
Dom, 23 de Novembro de 2008 03:05
Quando, no dia 23 de novembro de 1961 faleceu Pe. Pelágio na Santa Casa de Goiânia, a notícia de sua morte espalhou-se pela capital e arredores como um rastilho de pólvora.
A Câmara Municipal estava em sessão quando chegou a notícia do seu falecimento. Os vereadores interromperam imediatamente a sessão e prepararam uma nota de condolências. Nisto exclamou um deles: "Goiás perdeu um dos seus filhos mais ilustres". O governo estadual decretou luto oficial de três dias.
O corpo do Pe. Pelágio foi transportado para igreja matriz a fim de ser velado. O senhor arcebispo foi um dos primeiros a expressar sua veneração.
Dia 24 à tarde, após a missa exequial, começou a procissão fúnebre que se transformou num cortejo triunfal. Cerca de quarenta mil pessoas, entre elas o governador de Goiás e o representante do Ministro da Justiça vindo de Brasília, acompanharam o féretro. Os que o carregavam, deviam conservá-lo bem alto nas pontas dos dedos para ser visto por todos, e para que os enfeites e flores não fossem retirados pelo povo como relíquias.
O BRASIL ME CHAMA
Quem foi esse padre do qual o povo se despediu de maneira tão emocionante?
Pe. Pelágio nasceu 10 DE SETEMBRO DE 1878 em Hausen am Tann (Württemberg, Balingen). Proveio de uma família numerosa. Dos 15 irmãos, dois meninos tornaram-se redentoristas: Pelágio e Gaspar. Já bem cedo seus caminhos se dividiram: Pe. Gaspar ficou na Alemanha e Pe. Pelágio veio para o Brasil.
Desde que, em 1894, os Redentoristas do Sul da Alemanha assumiram a Missão no Brasil, para os seminaristas alemães a palavra "Brasil" tinha um som mágico. Mais de um sonhava em vir para cá. Sim, porque aqui havia ainda um trabalho pioneiro para se fazer: igrejas para construir, núcleos e fazendas para visitar, crianças, jovens e adultos para catequizar, batizar e casar. O padre passava semanas inteiras viajando a cavalo, de fazenda em fazenda.
Mas não era tudo sem perigo naquele sertão goiano. Havia serpentes venenosas e nenhum soro contra picadas. Vários de nossos padres entregaram-se à tarefa perigosa de capturar serpentes; pois do veneno delas se podia obter o precioso soro salvador. Os PP. Inácio Hertl e Sebastião ficaram famosos como capturadores de serpentes.
Outros perigos espreitavam os missionários. Um ano antes do Pe. Pelágio chegar, um anticlerical exaltado atirou mortalmente no mártir Pe. João Schaumberger. Foi na Penha de São Paulo.
Os perigos, porém, não intimidavam os jovens missionários. O Brasil, com sua falta de padres, chamava por eles. Pe. Pelágio foi um deles. Dia 4 de agosto de 1909 o navio aportava no Rio de Janeiro. Nunca mais ele visitou sua pátria alemã, nem seu risonho irmão Pe. Gaspar, que morreu com apenas 37 anos, nem mais ninguém da família.
TRINDADE: SEU CAMPO DE TRABALHO
Primeiramente trabalhou dois anos no Estado de São Paulo. Contudo, veio logo para o interior de Goiás. Após fatigante trabalho missionário em diversas localidades, tornou-se vigário cooperador de Trindade, mas dependendo do seu pároco de Campininhas. Como tal, cuidou do Santuário do "Divino Pai Eterno", para cuja festa vêm romeiros de toda a parte.
Pe. Pelágio passou logo a ser estimado por todos. Ele conhecia todo o mundo, quer de perto ou de longe, e todos o conheciam. Cuidava como um pai, dos que lhe foram confiados. Por isso o povo de Trindade costumava dizer: "Logo depois do Divino Pai Eterno vem o Pe. Pelágio". Para o povo simples os termos "Padre" e "Pelágio" significavam uma coisa só. Quando chegava algum redentorista novo o povo dizia: "Chegou outro Pelaginho".
Apesar das muitas privações, inevitáveis no interior do Brasil, ele arraigou-se tão profundamente com o povo e a terra, que sentia-se inteiramente em casa.
CONFORTO DOS DOENTES
Em 1946 foi transferido para Aparecida em São Paulo. Mas ficou doente de tanta saudade, tendo que voltar depois de poucos meses, para Goiás, onde estava o seu coração. O povo o recebeu entusiasticamente.
Dedicou-se depois, especialmente aos pobres e doentes. Só em 1960, com a idade de 82 anos, atendeu mais de 500 enfermos. Contam-se casos de muitas conversões e curas prodigiosas, atribuídas a ele.
A veneração do povo por ele foi crescendo sempre mais. Por isso não é de se admirar se sua morte e seus funerais provocaram tanta emoção e participação.
CAUSA DA BEATIFICAÇÃO
Dia 23 de novembro de 1998, exatamente doze anos atrás, foi instaurada a Causa de sua beatificação pelo então arcebispo de Goiânia, Dom Antonio Ribeiro de Oliveira. O Arcebispo atual de Goiânia Dom Washington Cruz continua acompanhando essa Causa com entusiasmo e esperança.
Toda a documentação já está na Sagrada Congregação dos Santos em Roma. Cabe-nos rezar e aguardar com fé.

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