PADRE RAFAEL VIEIRA CSsR |
Encontros significativos com o Papa mais popular dos últimos séculos e que chega ao primeiro estagio da honra dos altares pelo odor de santidade que inebria o mundo inteiro
Ele foi beatificado no dia 1. de maio. Em 1991, durante meu primeiro ano de estudos em Roma, no auge de seu ministério pontifical, recebemos a visita dele em nossa casa da Via Merulana. Pe. Juan Maria Lasso de La Veja, simpático Padre Geral dos redentoristas naquele tempo percorreu com ele a enorme fileira de confrades dizendo ao Papa o nosso nome e qual era a nossa origem. Eu estava ao lado Peter, um vietnamita com cidadania norte-americana e que já deixou o ministério. João Paulo II criava um verdadeiro redemoinho de emoções por onde passava e eu fiquei profundamente impressionado em ver o modo como ele lidava com grandes grupos. Claro que eu tinha ainda muito vivas na memória as imagens da primeira visita que ele fizera ao Brasil em 1980, mas era muito diferente encará-lo na sala de visitas.
No começo de maio do ano 2000, quando a Igreja celebrava o jubileu de dois milênios do nascimento de Cristo eu tive a honra de contar uma história a ele. Na época, eu coordenava os trabalhos dos redentoristas no Centro de Pastoral Popular. A novena do Natal em Família, grande contribuição da congregação para o conjunto das dioceses de todo o Brasil há mais de 40 anos, havia promovido no ano de 1999 uma campanha de arrecadação de assinaturas de apoio ao Papa ao pedido de perdão que ele iria fazer pelos pecados da Igreja no correr da história. Fomos surpreendidos com a chegada de um milhão de assinaturas à sede da nossa obra, em Brasília. Fiz um volume simbólico desse material todo e parti para Roma. Por meio da preciosa ajuda do Pe. Ronoaldo Pelaquin, então diretor do programa brasileiro da Rádio do Papa, o Vaticano me concedeu a permissão de entregar pessoalmente a Joao Paulo II aquele volume branco com a marca da nossa Província.
Eu contei ao Papa que um milhão de brasileiros, cheios de boa vontade, assinaram listas enormes passadas de mão em mão pelos grupos do Natal em Família e apoiavam sua sábia decisão penitencial no ano jubilar. Grupos de famílias de todos os estados do Brasil. Falei rapidamente porque não me deram muito tempo. Ele, já debilitado, olhou para mim com muita atenção enquanto eu falava, mas não me disse nada. Mas estendeu a mão e me deu uma bênção especial. Levantei-me com a sensação de que havia feito uma experiência rara e dei a conhecer ao Pastor universal da Igreja o fruto de um trabalho missionário importante composto por famílias que tem o costume de rezar acompanhadas pelos subsídios populares produzidos pelos redentoristas. Elas fazem uso de uma novena que foi criada no final da década de 1960 por dois missionários corajosos da Província de São Paulo e, posteriormente, produzida e distribuída pelos redentoristas de Goiás. Novena que conquistou de tal maneira os brasileiros que hoje em dia quase todas as editoras católicas, a CNBB, dioceses e até paróquias e padres fazem algo semelhante e distribuem pelo Brasil afora.
Em abril de 2005, quando eu já servia à minha Província coordenando os trabalhos da Rádio Difusora, recebi uma incumbência especial de três pessoas pelas quais tenho muito respeito e gratidão: Ir. Helena Corazza, Pe. César Moreira e o saudoso José Clair Brezolin. Eles me enviaram para fazer a cobertura jornalística dos funerais de João Paulo II para a Rede Católica de Radio. Fui testemunha de um evento genuinamente planetário. Entrei na famosa fila de quilômetros que foi formada para aguardar o momento de ver o corpo do Papa. Estive no meio da multidão que rezou, sem estardalhaço, naqueles dias nos quais o mundo se despedia de um pontificado cheio de entusiasmo, força evangelizadora e brilho de santidade de um polonês que mudou, definitivamente, a história da Igreja. Bem-aventurado, Joao Paulo II, rogai por nós!
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