Porque a Igreja mantém uma posição tão intransigente a respeito do divórcio, não permitindo que as pessoas encontrem uma nova solução para a sua vida, quando o primeiro casamento fracassou?
Este assunto do casamento das pessoas divorciadas é muito complexo. Não posso tratar agora de todos os seus aspectos. Baste dizer, por enquanto, que não foi a Igreja que declarou o novo casamento de uma pessoa divorciada contrário à lei de Deus. Foi o próprio Jesus que deu à Igreja esta orientação, como se lê no evangelho segundo Marcos: Quem se divorcia da própria mulher e casa com outra, comete adultério em relação à primeira; e se a mulher se divorciar do seu marido e se casar com outro, também comete adultério (10,11s).
Os homens sempre reagiram mal diante deste ensinamento de Jesus, a começar dos próprios apóstolos, que logo lhe retrucaram: Nesse caso é melhor não se casar! Jesus não desconheceu a dificuldade. Mas também não cedeu, mantendo o seu ensinamento: Nem todos são capazes de aceitar esta verdade, mas só aqueles a quem Deus deu tal poder (Mt 19,10s). Este poder é o poder da fé: fé na vida eterna, que relativiza os bens desta vida, inclusive uma coisa tão importante para a realização humana como o amor conjugal; mas também fé na misericórdia de Deus, que tem compaixão de quem pela fraqueza humana não consegue observar completamente a sua lei.
Por isso, a Igreja continua a reafirmar o ensinamento de Jesus sobre o divórcio, apesar de todas as resistências. Mas, por outro lado, procura tratar com toda a compreensão seus filhos e filhas que se acham nesta situação difícil. Ela reconhece os divorciados que se recasaram como membros da comunidade. Eles estão convidados a tomar parte na sua vida, na sua liturgia, no seu serviço aos necessitados. A comunidade, por sua vez, deve acolhê-los com carinho, sem ter a pretensão de julgar o íntimo de sua consciência. Ninguém tem direito de considerar-se melhor do que o outro diante de Deus.
Entretanto, enquanto permanecem numa situação objetivamente contrária ao ensinamento do evangelho, eles não podem participar daqueles gestos que exprimem objetivamente a comunhão com Cristo e com a Igreja, como a eucaristia e o sacramento da penitência ou reconciliação. A Igreja, com essas medidas, não pretende humilhar nem punir, mas tão somente ser coerente com a verdade que recebeu de Cristo. Deus tem outros meios para comunicar-se aos que o buscam de verdade com um coração sincero.
João A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br
EDITORA SANTUÁRIO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.