PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR |
RELEMBRANDO EVA LAVALIERE
A infância da grande atriz Eve Lavallière foi trágica. Seu pai, operário, jogador, beberrão, mulherengo, mau-caráter e aventureiro, assassinou a esposa a tiros, sob os olhos da filhinha, que se refugiou numa varanda, escapando ao massacre com dificuldade, enquanto o pai se suicidava. Mas tudo isso pertencia ao passado. Com o tempo, o sucesso conquistou a jovem e, à época, ela poderia até dizer: "Eu não sei mais o que é sentir frio", tão refinado era o fausto em que vivia. Seu apartamento luxuoso, com móveis em negro e ouro, a sala de banho com piscina, o quarto de dormir feérico e os mármores da sala de jantar eram célebres em Paris.
Felizmente, mesmo em seus desvarios, Eve Lavallière não esquecerá a Santíssima Virgem, levando sua medalha ao pescoço, até o último suspiro. E, no dia seguinte de cada um de seus sucessos, Eve envia, regularmente, flores à Mãe de Deus. Certa vez, em 1917, estando de férias no castelo que havia alugado, ouve a pregação de um sacerdote do campo. A grande atriz debocha do Padre, que não nasceu com o talento da oratória que ela própria possuía. Porém, oito dias mais tarde, ei-la vencida, derrubada, por Jesus Cristo.
Após a sua conversão, a mulher passa dezessete meses em Lourdes, aos pés da Virgem Imaculada, refúgio dos pecadores. Ela, que sempre fora elegantíssima, veste-se como se fosse uma humilde pensionária. Ela, a ricaça, se habituaria à vida de pobreza, carregando consigo, apenas, uma mala e duas pequenas valises. Eve encontrou Cristo e se dirige a Ele como uma pobre pecadora se dirige ao homem que a arrancaria da miséria.
Ela, a grande sedutora e namoradeira, ama, a partir de então, a Jesus Cristo e faz para Ele o que jamais fizera para homem algum. Ela, sempre saudável, ficará doente: Um dia tiveram que lhe costurar a pálpebra do olho esquerdo a sangue frio, sem anestesia... "Tenho sede de chegar no Céu, de ver Jesus", dirá ela. Habituada à vida dos palácios e castelos, Eve iria, voluntariamente, conhecer a habitação comunitária do hospital. Ela, manchete de todos os grandes jornais, pouco a pouco, fará com que todos a esqueçam.
Contudo, bastará uma só palavra para que ela se torne rica e assediada.
Um jornalista americano vem ao seu encontro: "Eis aqui um cheque em branco em seu nome. Coloque nele a soma que a senhora desejar e dite algumas de suas lembranças," diz ele. Eve responde : "Minha alma não está à venda." Não obstante, ela não tem mais nada, a não ser a sua fiel amiga, Léonie, tão pobre quanto ela. Eve morre no dia 10 de julho de 1929, fiel àquele Cristo, descoberto doze anos atrás.
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