OS PADRES PALOTINOS NOS 70 ANOS DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA
Professor Afonso de Sousa Cavalcanti
Quando se anunciou a chegada do século XXI, dizia-se que este seria o “Século da Solidariedade”. Sendo assim, a solidariedade é muito justa aos palotinos que consumiram seus dias em prol dos paroquianos, nestes 70 anos.
1. Primeiro fundamento:
As ordens e congregações
religiosas católicas surgiram nos primeiros séculos da Era
Cristã. São diversas as organizações de homens e mulheres dedicadas às mais
diferentes atividades pastorais e religiosas. Estas instituições têm seus
fundadores, ideologias e seguidores e por isso constituem, na Igreja,
verdadeiras comunidades cristãs, de homens e mulheres, que se uniram pela causa
do Evangelho.
A Igreja Católica utiliza a sigla da ordem ou
congregação religiosa logo após o nome do religioso ou da religiosa. Estas
letras representam as iniciais da designação latina da organização.
Muitas são as ordens
religiosas e congregações católicas que estão espalhadas nos cinco continentes.
Neste texto, em especial, quer-se afirmar que a Congregação Palotina soma amor,
entusiasmo, doação, fé e piedade com todas as demais instituições religiosas,
que,seguindo seu fundador, têm sua sustentação histórica nos votos de pobreza,
castidade e obediência.
Explica-se: o homem (em caso
específico para ser padre, monge ou irmão leigo) e a mulher (em caso específico
para ser freira), que ao deixarem seus familiares para ingressar numa ordem ou
congregação religiosa, estes renunciam da vida do mundo lá fora para abraçar a
causa evangélica. Os que escolhem este modo de viver, o fazem impelidos por
algo muito forte e especial, pois atendem à vocação religiosa, ser solidário
com aqueles que irão servir.
Os votos de pobreza,
castidade e obediência representam para aqueles eleitos de Deus, ao mesmo tempo
o sacrifício e a fortaleza vitais para que estes suportem com fé, amor e
piedade o novo processo civilizatório interno e externo da instituição à qual
passam a fazer parte como membro do apostolado católico. Deus deu a Adão e Eva
e à sua posteridade toda a Terra, com todas as suas maravilhas, recursos e riquezas
e determinou: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra e submetei-a;
dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam
sobre a terra” (Gen. 1, 28). Homens e mulheres que atendem ao chamado de Deus,
para a vida religiosa, estes renunciam ao direito natural de poderem
multiplicar, constituir família e gerar filhos. Poderiam atender à ordem moral
da Humanidade que estipula ser obrigação dos homens e mulheres o sagrado
direito de procriar, atendendo à coletividade. Aqueles que decidiram abraçar a
vida religiosa optaram moralmente, não pela ordem determinante da coletividade,
mas pelo direito individual de renunciar à possibilidade da procriação.
Individualmente, não estão obrigados a ter filhos, a continuar a espécie humana.
Se assim procedem, deixam simplesmente de serem guiados pelas leis civis e se
submetem ao Direito Canônico e determinações particulares de suas ordens e
congregações religiosas. Os votos de pobreza, castidade e obediência indicam
aos homens e mulheres seu novo estado de conversão: saem do vértice do mundo
material, com todos os direitos e deveres de multiplicação e participação da
ação civilizatória, fazendo com que a espécie humana tenha sua continuidade, em
especial no processo humano que não pode e não deve ser realizado sem o
entendimento – baseado em valores vitais, úteis, agradáveis e necessários -,
sem a sensibilidade – fundada na vitalidade em que o homem e mulher se
completam e se ajudam física e intelectualmente. Homens e mulheres, unidos por suas
vontades como responsáveis pela continuidade da Humanidade, juntam seus
esforços e transformam os recursos em riquezas materiais e dão graças ao seu
Criador – a unidade familiar, consagrada a Deus pelo matrimônio - conforme
determina o Cristianismo.
2. Segundo fundamento:
Ser religioso palotino, de acordo com os esclarecimentos do
parágrafo anterior, participando dos votos de pobreza, castidade e obediência,
assim devem ser definidos:
a) a pobreza corresponde ao
desapego a todos os bens materiais. O religioso, membro de uma ordem ou
congregação religiosa, individualmente nada possui. Ao fazer o voto de pobreza,
este renuncia - perante à Igreja e à sua instituição religiosa - ao direito
natural de ter propriedade. Transfere seu direito de ter para seus superiores e
para a Igreja, pois escolheu a missão de ser religioso. Ao mudar de comunidade,
o sujeito religioso não transporta nenhuma escritura de propriedade. Apenas
leva suas poucas ferramentas de ordem cultural que adquiriu com seus esforços
pessoais;
b) a castidade indica ao
religioso a condição de renunciar ao direito e ao dever de multiplicar,
enquanto membro da espécie humana, pois a nova ordem social (o novo estado de
conversão) que por ele foi escolhida não compactua com a ordem social dos
homens (o mundo lá fora). A velha ordem que continua é composta por homens e
mulheres. A nova sociedade do eleito é formada apenas ou por homens (no caso
dos padres e irmãos religiosos) ou por mulheres (freiras ou irmãs religiosas),
que entre si mantêm a ordem ou a congregação religiosa;
c) a obediência é o resultado da
compreensão que é fruto do entendimento e da sensibilidade, obrigatoriamente
oriundos do estado religioso. Não tem sentido a obediência sem que se pense o
estado religioso e este por sua vez segue o princípio hierárquico, daí o nome
Ordem ou Congregação Religiosa. O ato de obedecer implica em determinação maior
que vem da hierarquização social. No caso das ordens e congregações, a
obediência aos superiores reveste-se de algo transcendente. O religioso obedece
a seus superiores pelo simples fato de compreender que se definiu pelos ditames
da ordem natural: “Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”(HOBBES,
1983) e também por inspiração divina,
conforme se lê: “Tudo aquilo que queres que os homens vos façam, fazei-o vós a
eles, pois esta é a Lei e os Profetas” (Mt. 7,12).
A Filosofia
sempre nos induz ao ato de filosofar. Tal exercício, na Paróquia Nossa Senhora
Aparecida de Mandaguari, é uma tarefa gigante que nos coloca a pensar os padres
(do Antonio Lock ao Antonio Radigondas), que nos ligaram a Deus, em milhares de
ações litúrgicas (Missa, Batismo, Catequese, Crisma, Primeira Eucaristia,
Visita a Enfermos, Exéquias etc) e dali saímos espiritualmente mais leves. Aos
palotinos, nosso Deus-lhes-pague!
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