Partilhamos da ideia de que a formação e utilização dessa garotada sempre foi fonte de vocações sacerdotais e nessa linha de pensamento queremos dar nossa contribuição publicando alguns textos em nosso blog.
Inicialmente publicamos um excelente artigo do Dr. Luiz Sampel:Coroas ou Coroinhas?
Já falamos por diversas vezes aqui
dos cuidados com o grupo de coroinhas e também do uso e abuso quanto aos
Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística (MECEs). Como exemplo destes
abusos, pode-se citar a delegação de atribuições do ministério do acolitato
(logo, também dos grupos de coroinhas) aos MECEs.
Em muitos lugares foi precisamente
por conta deste abuso que os grupos de coroinhas foram deixados de lado: foram
vistos como desnecessários já que os MECEs poderiam, em tese, cumprir o seu
papel. O resultado tenebroso foi, em última instância, a redução do
próprio número de vocações sacerdotais e religiosas, uma vez que muitas destas
vocações saíram e continuam saindo dos grupos de coroinhas.
Faz-se necessário retomar em todas as
paróquias e comunidades o costume dos grupos de coroinhas para servir ao sacerdote
e ao altar durante o Santo Sacrifício da Missa, o que, graças a Deus, já está
acontecendo em muitos lugares.
Neste sentido é interessante a
contribuição do texto que segue, publicado no ZENIT. Se o grupo de coroinhas
estiver fortalecido, não se fazem necessários tantos MECEs, e cada qual pode
fazer estritamente aquilo que lhe compete (cf. IGMR, 91)
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Um importante antístite disse certa
vez que os coroinhas são “fonte de vocação”. Realmente, concordo com o
conspícuo prelado em gênero, grau e número. Todavia, o ministério do acolitato
(coroinhas) precisa receber maiores e melhores cuidados.
Há uns vinte anos, eram apenas os
coroinhas que ajudavam o padre no altar. Não havia os “coroas”, ou seja, os
ministros extraordinários da comunhão. Permitem-me o emprego jocoso e carinhoso
da expressão “coroas”, que, na gíria, quer dizer “pessoa mais velha”; faço-o
não por desdém dessa gente impoluta e laboriosa que se entrega ao apostolado, a
quem rendo homenagens, mas somente para enfatizar uma antítese semântica e
litúrgica, que restará esclarecida neste artigo. Não tenciono macular
suscetibilidades. Desde já, peço desculpas pelo chiste.
Bem, voltando ao tema principal. Hoje
em dia, os coroinhas são pouquíssimos. É raro encontrá-los em nossas
celebrações. Quando os vemos, ocupam o mesmo espaço que os “coroas”. Todos no
presbitério: “coroas” e coroinhas. Aqui vem a minha sugestão. Por que não
deixar só os coroinhas ao redor do presidente da celebração, sentados ao seu
lado, auxiliando-o no altar? Os ministros extraordinários da comunhão, isto é,
os coroas, permanecem na assembleia, no lugar social deles. Penso que esta
disposição é bastante didática e litúrgica, porquanto na hora de ajudar a
distribuir as hóstias consagradas – e somente nesta hora –, os ministros extraordinários,
ao saírem dos bancos, frisarão sobremaneira sua vocação de leigos, que vão ao
encontro das necessidades da comunidade e, assim, exercem autenticamente o
ministério extraordinário. Vejam, a própria palavra o explica:
“extraordinário”, ou seja, fora da ordem, incomum. Demais, no meu modo de ver,
os ministros extraordinários da comunhão não deveriam portar nenhuma vestimenta
que os diferencie do resto do povo, como jalecos, por exemplo. Usem roupa
normal, com asseio, para que ninguém pense que os “coroas” sejam algum tipo de
fiel especial. Os coroinhas, por seu turno, encarregam-se de todas as funções
no altar, como era antigamente. Acolitam o celebrante em tudo que for
necessário e litúrgico. Somente eles ficam no presbitério.
Creio que a experiência de ser
coroinha é maravilhosa. Quantos padres não passaram pelo altar quando eram
meninos. Mas, para que essa experiência seja realmente frutífera, suscitando
vocações sacerdotais, é mister devolver o acolitato eucarístico-litúrgico aos
coroinhas, outorgando-lhes a responsabilidade plena e exclusiva do manuseio de
todos os instrumentos e funções coadjuvantes da mesa eucarística.
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Edson Luiz Sampel é Doutor em
Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano;
Professor do Instituto Teológico Pio XI (Unisal) e da Escola Dominicana de
Teologia (EDT); Membro da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC).
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