PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Quem fez os Dez Mandamentos?
Ao ler a Bíblia, vemos que há diferença entre o que vemos e os nossos Dez Mandamentos. O que aconteceu?
Há dois textos que falam do Decálogo e são substancialmente iguais: Êxodo 20,17 e Deuteronômio 5,6-21. Eles se completam, embora sejam redações de origem diversa.
Alguns dizem que Moisés os escreveu por ordem de Iahweh; outros dizem que foi o próprio Iahweh que os escreveu nas tábuas de pedra. Aqui valem os mesmos critérios de interpretação dos demais textos da Bíblia: a inspiração é de Deus.
Há notícias de códigos semelhantes bem antes de Moisés. Assim vemos no “Livro dos Mortos”, no Egito, formas que se deviam recitar ao chegar diante de Osíris. Os assírios tinham o costume de exorcizar os moribundos, e o sacerdote perguntava-lhes algo parecido com o Decálogo. Alguma coisa existia nas tradições populares, mas não como estatuto do homem livre, regulamentando o uso da liberdade e o relacionamento com os outros e com Deus.
Sem dúvida, nascem da inspiração divina, apresentando-se ao povo numa fantástica teofania no Sinai, acompanhada de raios, trovões, fogo, medo, nuvens, abalos sísmicos etc.
O Decálogo coloca o homem diante de sua consciência, e funciona como um balizante e elemento fundamental da Constituição de um povo.
A forma atual é fruto das mãos de muita gente. Orígenes reuniu no primeiro mandamento a proibição da idolatria, culto de imagens. Dividiu em dois mandamentos a proibição de maus desejos: desejo da mulher e cobiça dos bens.
Depois dele, aparece Santo Agostinho, que nos dá a forma catequética que hoje temos.
Essas palavras são uma síntese de um modo ético do homem comportar-se, e elas dão a base dos elementos que vão entrar como orientações e leis para a organização do povo judeu.
Para nós, que vivemos na graça do Novo Testamento, o mandamento que substitui as Dez Palavras é o que Jesus nos deu, dizendo: “Eis que Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei”. As Dez Palavras do Sinai não teriam sentido, se fossem contrárias ao Novo Mandamento do Senhor. É esse novo mandamento que dá sentido ao Decálogo dos Israelitas e o faz atual também para nós.
Seria mesmo excelente se na catequese se abrisse o ensino com o Novo Mandamento, mostrando como o Decálogo está nele contido e por isso tem um valor inestimável para nós.
Como não entender hoje que o amor leva a não matar ou não destruir a vida em nosso planeta? Como seria mais fácil inculcar em cada criança que a destruição de qualquer forma de vida desequilibra o ecossistema? Deus é o Senhor da vida.
Do Livro:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE- VOLUME 6
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br
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