FABIANO MAISONNAVE
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Durante sete anos, o padre César Moreira foi comentarista do TJ
Aparecida, telejornal exibido de segunda a sexta-feira, às 19h. Mesmo
com tanta exposição, ele levou um susto recentemente, ao ser reconhecido
por uma mulher enquanto caminhava pela avenida Angélica, região central
de São Paulo.
"Somos nanicos", reconhece Moreira, que por 25 anos dirigiu a rádio
Aparecida e, desde 2005, a TV Aparecida, uma das quatro redes de
televisão católicas que disputam a atenção do telespectador entre si e
com emissoras seculares.
Depois de décadas priorizando o rádio, os católicos se voltaram à TV
principalmente a partir dos anos 1990, época em que as igrejas
pentecostais se tornaram mais visíveis e populares por meio de uma
presença agressiva e crescente na telinha.
Passados 18 anos desde que a Rede Vida entrou no ar como a primeira
emissora católica de abrangência nacional, as emissoras já contam com
boa infraestrutura e empregam centenas de profissionais, mas lutam para
ampliar uma audiência estagnada em baixos índices.

TV Católica
Danilo Verpa/Folhapress
A insatisfação com os resultados tem levado a igreja a discutir uma
melhor estratégia para a TV e também para outros meios, incluindo as
redes sociais. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deve
aprovar neste ano um Diretório da Comunicação com parâmetros para o
setor e em discussão já há três anos. Hoje, apenas a igreja na Itália
tem documento semelhante.
Ao mesmo tempo, os principais canais de televisão católicos se preparam
para oficializar em julho, durante a Jornada Mundial da Juventude, a
Rede Católica de TV, com o objetivo de aumentar a colaboração entre si.
Para a especialista em comunicação e religião Magali Cunha, da
Universidade Metodista, o maior problema das TVs católicas é sua
incapacidade de criar uma programação atraente.
"Há uma transposição para a TV da linguagem da igreja. Já as pentecostais nasceram midiáticas", compara.
"Há uma transposição para a TV da linguagem da igreja. Já as pentecostais nasceram midiáticas", compara.
Cunha afirma que o canal mais bem-sucedido é a Canção Nova. Ligado à
Renovação Carismática, adota uma linguagem mais parecida à dos
evangélicos.
Editoria de Arte/Folhapress |
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CATÓLICOS NA TV Redes ampliam presença no país, mas ainda têm baixa audiência |
Ela lembra que os "padres cantores", também carismáticos, costumam atrair audiência nos programas dos quais participam.
Um deles, Reginaldo Manzotti, acaba de adotar uma estratégia comum entre
pastores evangélicos: com ajuda de patrocinadores, passou, há quatro
semanas, a transmitir seu programa "Evangeliza Show" aos domingos, na
Rede TV!, ao meio-dia.
"A ideia é tentar atingir um público que ainda não fez experiência com
Deus, um público diversificado. Eu uso o termo 'pescar em águas mais
profundas'. Ir adiante. Acho perigoso a gente pescar no aquário, falar
pro mesmo público, pra quem já tem feito a experiência de Deus", afirmou
Manzotti, em entrevista por telefone.
O padre, que mantém a TV Evangelizar, em Curitiba, e ganhou três discos
de ouro, ressalva que é "muito positivo dar sustentação à fé" via meios
católicos, mas se trata de um "público restrito".
Por outro lado, ele discorda que os programas evangélicos sirvam de exemplo.
"A linguagem não é tanto o modo de falar, é questão de conteúdo. Eu
poderia muito bem cair numa teologia da prosperidade, mas a Igreja
Católica não pode ir nesse caminho em que, se você der um Fusca pra
Deus, ele vai restituir com uma Mercedes."
Folha de São Paulo-28/04/2013
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