Posted: 28 Dec 2012 11:03 AM PST
Evangelho: Lucas 2,41-52
41 Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa.
42 Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume.
43 Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.
44 Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos.
45 Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura.
46 Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas.
47 Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas.
48 Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse:
— “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”.
49 Jesus respondeu:
— “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?”
50 Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera.
51 Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.
52 E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.
QUE FAMÍLIA?
Pode dizer algo, ao homem e à mulher de hoje, o desejo de Deus de um crente do século onze? É permitido publicar sua oração num jornal de nossos dias? É uma provocação de mal gosto? Uma ingenuidade? Pode ser uma "chama" diferente para aqueles que buscam algo mais que bem-estar material? Eu duvidei antes de transcrever estes fragmentos da célebre oração de Anselmo de Cantuária [1033 a 1109]. Talvez sejam, para alguém, um "presente de Natal".
«Vamos lá, ó homem, deixa por um momento tuas ocupações habituais; entra um instante em ti mesmo, longe do tumulto de teus pensamentos. Lança fora de ti as preocupações paralisantes; afasta de ti as tuas inquietações laboriosas. Dedica algum tempo a Deus e descansa, apenas por um momento, em sua presença... Exclui tudo, exceto a Deus e ao que pode ajudar-te a buscá-lo...
Agora, diz a Deus: busco o teu rosto, Senhor, desejo ver teu rosto... Ensina ao meu coração onde e como buscar-te, onde e como encontrar-te... Se não estás aqui, onde te buscarei? Se estás por todo lugar, como não descubro a tua presença?... Jamais te vi, Senhor, Deus meu; não conheço o teu rosto.
O que fará este teu desterrado longe de ti? O que fará teu servidor, ansioso por teu amor e tão distante de teu rosto? Ele deseja ver-te, e o teu rosto está muito longe. Deseja aproximar-se de ti, e tua morada é inacessível. Arde de desejo de encontrar-te, e ignora onde vives. Não suspira mais que por ti, e jamais viu teu rosto...
Tu me criaste... e me concedeste todos os bens que possuo, e ainda não te conheço. Criaste-me para ver-te, e todavia, nada fiz daquilo para o qual fui criado...
Ensina-me a buscar-te e mostra-te a quem te busca porque não posso ir em tua busca a não ser que tu me ensines, e não posso encontrar-te se tu não te manifestas. Desejando te buscarei, buscando te desejarei, amando te encontrarei e encontrando-te te amarei».
Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.
Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Quarta-feira, 26 de dezembro de 2012 - 17h13 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php
41 Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa.
42 Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume.
43 Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.
44 Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos.
45 Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura.
46 Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas.
47 Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas.
48 Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse:
— “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”.
49 Jesus respondeu:
— “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?”
50 Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera.
51 Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.
52 E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.
JOSÉ ANTONIO PAGOLA
QUE FAMÍLIA?
Hoje
é o dia da família cristã. Uma festa estabelecida recentemente para que
os cristãos celebrem e aprofundem o que possa ser um projeto familiar
entendido e vivido a partir do espírito de Jesus.
Não basta defender, de maneira abstrata, o valor da família. Tampouco, é suficiente imaginar a vida familiar segundo o modelo da família de Nazaré, idealizada segundo a nossa concepção de família tradicional. Seguir Jesus pode exigir, às vezes, questionar e transformar esquemas e costumes muito arraigados em nós.
A família não é para Jesus algo absoluto e intocável. Mais ainda. Aquilo que é decisivo não é a família de sangue, mas essa grande família que nós, humanos, temos de ir construindo escutando o desejo do único Pai de todos. Inclusive os seus pais terão de aprendê-lo, não sem problemas e conflitos.
Segundo o relato de Lucas, os pais de Jesus o buscam aflitos, ao descobrir que abandonou-os sem preocupar-se com eles. Como pode agir assim? Sua mãe o repreende quando o encontra: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus os surpreende com uma resposta inesperada: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
Seus pais "não o compreenderam". Somente aprofundando em suas palavras e em seu comportamento diante de sua família descobriram, progressivamente, que, para Jesus, em primeiro lugar está a família humana: uma sociedade mais fraterna, justa e solidária, tal como Deus o quer.
Não podemos celebrar responsavelmente a festa de hoje sem escutar o desafio à nossa fé. Como são nossas famílias? Vivem comprometidas com uma sociedade melhor e mais humana ou fechadas exclusivamente em seus próprios interesses? Educam para a solidariedade, a busca da paz, a sensibilidade para com os necessitados, a compaixão, ou ensinam a viver para o bem-estar insaciável, o máximo lucro e o esquecimento dos demais?
