra seus profetas e todos aqueles que vivem sua Palavra. Pede-se mais ousadia dos membros da Igreja para anunciar com vigor. A maior prova de nossa identificação com a missão de Cristo está na recusa que sofremos pela opção de fé e moral. Se agradarmos muito a sociedade, há algo suspeito, pois estamos concordando com seus desmandos. Jesus também foi perseguido.
Leituras: Jeremias 1,4-5.17-19; Salmo 70; 1Coríntios 12,31-13,13;Lucas 4,21-30
1. A vida do profeta não é fácil. Mesmo rejeitados, os profetas não desanimam. Jesus depois de ter sido elogiado, foi recusado em Nazaré, porque seu projeto incomodava. Na verdade a recusa é a Deus. Quiseram tirá-lo desta missão. O profeta tem certeza que a missão é de Deus e Ele dá forças. A palavra da liturgia tem a mesma força da Palavra de Jesus.
2. Paulo nos fala da caridade. A profecia é a caridade de Deus que se manifesta para que haja um mundo comandado pelo amor. O mandamento de Jesus é a síntese de tudo o que Deus nos quer ensinar. A caridade deve penetrar todas as nossas atividades. Ela vai até o Céu.
3. O profeta é frágil e tem limitações. Vive também a certeza que a Palavra de Deus está acima da própria vida. A Palavra é a vontade de Deus. Como a sociedade é contra Deus, vai ser contra o profeta. Mas precisamos de mais ousadia, pois não podemos nos conformar com a sociedade.
Já falou besteira!
Jesus, depois de proclamar sua missão é acolhido pelo povinho que entende a Palavra de Deus. Mas os chefes, inteligentes viram onde iria acabar aquela conversa. Sabiam que Ele era de fato o enviado de Deus. Mas é preferível recusar que assumir as conseqüências da fé.
Jesus assume a conseqüência de sua missão. Pelo fato de dizer a verdade sobre a recusa. Lentamente se vê o que vai acontecer: O Reino vos será tirado e confiado a um povo que produza frutos” (Mt 21.43). Jesus ofereceu. Não quiseram, perderam. Já o profeta Elias e Eliseu fazem os milagres fora do Reino de Israel, como cita Jesus (Lc 4,24-27).
Jesus, contudo, não volta atrás. O profeta Jeremias descreve, com experiência própria, que o profeta tem que enfrentar: “Eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque estou contigo para defender-te” (Jr 1,18).
Paulo, na carta aos Coríntios, coloca a caridade como fundo de tudo. O que Jesus fez foi levar a caridade ao máximo de sua força.
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