O Santo Padre descreve Nossa Senhora, nessa encíclica, com três características muito significativas:
a) Nossa Senhora foi “aquela que acreditou”; aquela que abraçou a fé; aquela que creu em Cristo, por isso mesmo a primeira que entrou na Igreja; pode-se dizer o primeiro membro vivo da Igreja.
b) Nossa Senhora é “aquela que está a caminho”, isto é, a caminho da prática da fé, a caminho da salvação eterna e definitiva. O texto em que Lucas diz que “Maria se pôs a caminho[...] dirigindo-se apressadamente à casa de Isabel” (Lc 1, 39), o Papa faz dele uma transposição para dizer-nos que Nossa Senhora estava sempre a caminho, isto é, a caminho da fé, naqueles primórdios da vida de Jesus, até o Calvário. Foi uma caminhada que ela fez de Nazaré até o Gólgota, crendo, acompanhando Jesus, unida a Ele.
Maria, agora, caminha com a Igreja. A Igreja, novo Cristo que nasceu do Calvário, tem um caminho longo a percorrer, também caminho de fé, igual ao de Maria, em que cada um de nós é servo como Maria, em que cada um deve aceitar Cristo como Maria o aceitou.
c) João Paulo II abre-nos uma terceira perspectiva sobre Nossa Senhora: sua mediação. Está escrito no apóstolo Paulo que “existe um só mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2, 5-6). Isso é verdade teológica. Mas vamos ler o texto completo de Paulo: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, que se deu em resgate de muitos”(1Tm 2,5-6).
Lido assim todo o texto vê-se que o acentuado está na palavra homem. Só enquanto Deus, Jesus não seria mediador — observa São Tomás de Aquino. É enquanto Homem-Deus que Ele medeia entre Deus e os homens. “Há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo-Homem”. Então Maria está incluída nessa mediação de Cristo. Há uma única mediação de Cristo. Do Cristo que nasceu de Maria. Não devemos negar, conseqüentemente, sua mediação, unida à de Jesus Cristo.
Igreja e Eucaristia são inseparáveis. Não há Igreja sem Eucaristia, porque não há Igreja sem culto, não há Igreja sem sacrifício de Jesus que se renova, como não há Igreja sem encarnação de Jesus que se prolonga no tempo. A peregrinação da Igreja, ao longo dos séculos, se faz com a Eucaristia e pela Eucaristia, e com Maria, assunta ao céu, isto é, inseparável da mediação de Maria no céu.
O teólogo René Laurentin, resume assim o pensamento dos Santos Padres e de outros teólogos:
1º) A participação de Maria no mistério da Eucaristia corresponde, em primeiro lugar à participação que ela teve na Encarnação do Verbo de Deus. O Corpo que recebemos na Hóstia é o mesmo corpo daquele que nasceu de Maria. Esse corpo, nascido de uma mulher é o Corpo de Deus!
2º) A participação de Maria no mistério do Santo Sacrifício corresponde à sua participação no sacrifício da cruz, comemorado, tornado presente, aplicado. A presença de Maria junto à missa corresponde à sua presença no Calvário. Como conseqüência, é certa a universal intercessão de Maria junto ao Santo Sacrifício.
3º) As ligações de Maria com a Eucaristia se prendem, enfim, ao fato de que a Mãe de Deus participou na fração do pão na Igreja de Pentecostes. Ela é o modelo mais perfeito e mais concreto da comunhão do Corpo de Cristo.
4º) A Igreja, povo de Deus que está a caminho, vive da Eucaristia e pela Eucaristia, fruto do seio virginal de Maria e estritamente unida à sua oblação materna no Calvário. Por isso, é impossível, ou pelo menos inconveniente, separar o culto da Eucaristia do culto de Maria. Diante dos avanços da doutrina mariológica, sintetizar em apenas quatro itens a participação de Maria Santíssima na Eucaristia nos parece até insuficiente. Cada vez mais devemos enfatizar, na caminhada de fé do povo de Deus, estes dois mistérios vitais para a Igreja: junto da Eucaristia.
Fonte: site Santuário N. S. P. Socorro
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