PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
715. O amor que é vida
Como é bom saber que tantos irmãos nossos vivem uma vida de dedicação que impressiona. O evangelho educa suas vidas. Vivem com seriedade e competência os entraves da vida! Na Angola conheci o Sr. Serafim, negro, que trabalhara com os brancos numa boa posição. Quando veio o comunismo ele perdeu o emprego porque não quis se fazer comunista para viver bem. Assim lutou para viver. Foi morto acudindo um amigo que fora atingido por uma bomba. Era o tipo do homem íntegro. Assim encontramos tantos. O que faz a vida chegar a essa plenitude é o amor serviço. Quanta dedicação! O trabalho é um emprego para viver, mas a vida que se coloca nele para levar adiante uma família e a sociedade está acima do simples trabalho para ganhar. O fundamental da vida espiritual do leigo é colocar o amor em sua vida. Isso é a verdadeira religião. O amor dá consistência e valor ao serviço. O emprego não é uma troca de trabalho pelo pagamento. O trabalho no emprego é serviço aos irmãos. Dinheiro não paga o que se faz e o amor com que se faz. Há muitos modos de prestar serviço. Além do trabalho são capazes de se dedicarem em atividades na sociedade e na Igreja. Há tanta gente necessitada de um auxílio, nem que seja uma conversa. O cristianismo se desenvolve muito no meio dos humildes, pois a tentação do ganho pelo ganho ou pior, tentação do acúmulo pode ferir o serviço do amor. Temos diante de nós a vida do cristão humilde e trabalhador e do cristão que tem posses e vive bem. Pena que os que possuem bens, se deixam levar pelos esquemas pecaminosos e opressores da sociedade de consumo. Alia-se ao mundo inimigo de Deus. Não podemos acender uma vela para Deus e outra para o diabo (Mt 6,24). Assim se perde a sabedoria de comprar o Reino com o dinheiro da iniqüidade (Mt 16, 9-12).
716. Caridade na verdade
A coerência com o evangelho orienta a vida nas relações na sociedade. A mentira, a falsidade e as atitudes mundanas não se sustentam dentro da vida do cristão. Os negócios devem ser feitos na verdade. Não se justifica a vida opulenta adquirida pelo roubo. O cristão não tem que mentir para subir na vida, mesmo que o esquema exija. Não vale a pena o sofrimento que a consciência passa após a mentira. Pior ainda é acostumar-se com ela e justificar-se. Jesus disse: “Eu sou a verdade”. Os importantes diziam: “Mestre, sabemos que és verdadeiro, e que ensinas segundo a verdade o caminho de Deus. Não dás preferência a ninguém, porque não consideras o homem pela aparência” (Mt 22,16). É triste ver cristãos envolvidos em golpes políticos, econômicos, sociais... mesmo tendo estudado em colégios de padres ou irmãs. Que formação para a verdade foi dada!
717.Compartilhar as experiências
Um modo de fortalecer a vida cristã é a vida de comunidade na qual compartilhamos a fé, a caridade a verdade e a santidade. Necessitamos do apoio do padre, mas também dos companheiros de fé. Por isso há necessidade de formação de grupos de reflexão, de oração, de partilha de vida, de comunhão de experiências espirituais. Podemos ter um pai espiritual, mas precisamos também do amigo espiritual. A vida espiritual se realiza na verdade da amizade, pois aí é amor atuante. Religião não se discute, se partilha. Se formos capazes de compartilhar com amigos de fé, nossa vida espiritual, seremos homens e mulheres da verdade e do amor.
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