PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
É obrigado crer nas aparições de Lourdes e Fátima?
A ansiedade das pessoas em procurar um contato pessoal com Deus, de algo que toque o profundo de seu ser, é um fenômeno que mostra como a religião se veste com muita freqüência de uma roupagem abstrata que não satisfaz o desejo do povo. Não adianta admoestar para o perigo dessa sede sem medida pelo maravilhoso; é preciso descer um pouco ao nível do povo até mesmo na linguagem eclesiástica.Para essa questão de aparições, as normas são antigas e se encontram no livro “De servorum Dei beatificatione et canonisatione!” do Papa Bento XIV, confirmadas pela Congregação dos Ritos (6/2/1875) e pela encíclica “Pascendi” de Pio X (8/9/1907): “A aprovação dada pela Igreja a uma revelação particular significa apenas uma permissão que se concede, após um exame minucioso, para fazer conhecida tal revelação para o benefício dos fiéis. Mesmo quando aprovadas pela Igreja tais revelações não são objetos de ‘fé católica’, mas de acordo com a prudência, deve se dar a elas um assentimento de fé humana. Nem por isso se deve desprezá-las”. Esse é mais ou menos o texto.Já Pio X diz: “Nesta matéria a Igreja atua com muita cautela. E não permite que se divulguem essas mensagens em escritos públicos sem haver tomado todas as precauções pertinentes... E mesmo nesse caso não garante a veracidade do fato. Simplesmente se limita a não impedir de crer em coisas que se apoiem numa fé puramente humana”.Essas declarações são bem claras e nos orientam bem. Quanto a Lourdes, parece se tratar de coisa mais séria, pois as mensagens recolhidas estão em doze frases breves e simples, não sofreram alterações com o passar do tempo. Já sobre Fátima não há uma análise completa, pois os documentos não são de domínio público e é difícil distinguir a mensagem original e as explicações e revelações posteriores.Em todos os casos de “aparições” é preciso usar de muita prudência, pois os fatos se apresentam de forma confusa e, em conseqüência do choque produzido por uma possível comunicação sobrenatural, as faculdades mentais, psíquicas e imaginativas do vidente se desencadeiam e ultrapassam a mensagem recebida. Não é fácil distinguir uma coisa da outra nessa hora.Uma participação ativa na comunidade, seguindo as orientações dentro da mesma é o caminho seguro para quem quer caminhar com tranqüilidade. Um esforço para deixar de lado todo o fanatismo e essa busca angustiante pelo maravilhoso e pelo imaginário ajuda bem a nos equilibrarmos em nossa fé.Por outro lado, os que são alérgicos a esses fenômenos, além de conservarem sua liberdade de consciência, precisam respeitar a consciência dos outros. Aqui vale o velho ditado: “Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R
http://www.redemptor.com.br/EDITORA SANTUÁRIO
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