Sintomas intermitentes de lassidão,
um burro aparentesiado, duas rodas tortas de carroça, caboclo de pé-no-chão
emborcado no banco tosco e o eterno trotar.
Langor. A vida que se filtra às
escondidas, o renovar incessante dos olhares, das distâncias, as forças somadas
da carroça, do burro e do caboclo, os caminhos sempre repetidos, os gestos
sempre os mesmos.
A insônia do contínuo despertar, o
suor do meio dia, à tarde a volta ao lar, a alegria da conversa na penumbra.
Recomeçar, sempre, andar. O
descontentamento de cada dia, o ranger da carroça, o trotar do burro, o riso
miúdo das crianças, e essa maldita esperança que faz a gente tentar de novo,
tentar.
Mas o caboclo é maior que a distância
dos cansaços, e a roda gira sobre si mesma, e o mundo gira sobre si mesmo, até
que um dia o caboclo chega ao destino desejado, a vida largamente
conquistada.
Edélcio Costa
Lima
Saudosa Memória
Dezembro/1972
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