PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Adotar uma criança é um bom negócio?
É muito comum encontrarmos pessoas que desejam ter filhos, mas a natureza não lhes dá a possibilidade. Enquanto tantos evitam filhos e mesmo recusam tê-los, outros vivem a ansiedade de procurar uma criança que possa completar sua alegria e que encha sua casa de felicidade.Adotar uma criança não é satisfazer sua afetividade e poder cobrir suas carências, mas é um gesto profundamente evangélico. É ter uma consciência do valor da pessoa e de sua dignidade. É se tornar pai e mãe para quem não os teve e abrir suas portas aos carentes. É dar a quem foi negado o direito de ser pessoa humana e de se desenvolver dignamente.Saudamos a vocês que abrem seus braços nesse gesto generoso, realizando o amor mais puro e concretizando as palavras de Jesus: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelo outro”.Quem adota uma criança deve estar consciente de alguns pontos básicos:1. Por mais que façam, nunca vão substituir os pais que geraram essa criança. No âmago dessa personalidade sempre vai existir uma dor.2. Não se adota uma criança para si, mas para ajudá-la a ser gente e estar junto até que ela mesma decida seu caminho. Por isso é o gesto mais generoso que se faz.3. Venha de onde vier, a criança sempre poderá apresentar distúrbios ou desequilíbrios. As marcas e traumas são tão profundos, o sentimento de rejeição é tão grande, que vão atuar sempre na personalidade da criança.4. Os comportamentos desencontrados não são resultado de falhas na educação, mas são reações muitas vezes indesejadas pela criança, fruto dos traumas que a marcaram desde a sua concepção.5. Não se pode esperar um comportamento lógico e reações normais de quem já nasceu com tantas marcas negativas.6. Tudo o que se faz, se faz em nível de suprir o que faltou e dar à criança o necessário para uma vida digna.7. A criança deve saber desde cedo sua real situação, mesmo que não aceite e rejeite conversar sobre isso. É muito traumatizante saber mais tarde sua história.Com todas essas observações e esses perigos, mesmo assim vale a pena a coragem de adotar uma criança, enfrentando o futuro imprevisível e incerto de quem não sabemos de onde veio e nem a profundidade das marcas que traz consigo.Parabéns a vocês que conseguem fazer esse gesto maravilhoso; um dia Jesus vai dizer-lhes: “Eu estava abandonado e me recolhestes”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
EDITORA SANTUÁRIO
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