Desde a fundação da Congregação do Santíssimo Redentor sentiu-se a necessidade de ter um selo com o qual garantir legalmente os documentos que deviam ser apresentados às autoridades civis ou religiosas para a aprovação do Instituto, de suas regras e das novas fundações. Para isto, Santo Afonso e seus primeiros companheiros escolheram alguns símbolos religiosos que, de alguma forma, indicavam a ideia ou finalidade do novo Instituto, acrescentando alguns elementos decorativos que seguiam, mais ou menos, as normas da heráldica.
A elaboração do selo demorou vários anos. Na Casa Anastasio, em Scala (Itália), há um grafito, atribuído ao Irmão Vito Curzio, que se considera como o primeiro escudo do Instituto. Na parede, ao lado do forno, vê-se a cruz sobre um monte, a lança, a esponja, uma escada, com a data 1738.
Dois anos depois da Assembléia de 1747 o selo da Congregação aparece no frontispício da segunda edição das Visitas ao Santísimo Sacramento, Nápoles 1749, e desde então tem sido considerado como escudo da Congregação.
Nunca houve uma explicação oficial dos elementos que constituem o selo ou escudo do Instituto. Os elementos simbólicos que o compõem representam a obra da redenção realizada por Jesus Cristo e que o Instituto deve anunciar sob a proteção de Maria. Daí a cruz sobre o monte com a lança e a esponja, os nomes de Jesus e de Maria, e a divisa Copiosa apud eum redemptio.
Na heráldica, um olho dentro de um triângulo equilátero é símbolo da Santíssima Trindade. Faltando aqui o triângulo, o olho pode ser interpretado também como o olhar misericordioso de Deus sobre a humanidade, a providência divina.
Podem-se considerar como elementos heráldicos, complementares ou decorativos, a coroa (de marquês) e o ramo de palmeira, ou de louro e de oliveira. A coroa sobre o escudo pode ser interpretada como a coroa de glória que se merece com a perseverança na vocação. E a mesma interpretação de triunfo e de prêmio pode ser dada à palma, oliveira ou louro. Os três cimos do monte não têm um valor simbólico especial; é o modo normal de representar um monte segundo as normas da heráldica.
Não sabemos o que levou S. Afonso e seus compaheiros a escolher os elementos que compõem o selo-escudo da Congregação. As atas da assembléia capitular de 1747, não fornecem nenhuna explicação. Os símbolos escolhidos se justificam por si mesmos como expressão da finalidade e da espiritualidade de um Instituto missionário que traz o nome do Santíssimo Salvador. Mas alguns biógrafos de S. Afonso consideram que de certa maneira influíram na elaboração do selo os fatos extraordinários que aconteceram em Scala durante a exposição do Santíssimo Sacramento, especialmente no tríduo que antecedeu a fundação do Instituto a 9 de novembro de 1732. As testemunhas afirmam ter visto na hóstia uma cruz negra, ou de cor escura, sobre um monte, e os instrumentos da paixão; e vários falam de uma ou mais estrelas, e de uma coisa branca, como uma nuvem. S. Afonso diz que ele viu "uma cruz de cor escura, e lhe pareceu ver uma nuvenzinha como uma estrela que era mais branca que as espéciessacramentais e que estava ao lado da cruz, a qual era de cor escura".
Copiosa apud eum redemptio
Como divisa do selo, Mons. Falcoia, em 1736, havia proposto Jer 1,11: Virgam vigilantem ego video. S. Afonso preferiu o salmo 129,7: Copiosa apud eum redemptio. Repetidas vezes S. Afonso usa em seus escritos estas palavras do salmo, sempre com a intenção declarada de estimular a confiança do pecador na misericórdia infinita de Deus, pois, por meio de Jesus Cristo, com a obra da redenção, demonstrou seu imenso amor a todos os homens ao perdoar nossos pecados e fazer-nos filhos seus. A redenção é a prova de que Deus nos ama e usa de misericórdia para conosco, porque nos perdoa e nos cumula de bens.
Em seu livro Tradução dos salmos e dos cânticos do Oficio Divino, na introdução ao salmo 129, S. Afonso indica o sentido fundamental deste salmo como expressão da confiança do pecador na misericórdia divina por meio de Jesus Cristo: "Neste salmo consideram-se os judeus antes da libertação da escravidão de Babilônia. Serve, portanto, para todo pecador que, oprimido pelo peso de seus pecados, pede a Deus socorro".
E o versículo 7 S. Afonso o comenta assim: "Aqui o profeta indica o fundamento de todas as nossas esperanças, que é o sangue de Cristo, com o qual havia de redimir o gênero humano. Por isso diz: porque a misericórdia de Deus é infinita, bem pode ele redimir-nos de todos os nossos males com abundantes auxílios".
Neste mesmo sentido se expressa o Papa João Paulo II em suas mensagens aos Redentoristas. Por ocasião do segundo centenário da morte de S. Afonso (1987), o Papa convidava os Redentoristas a falar em todas as suas atividades apostólicas "de Deus Pai, que é 'rico em misericórdia', e da 'copiosa' redenção de Cristo, Redentor do homem".


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