Diretor do Seminário Santo Afonso
Em dezembro de 64, Pe. Francisco Vieira da Costa, já me deu a entender que eu seria transferido para diretor no SRSA em Aparecida. De fato, isso aconteceu. Logo após o Natal, recebi esta cartinha do Pe. José Ribolla:
“São Paulo, Natal de 1964.
Para o Diretor, Pe. Negri. LJM!
Aqui está o “presentinho de Natal” que o reverendíssimo lhe manda. Meus parabéns. Favor preencher depois o recibo do diploma anexo, e enviá-lo diretamente ao Pe.Geral, agradecendo-lhe o “abacaxizinho”. Por esta desejo, em nome da Província e em meu nome próprio, agradecer-lhe todos os trabalhos, sacrifícios e a ótima colaboração dada ao governo da Província nesses anos em que V.Revma. esteve à frente do Pré-Pedrinha. V.Revma. já me falou das suas dificuldades, dos seus temores no cargo. Meu caro, por nós mesmos seria um desespero, não? Mas sua boa vontade em acertar a vontade de Deus irá trazer-lhe as forças necessárias e,... o método de Santa Teresinha descrito nos últimos capítulos da História de Uma Alma quanto à direção das noviças, vale bem para V.Revma. também, contra essa onda de verdadeiro pelagianismo com todos os “ismos” querem tomar a direção na educação, substituindo o primado do sobrenatural, não é? Coragem! Outras coisas, teremos ocasião de conversar, no dia 18 de janeiro à noite, em Baruerí. Servo confrade e amigo (da oncinha?).”
A nomeação foi assinada pelo Pe. Geral, Pe. Guilherme Gaudreau e pelo consultor geral, Pe. Ariovaldo Amaral.
Pe. José Ribolla, provincial, autoriza férias na casa dos pais para todos, com prazo de 30 dias. Aprova também o tom normal nas orações. É abolido o “reto tono”. São sinais significativos de uma transformação progressiva, lenta e segura na disciplina. Vai-se fazendo uma abertura para se confiar mais no sujeito principal da educação que é o próprio juvenista. As mudanças litúrgicas vêm em boa hora. São provocadas em grande parte pela publicação, a 04/12/63, por Paulo VI, da Constituição “Sacrossanctum Concilium” sobre a liturgia, um dos 4 documentos básicos do Concílio Vaticano II.
Pe. Oscar Brandão ficou no SRSA até 27/01/65. Nesse dia ele me apresentou aos seminaristas como novo diretor. A 27/01/65, fizemos uma despedida carinhosa para ele.
Pe. Arlindo Santiago Amparado foi nomeado Reitor e Ecônomo.
Foram nomeados Vice-Diretores os padres: Ítalo Zômpero para os médios e Pe.Augusto Pasquoto para os menores. Vieram ainda para fazer parte do corpo de professores, integrando-se aos demais que já estavam no Seminário, os padres Roberto Escudeiro, Geraldo Correia Barbosa, Frater Romeu Henkes, Emanuel Gomes Morais, Francisco Castilho Chagas, Geraldo Braga, José Dutra, Sebastião Osvaldo Aranha e Sargento João Mahas Júnior.
Neste início de 65 os juvenistas são 214. É claro, sem contar os do pré-seminário que é uma comunidade autônoma já faz 3 anos.
A partir de 12/02/65, das 17 às 18:30 hs, os seminaristas podem entrar livremente para a clausura a fim de se confessar ou de conversar com os padres professores sobre algum problema nos estudos. Consegui que a conferência dos professores aceitasse introduzir no currículo dos estudos a “Doutrina Social da Igreja”, tendo como texto base o manual chamado Uma Escola Social, de dois padres jesuítas.
Frater Romeu Henkes assume a direção da banda de música do SRSA, no lugar do competente Pe. Délcio Viess. Ele consegue trazer o Prof. Expedito Machado para fazer uma vistoria nos instrumentos musicais e iniciar alguns ensaios com novos componentes da corporação musical.
As festinhas missionárias continuam com muito incentivo.Semanalmente são feitas em separado, com críticas positivas e negativas. Os maiores se reúnem no auditório; os médios, no barracão; os menores, no refeitório. Uma vez por mês todos se reúnem no auditório ou salão de atos.
Aos poucos, vai-se deslocando o eixo central e forte de direção do seminário das mãos do diretor e diretor espiritual para o diretor, vicediretores e conferência dos professores. Com essa prática pedagógica, o diretor espiritual passa a ter menos presença nas orientações e decisões disciplinares. Começo a experimentar uma séria angústia: o regulamento do SRSA já não serve mais ao pé da letra, em vista das mudanças trazidas pelo Vaticano II e pelo decreto Perfectae Charitatis de 18/10/65, sobre a atualização da vida religiosa. Vamos partindo para aberturas para a família, para o mundo. Vêm sérios questionamentos sobre o noviciado colocado logo após o colegial, sobre a separação entre o ginásio (primeiro grau) e colegial (segundo grau). Mas, os percalços vão sendo vencidos, porque a equipe de formadores (vice-diretores e conferência dos professores) é boa e se prepara cada vez melhor. Basta saber que no período de 65 a 70 fazem cursos de reciclagem, de aprofundamento nos estudos e de complementação na filosofia os seguintes padres: Víctor Hugo Lapenta, Carlos da Silva, Lauro Masserani, Alberto e Augusto Pasquoto, Afonso João Matje, Pe. João Rezende Costa, Pe. Ubenay Passeio ao Pirutinga - 1939 (?) Lacerda Fleury, Pe.Francisco Mendes Peixoto, Pe. Antônio Pacheco, Pe. Silvério Negri, Pe. Marcos Mooser e Pe. Geraldo Correia Barbosa.
No primeiro semestre de 1966, num dia à noite, fui ao quarto do Pe.José Rodrigues de Souza (diretor espiritual) para dialogar assuntos referentes à direção do seminário, e, especificamente, sobre a direção espiritual. Conversamos bastante. Mas saí dessa conversa muito apreensivo, pois ele me pintou um quadro bastante negativo, devido ao meu modo de agir na direção do seminário. Nos dias seguintes, ao conversar com diversos padres professores eles me confortaram e me apoiaram para que fosse adiante e continuasse na tarefa de desvincular cada vez mais os encargos da direção espiritual e os assuntos de disciplina. Pe. José Rodrigues de Souza foi o fundador do periódico “A Cartinha”, com o apoio e incentivo do Pe. José Ribolla, em 1954. Foi um excelente professor de Português, grande amigo do gramático Napoleão Mendes de Almeida. Durante vários anos foi um baluarte como diretor espiritual, especialmente de 62 a 65, formando uma dupla muito firme na direção do seminário junto com o Pe. José Oscar Brandão. Mas, já nos fins de 65 eu percebia que ele não estava muito satisfeito com o meu jeito. Eu estava dando uma força para a conferência dos professores que contava com elementos muito experientes, como o Pe. Carlos da Silva e o Pe. Víctor Hugo Silveira Lapenta. Nas férias de 1966, a 19 de junho, depois de 14 anos no SRSA, Pe. José Rodrigues de Souza pediu para se afastar da formação. Pe. José Ribolla nomeou como diretor espiritual o Pe. Rodolfo Gherard Anderer.
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