Uma vez redentorista, sempre redentorista!
Antecedendo o Dia das Mães, envio alguns tópicos da vida de minha Família, evidenciando os trabalhos e qualidades de minha mãe. Minha intenção é que todos se recordem de suas mães e de tópicos do acontecido em suas casas.
163 - Dotes da mamãe II
Nas festas tomava conta de tudo, inclusive fazendo toda a comida -administradora.
Mamãe nunca gostou muito de cachorro, embora tenha tido um, peludo, que era seu xodó. Respeitava os gatos de papai - educação.
Se uma árvore frutífera dava frutos, ou os comprados, o primeiro que amadurecia, ou o melhor, era de papai - o último também. Todos nós respeitávamos.
Quando chegava algum brinquedo na loja, papai dava um para cada filho - era só pedir - quando a gente chegava à casa mamãe dizia: “Meia volta a volver!”Pesava o que podia e o que não podia.
Não deixava empregada servir comida para nós.
Costurava para todos nós e ainda fazia camisas, calções (cuecas) e embornais para a loja. Aproveitava amostras e retalhos de pano da loja. Houve uma época em que terceirizava com algumas costureiras - economista. Quando eu morava no Rio, reclamou que eu não mais vestia as camisas que ela costurava.
Ia às missas todos os dias - religiosa.
Nenhum irmão mais velho mandava nos mais novos - nem avós, nem tias e nem outros parentes - quem mandava lá em casa era papai e ela - autoridade.
A casa tinha piso de tábuas largas, lavadas todos os dias -passava-se "pano molhado". Quantas e quantas vezes fiz isso, com água buscada no Rio Piracicaba.
Apesar das dificuldades de água, a casa era impecavelmente limpa e nossas roupas também; andávamos numa linha! - Vaidosa.
Foi a primeira professora da região - 23 alunos. Dona Mariana foi nomeada, mas estava nos últimos meses de gravidez e não podia dar as aulas - mamãe substituiu-a - Professora.
Deuzinha, filha, a primeira pessoa da região a terminar o científico e o curso superior. Estudávamos em ótimos colégios - os melhores de MG - mamãe fazia questão e lutava para isso - De olho no futuro.
Quase toda semana papai e mamãe batizavam uma ou mais crianças - tinham que dar o enxoval - azul para meninos, rosa ou amarelo para as meninas e brancos para os dois sexos. Mamãe normalmente fazia os enxovais - Amizade.
A cabeceira da mesa era sempre de papai. Um dia ele reclamou: fica longe de tudo. Mamãe colocava-o no meio da mesa.
Aos domingos tínhamos macarronada, numa travessa grande, com queijo parmesão por cima - papai tomava vinho e todos nós ficávamos lhe pedindo. Acabava colocando um pouquinho de vinho na água da gente e a gente tomava com uma satisfação!
Muita gente pensava que quem mandava em casa era papai. Um dia mamãe explicou:
- O Zé Franco, assim ela falava seu nome, é muito educado. Quando falo, exijo ou brigo por algo, ele se cala. Depois vem e diz: Naná, poderia ser assim ou assim ou assado... se tirássemos isso ou colocássemos aquilo... acho que ficaria melhor. E assim sua vontade era sempre realizada - sua educação vencia! Reconhecimento.
Mamãe dizia, nas últimas décadas de vida, que não teria muitos filhos. Achava que os filhos poderiam ter tido mais atenção dela e que poderiam ter sido criados com mais fartura e conforto.
Toda vida gostou do imenso quintal bem limpo. Mandava apanhar todas as folhas caídas e jogá-las no lixo. Com o tempo o quintal foi ficando nivelado abaixo da rua.
Gostava de ter galinhas em casa - dava ovos para os filhos, com muita satisfação. Papai dizia:- Eta ovos caros! Seriam muito mais baratos se comprados nas lojas. Tenho certeza que ela sabia disso... Mas gostava das galinhas e de presentear os filhos.
Super organizada, tinha lugar para tudo. Capaz de, ausente, indicar o lugar exato de cada coisa na casa.
Quando os netos e filhos deixavam algo, ela guardava em plásticos transparentes e com o nome de quem era. Uma vez lhe falei que não entendia como conseguia saber de quem era cada peça de roupa. Até lhe perguntei se levantava as saias das meninas para saber qual calcinha usavam - ela riu muito - Minúcias.
Mamãe tinha algumas expressões só dela:
- “Fulano agiu dessa forma, cujo ficou prejudicado...”. Mas acho que era de Família, pois já ouvi uma tia e uma prima falar a mesma coisa. Outro dia ouvi de uma sobrinha dela o mesmo "cujo" usado exatamente igual.
Sabia tudo de medicina e sarava não só os filhos, mas também os vizinhos e conhecidos – uma pediatra de mão cheia. Dava banho e curava os umbigos dos recém-nascidos da vizinhança, das amigas e dos parentes mais próximos.
A preocupação com o alimento da família tinha muito de uma nutricionista. Como se falava que para ficar forte a pessoa tinha que comer muito tutano, de quando em vez ela pedia ossos nos açougues, retirava o tutano para uma deliciosa sopa.
Sua doença foi longa e sofrida - pelo menos eu e meus irmãos nunca a vimos reclamar.
Ave Maria!
Benedito Franco
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Sua participação é muito importante para nós. Deixe seu e-mail para podermos lhe contatar.