O que está acontecendo em nossas casas? Cuida-se da fé, recorda-se Jesus Cristo, aprende-se a rezar, ou somente se transmite indiferença, incredulidade e vazio de Deus? Educa-se para viver segundo uma consciência moral responsável, sadia, coerente com a fé cristã, ou se favorece um estilo de vida superficial, sem metas nem ideais, sem critérios nem sentido último?
Não basta defender, de maneira abstrata, o valor da família. Tampouco, é suficiente imaginar a vida familiar segundo o modelo da família de Nazaré, idealizada segundo a nossa concepção de família tradicional. Seguir Jesus pode exigir, às vezes, questionar e transformar esquemas e costumes muito arraigados em nós.
A família não é para Jesus algo absoluto e intocável. Mais ainda. Aquilo que é decisivo não é a família de sangue, mas essa grande família que nós, humanos, temos de ir construindo escutando o desejo do único Pai de todos. Inclusive os seus pais terão de aprendê-lo, não sem problemas e conflitos.
Segundo o relato de Lucas, os pais de Jesus o buscam aflitos, ao descobrir que abandonou-os sem preocupar-se com eles. Como pode agir assim? Sua mãe o repreende quando o encontra: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus os surpreende com uma resposta inesperada: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
Seus pais "não o compreenderam". Somente aprofundando em suas palavras e em seu comportamento diante de sua família descobriram, progressivamente, que, para Jesus, em primeiro lugar está a família humana: uma sociedade mais fraterna, justa e solidária, tal como Deus o quer.
Não podemos celebrar responsavelmente a festa de hoje sem escutar o desafio à nossa fé. Como são nossas famílias? Vivem comprometidas com uma sociedade melhor e mais humana ou fechadas exclusivamente em seus próprios interesses? Educam para a solidariedade, a busca da paz, a sensibilidade para com os necessitados, a compaixão, ou ensinam a viver para o bem-estar insaciável, o máximo lucro e o esquecimento dos demais?
O que está acontecendo em nossas casas? Cuida-se da fé, recorda-se Jesus Cristo, aprende-se a rezar, ou somente se transmite indiferença, incredulidade e vazio de Deus? Educa-se para viver segundo uma consciência moral responsável, sadia, coerente com a fé cristã, ou se favorece um estilo de vida superficial, sem metas nem ideais, sem critérios nem sentido último?
UMA FAMÍLIA DIFERENTE
Pode dizer algo, ao homem e à mulher de hoje, o desejo de Deus de um crente do século onze? É permitido publicar sua oração num jornal de nossos dias? É uma provocação de mal gosto? Uma ingenuidade? Pode ser uma "chama" diferente para aqueles que buscam algo mais que bem-estar material? Eu duvidei antes de transcrever estes fragmentos da célebre oração de Anselmo de Cantuária [1033 a 1109]. Talvez sejam, para alguém, um "presente de Natal".
«Vamos lá, ó homem, deixa por um momento tuas ocupações habituais; entra um instante em ti mesmo, longe do tumulto de teus pensamentos. Lança fora de ti as preocupações paralisantes; afasta de ti as tuas inquietações laboriosas. Dedica algum tempo a Deus e descansa, apenas por um momento, em sua presença... Exclui tudo, exceto a Deus e ao que pode ajudar-te a buscá-lo...
Agora, diz a Deus: busco o teu rosto, Senhor, desejo ver teu rosto... Ensina ao meu coração onde e como buscar-te, onde e como encontrar-te... Se não estás aqui, onde te buscarei? Se estás por todo lugar, como não descubro a tua presença?... Jamais te vi, Senhor, Deus meu; não conheço o teu rosto.
O que fará este teu desterrado longe de ti? O que fará teu servidor, ansioso por teu amor e tão distante de teu rosto? Ele deseja ver-te, e o teu rosto está muito longe. Deseja aproximar-se de ti, e tua morada é inacessível. Arde de desejo de encontrar-te, e ignora onde vives. Não suspira mais que por ti, e jamais viu teu rosto...
Tu me criaste... e me concedeste todos os bens que possuo, e ainda não te conheço. Criaste-me para ver-te, e todavia, nada fiz daquilo para o qual fui criado...
Ensina-me a buscar-te e mostra-te a quem te busca porque não posso ir em tua busca a não ser que tu me ensines, e não posso encontrar-te se tu não te manifestas. Desejando te buscarei, buscando te desejarei, amando te encontrarei e encontrando-te te amarei».
Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.
Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Quarta-feira, 26 de dezembro de 2012 - 17h13 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php
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