A música franciscana na Liturgia
Por Cleiton Robsonn.
“A música será tanto mais santa quanto
mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica”(SC 112)
A Liturgia é a fonte de vida e expressão celebrativa da comunidade
eclesial. Nela, homens e mulheres chegam ao mais alto patamar da
comunhão com Deus, quando a criatura, amada e redimida por seu Senhor,
dilata seu coração numa perene ação de graças, que se torna, por sua
vez, bendita escola de gratuidade. Por outro lado, as pessoas encontram
fundamentos para sua espiritualidade no Evangelho vivido por tantos
cristãos ao longo da história.
O canto tornou-se uma maneira privilegiada de toda a assembleia unir-se e
participar na ação litúrgica. A música realça as palavras, toca o
coração, nos abre ao mistério que celebramos; significa a festa que
celebramos e a gratuidade de um Cristo que se faz pão.
Se o nosso canto vem do Espírito, ele promove a libertação de tudo o que
não está de acordo com a verdade. Outra maneira de expressar isso é
afirmar que o canto renovado em Jesus Cristo tem força para renovar
também. Atinge os corações, anuncia o homem novo e denuncia por
contraste todas as manifestações do homem velho.
O canto constitui um sinal de alegria do coração (cf. At 2,46). Por
isso, dizia com razão Santo Agostinho: “Cantar é próprio de quem ama...
fazendo isso, ele rezará duas vezes.” (Sermo 336, 1: PL 38, 1472). É
justamente neste sentido que todas as nossas ações devem expressar o
que, de fato, somos: “imagem e semelhança de Deus”, ou seja, somos
capazes de manifestar esse amor de diversas formas, no nosso caso,
através da música.
Na espiritualidade franciscana e em São Francisco, vemos que ele, como
jocoso que era, manifestava os seus louvores ao Senhor através da música
– diga-se, de passagem, que quando estava feliz, cantava em francês,
como aprendera de sua mãe. Às vezes, querendo melhor louvar o Senhor,
pegava um pedaço de pau e deitava-o em seu braço, tendo no outro, um
arco de arame querendo fazer deles um violino que soava a harmonia
perfeita para o Criador (cf. 2C 127); bem como quando compôs o conhecido
“Cântico das Criaturas” ou “Cântico do irmão sol”, sempre se sentia
completamente tomado pelo Sumo Bem, que o levava a manifestar toda a
honra, através da prosa e da poesia (cf. Cant).
Seus biógrafos também narram momentos em que São Francisco sentia-se
triste, daí o Senhor mandava-lhe consolação. Esta se dava por uma
harmonia ainda não ouvida. Era a dos coros celestiais, isto é, dos
próprios anjos (cf. LM 5,11). Motivo este que nos leva a mais uma vez
comparar o trovador de Assis com o Cristo Jesus, pois, semelhante som
apenas tinha sido pelo próprio Jesus e seus pais, como nos diz a
tradição da Igreja, por ocasião dos seu nascimento.
Nosso maior desejo é que nos sintamos amados e agraciados pelo Senhor
por ter recebido tão grandes dons, como forma de manifestar o seu
infinito amor a cada um. Que atentos ao Espírito, sintonizados com Jesus
Cristo, no compasso da vida, afinados com a voz do Pai, sejamos
verdadeiros evangelizadores por meio da música! T
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.