PE. JOSÉ LOPES FERREIRA CSsR
29 de SETEMBRO 1940+
Um dos primeiros padres brasileiros da nossa província. Nasceu em Aparecida a 16 de dezembro de 1890.
Aos dez anos foi recebido no recém fundado “Colégio Santo Afonso”. Em 1906 fez noviciado sob a direção do Pe. Lourenço Hubbauer, de reconhecida austeridade e não menor rigor.
Após a Profissão iniciou seus estudos de Filosofia na Penha, indo depois para a Alemanha. Dedicou-se com afinco ao estudo da Teologia, interessando-se mais pela Ascética, pelo que se tornou profundo conhecedor das obras de Santo Afonso e do nosso Pe. Desurmont. Ainda na Europa, iniciou a tradução de “A Escola da Perfeição” mais tarde publicado pelas “Vozes”. Ordenado sacerdote em 31 de julho de 1913, voltou para o Brasil, iniciando suas atividades na Penha,onde ficou até fins de 1915. Bom orador, e ótimo missionário, trabalhou em Goiás, Araraquara e Penha, não se poupando no trabalho das Missões e Retiros.
Em 1935 foi transferido para Aparecida, onde viveu seus últimos anos como redator de “O Santuário”, da “Liga Católica”, dos “Ecos Marianos” e do “Boletim Redentorista”.
Filho de Pai português, Pe. Lopes nunca negou seu sangue: bom coração, sabia ser delicado e atencioso; mas quando necessário, era franco e sincero, falando o que sentia, e nada deixava para depois. Isso lhe deu, às vezes, incompreensões e aborrecimentos.
Tenho de ser assim — dizia ele — para não ser hipócrita. Era homem que não usava restrições nem subterfúgios.
Escrupuloso na observância do regulamento, fazia questão dos exercícios comuns, e seguia rigorosamente um horário para seus trabalhos e práticas de piedade. Amava sinceramente a Congregação, e sentia profundamente qualquer notícia desagradável a respeito de Superiores e confrades. Sua acentuada vida interior apareceu bem nos seus escritos particulares, em suas notas de retiros e o testemunho dos seus penitentes que não eram poucos, e dele diziam: “Exigente, compreensivo e piedoso”.
Nunca foi orador de empolgar auditórios; mas foi pregador de exposição clara, comunicativo, que sabia prender seus ouvintes.
Era nos retiros que ele se sentia mais à vontade, dirigindo-se à inteligência e reflexão de grupos, já que não se impressionava muito com o entusiasmo fácil das multidões. Como jornalista, era de um estilo todo original. Em suas mãos “O Santuário” foi sempre elogiado, pela ordem, clareza e conteúdo.
Foi no dia 24 de agosto de 1937, quando estava ele escrevendo um artigo para o “Ecos Marianos”, que teve, de repente uma congestão cerebral, e foi levado para a Santa Casa de Guaratinguetá. Após dois meses de tratamento, conseguiu melhorar. Voltou para o Convento, e embora com dificuldade, continuou trabalhando na igreja e nos seus escritos.
Como não chegou a recuperar bem os seus movimentos, seus três últimos anos foram de grandes sacrifícios. Mesmo assim não se dispensava dos exercícios comuns, andando com dificuldade, ia, todos os dias para o confessionário, e semanalmente fazia, no salão paroquial, a reunião da Congregação Mariana que ele mesmo fundara. Mas em agosto de 1940 começou a piorar sensivelmente. Quase não se alimentava. Tinha o coração inflamado, e complicações renais. Não deixava, porém, de celebrar sua missa e rezar seu Breviário todos os dias. Na véspera de sua morte, sofrendo muito quase sem poder respirar, concordou em ficar na cama. No dia seguinte, 29 de setembro (dia de São Miguel) com muito sacrifício conseguiu celebrar, sendo depois carregado para o seu quarto. Ainda rezou as horas menores do Breviário. Ao meio-dia recebeu a Unção dos Enfermos; a Comunidade foi avisada, e enquanto os confrades rezavam junto ao seu leito, ele fitou longamente o quadro de Santo Afonso, e expirou sem um gemido sequer.
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