Do latim con, que significa junto e, sistere, que significa parar ou ficar firme surge a palavraconsistorium que literalmente poderíamos traduzir como “ficar junto” e, na época da Roma imperial, significava “Local de reunião do conselho imperial”. Mais tarde essa mesma palavra passou a designar a reunião do Papa com seus próprios conselheiros, o clero de Roma, chamados cardeais. Colocando de maneira simples, o consistório nada mais é que a reunião dos cardeais com o Papa.
Para entender melhor porque acontecem essas reuniões é importante olhar a história da Igreja e ver como evoluiu a relação do Papa com os demais membros do seu presbitério e o clero do mundo inteiro. Desde os tempos mais antigos da cristandade os papas conversavam com o seu presbitério sobre as questões importantes de serem tratadas na Igreja. Como exemplo disso podemos ver como o Papa Cornélio, no século terceiro, conversa com San Cipriano antes de aceitar a reconciliação de três cismáticos, ou ainda o caso do Papa Siricio que, no final do século 4, condenou a heresia de Joviniano somente depois de consultar o seu presbitério.
Além de consultar com frequência o seu clero, o Papa presidia vários concílios que eram realizados em Roma, onde participavam os cardeais mais os bispos de outras regiões da Itália e também bispos de outras partes do mundo que estavam em Roma na época do Concílio. Os concílios então são diferentes dos consistórios, porque nestes só participam os cardeais enquanto naqueles participam bispos também de outras regiões.
Foto de: Agência Ecclesia
No Consistório de novembro de 2012, Bento XVI
criou seis novos Cardeais.
criou seis novos Cardeais.
No entanto, com o aumento das questões que precisavam ser abordadas, ficou mais difícil organizar concílios (pela dificuldade de reunir bispos que não residiam em Roma) e o papa passou a tratar esses assuntos mais exclusivamente com o seu clero, ou seja, os cardeais, nos consistórios.
Até o século XV os consistórios continuaram atuando como conselho supremo dos papas. Porém as questões a serem tratadas nessas reuniões não paravam de aumentar e terminaram diminuindo a importância dos consistórios, o que numa primeira impressão pode parecer uma contradição, já que com o aumento dos temas, se esperaria naturalmente o aumento também do número de consistórios. O que, então, aconteceu?
A solução para que se pudesse tratar de todos os assuntos foi a criação de congregações, que são comitês particulares de cardeais que tratavam de temas específicos. Hoje em dia existem várias congregações como a congregação para a doutrina da fé, a congregação para o clero ou ainda a congregação para a evangelização dos povos. As congregações já não são exclusivamente compostas por cardeais mas continuam com a missão de ajudar o Papa no governo da Igreja. Com o aparecimento das congregações, os consistórios passaram a ser cada vez menos frequentes, mas nunca deixaram de acontecer.
Hoje em dia existem os consistórios ordinários, onde estão presentes os cardeais de Roma e os cardeais que estão em Roma na época da reunião e os consistórios extraordinários, nos quais são convocados cardeais de várias partes do mundo e até sacerdotes convidados. Normalmente nos consistórios se dialoga sobre a situação atual da Igreja, falam sobre algum tema específico importante na Igreja atual, se discutem a causa de canonização dos santos e se criam novos cardeais.
No próximo dia 22 de Fevereiro de 2014 se realizará o primeiro consistório para a criação de novos cardeais convocado pelo papa Francisco. Nos dias 20 e 21 se discutirá sobre o tema da família em preparação para o Sínodo dos Bispos que acontece nos dias 5 a 19 de Outubro. No dia 23 o Papa presidirá uma Missa com a concelebração dos novos cardeais.
Conheça os novos cardeais, entre eles o brasileiro Dom Orani João Tempesta, O.Cist., arcebispo do Rio de Janeiro (Brasil).
1 – Dom Pietro Parolin, secretário de Estado.
2 – Dom Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos.
3 – Dom Gerhard Ludwig Muller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
4 – Dom Beniamino Stella, prefeito da Congregação per o Clero.
5 – Dom Vincent Nichols, arcebispo de Westminster (Grã Bretanha).
6 – Dom Leopoldo José Brenes Solórzano, arcebispo de Manágua (Nicarágua).
7 – Dom Gérald Cyprien Lacroix, arcebispo de Québec (Canadá).
8 – Dom Jean-Pierre Kutwa, arcebispo de Abidjã (Costa do Marfim).
9 – Dom Orani João Tempesta, O.Cist., arcebispo do Rio de Janeiro (Brasil).
10 – Dom Gualtiero Bassetti, arcebispo de Perúgia-Città della Pieve (Itália).
11 – Dom Mario Aurelio Poli, arcebispo de Buenos Aires (Argentina).
12 – Dom Andrew Yeom Soo jung, arcebispo de Seoul (Coreia).
13 – Dom Ricardo Ezzati Andrello, S.D.B., arcebispo de Santiago do Chile (Chile).
14 – Dom Philippe N. Ouédraogo, arcebispo de Ouagadougou (Burquina Faso).
15 – Dom Orlando B. Quevedo, O.M.I., arcebispo de Cotabato (Filipinas).
16 – Dom Chibly Langlois, bispo de Les Cayes (Haiti).
17 – Dom Loris Francesco Capovilla, arcebispo emérito de Mesembria.
18 – Dom Fernando Sebastián Aguilar, C.M.F., arcebispo emérito de Pamplona.
19 – Dom Kelvin Edward Felix, arcebispo emérito de Castries
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