BENEDITO CELSO A. FRANCO
Hoje o Pico do Itabirito pertence à Vale e não à MBR. Acontece que, quando escrevi sobre, a Mineradora era a MBR e não a Vale. Como o pico é todo de ótimo minério, a Vale pretendia desmontá-lo e reconstituí-lo – os protetores da natureza preferiram acreditar no que aconteceu em Itabira: os itabiritanos vêem seu pico pelas antigas fotos...
A Vale foi nossa!.. Doada... Deixe pra lá!... O pré-sal...
CONGONHAS
Flávio Costa
O Carioca, irmão de nosso colega Hélio Athayde – mais tarde Padre Hélio -, jogava futebol no Clube Guarani de Juiz de Fora - só porque morava em Juiz de Fora, tinha esse apelido – é muita pretensão desses juiz-foranos, não acham? Aliás, dizem eles que, quando jogam bola no quintal de casa, se o chute é um pouco forte, ela acaba caindo na praia de Copacabana... Dá pra agüentar esses caras, dá?...
Como profissional, o Carioca ficou conhecido e amigo do Flávio Costa, treinador da Seleção Brasileira e do Vasco da Gama, na época o maior e melhor time do Brasil – entre seus jogadores havia o Belini, Almir, Orlando. Tempos bons em que o técnico da seleção brasileira tinha um clube para dirigir – hoje – vox populi - corre tanto dinheiro que técnico dirige só a seleção e é dirigido pela CBF, pelos patrocinadores e por clubes da Europa.
Flávio Costa passou alguns dias de férias em Congonhas e lá se encontrou com o Carioca – que lhe servia de cicerone.
No Seminário preparávamos para jogar contra a seleção de Congonhas e região. Em nossos treinos apareciam por lá o Carioca e o Flávio Costa, que até nos ajudava com algumas instruções técnicas. Ganhamos o jogo!
Tínhamos um grande goleiro, o José Agostinho. Um dia o Flávio Costa resolveu ensinar-lhe alguns macetes, jogando-lhe a bola com as mãos. Eu brinquei com o Flávio Costa dizendo-lhe que, se eu fosse o goleiro, ele poderia jogar mil e uma bolas que eu pegaria todas. Ele aceitou o desafio. Jogou algumas, e como viu que eu pegava mesmo, desistiu, sorrindo muito e dizendo que eu seria um bom goleiro reserva de seu time. Quando soube que eu sairia do Seminário naqueles dias, falou-me para eu procurá-lo no Vasco. Quando cheguei a Fabriciano, contei para papai, mas ele não se interessou – e eu também não sabia avaliar o quanto seria bom eu ir para o Vasco da Gama do Rio de Janeiro.
Os craques!
Quando entrei para o Seminário de Congonhas, um antigo fabricianense, o Savernini, era considerado um craque de bola – eu também.
O Ivan Rolim era o craque mirim. O Irnac, irmão do Ivan, também era bom de bola. Outro bom de bola era o Ilton Quintão.
Alguns seminaristas vindos da região de Fabriciano – Acesita, Jaguaraçu e Mesquita – quando não ótimos jogadores de futebol, pelo menos bons eram considerados.
Resultado: tinha-se em conta Fabriciano e região como um bom celeiro de craques do futebol.
Ilton Quintão é um empresário bem sucedido no ramo de comércio.
Ivan Rolim é médico ortopedista, casado com a Maria das Graças, cardiologista – a médica de papai por alguns anos. Quando papai tinha que fazer algum regime e recusava, recorria-se à Gracinha e ele aceitava suas recomendações.
O inteligentíssimo Irnac Rolim foi, ou é, o maior jogador de xadrez que conheci. Havia um engenheiro da Usiminas todo entusiasmado porque ganhou um torneio em Ipatinga. Seu entusiasmo era tanto que andava com um jogo de xadrez a tiracolo. Ele ia muito ao Laboratório Franco, onde eu trabalhava, e a gente batia um bom papo. Falei-lhe sobre o Irnac e logo se interessou em conhecê-lo. Fomos à Farmácia Rolim, onde os dois disputaram algumas partidas. O Irnac ganhou todas fácil, fácil - e o cara sumiu.
A Carne
No internato éramos obrigados a comer de tudo servido na mesa, nem que fosse uma porção mínima – uma colher de arroz ou feijão, por exemplo. Nunca tive problema em comer algo. Alimentava-me de tudo – se fulano come, eu também como.
O cozinheiro do Seminário era um holandês - o Brodão, um irmão leigo grande e gordo. Ele preparava uma carne com gelatina, gelada e super azeda, assim como um cozido de folhas de beterraba vermelha: dois pratos intragáveis. O arroz com bacalhau era apreciado por todos. O arenque seco pouco católico – suportava-se! Nos dias de festas, distribuía-se uma garrafa de cerveja para três estudantes – os padres tomavam diariamente - cerveja fabricada lá mesmo.
Na Casa de Campo, onde passávamos as férias – não tínhamos férias nas casas de nossos pais – encontrávamos e pegávamos muitos animais, entre os quais o gambá, teiú, jia e tatu, saboreados pela turma que os pegou. Como o terreno por lá era muito pedregoso e ruim - cascalho por todo lado – para se plantar algo, era necessário cavar um buraco de uns 80 cm x 80 cm e enchê-lo com terra estercada. A quem furasse e fizesse esse plantio, o Padre dava uma garrafa de cerveja – já perceberam que eu nunca ganhei uma...
No Parque de Exposição de Lafaiete, houve um ano em que os churrasquinhos foram ditos de carne de cachorro e gato. A polícia teve até que intervir, de tão fragrante estava a coisa.
Um meu vizinho saboreou todos os gatos da região; uma vez inclusive, levou-me um bife, jurando de pés juntos que não era de carne de gato. Desconfiado, achando-o meio duro e escuro, comi – nada apetitoso... e nem assustador.
Hoje posso afirmar que era carne de gato! Mas comi como se não o fosse.
Benedito Franco
Ola, meu nome é Henrique, sou filho de Irnac Rolim, agradeço pelas palavras, papai é msm bom de xadrez rsrs. Estamos morando em Goias e ele manda um grande abraço. Vou levar o texto para que ele leia, pois so o verei no fim de semana, Mas disse a ele de quem se tratava, e ele me pediu seu contato. Mais uma vez obrigado. "HENRIQUEPROLIM@HOTMAIL.COM"
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