PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Por que Deus não faz nada diante do mal?
As notícias do mal no mundo — mortes, violência — chegam sempre mais depressa e com mais freqüência até nós, a ponto de nos deixar acostumados com certa dose diária do malfeito. Podemos chamar isso de “cultura de morte”.Enquanto para alguns isso não passa de um noticiário diário, para outros é causa de crise que põe em jogo os valores fundamentais da vida. Daí surgem perguntas: “Por que Deus permite isso?”, “Que sentido tem viver?”Se olharmos para Deus como alguém que tem de resolver todos os problemas e interferir em tudo, nós admitimos que somos apenas uns bonecos nas mãos de Deus prontos para sermos manejados. Negamos a nós mesmos o grande dom da liberdade, da responsabilidade e negamos a nós o direito de organizarmos nossa vida. E o que é pior: mostramos que desconhecemos totalmente o modo de Deus agir e o respeito que ele tem para com a pessoa criada à sua imagem e semelhança.Deus não criou o sofrimento nem a morte. Ele é o Deus dos vivos. No momento em que tivemos em mãos o poder de decidir sobre nós e sobre o mundo, nessa hora começaram os problemas e as dificuldades, porque passamos a decidir tudo segundo nossos critérios individuais e egoístas. Assim fomos distanciando-nos do projeto inicial feito por Deus e fomos criando esse mundo e todas as espécies de maldades.Quem pode dizer que Deus criou a fome, o desemprego, a desigualdade e a exclusão social! Deus caminha em nossa história e respeita nossos passos, mas também não é obrigado a mudar as conseqüências daquilo que fazemos. Tudo na vida é muito semelhante a uma semente que, plantada, pode produzir muitos frutos segundo sua espécie. O que fazemos é idêntico à semente: produzir muitos resultados nem sempre agradáveis e nem sempre felizes.Nós criamos o mal, as diferenças e as desigualdades. Hoje o homem conseguiu decifrar o código genético penetrando no mais profundo do ser humano. O que ele poderá fazer daqui para frente? Mas tenha certeza que todo o desrespeito à natureza tem seu preço e às vezes um alto preço. A ganância pelo poder, pela riqueza, pelo prazer leva a própria pessoa a se destruir e a destruir os outros. Por isso, apesar de rezarmos e de pedirmos a Deus, vamos continuar tendo acidentes de carro com muitas mortes, acidentes nucleares com muito perigo de destruição da humanidade, transformando esse mundo em verdadeiro inferno só porque nós decidimos assim.A grande intervenção pacífica de Deus na história foi a Encarnação de Jesus, suficiente para acordar a humanidade e provocar uma reviravolta na história. Os homens não querem Jesus. Mas diz João: “a todos os que o receberam, Deus deu o poder de se tornarem filhos de Deus”. Esse é o caminho da não-violência, da cooperação com Deus, do homem inteligente e responsável. Ou mudamos ou morremos todos sob a violência que nós mesmos criamos.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
EDITORA SANTUÁRIO
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